Lugar ao sol
Entre os mitos que proliferam no Brasil desde que os consumidores passaram a aprimorar o gosto por vinhos de qualidade, e os importados passaram a bater recordes de venda, o mais comum é a afirmação de que a bebida feita com uvas combina apenas com o inverno — embora costumem consumir nessa época, como manda a tradição, muito champanhe, espumantes e brancos de maior corpo, bebidas que costumam ser servidas geladas. “Saborear vinho tinto no verão não é pecado, especialmente quando se está a bordo de um barco, naquele clima de descontração”, defende o consultor de vinhos da importadora Porto a Porto, Flávio Bin. Existem bons vinhos rosés e até alguns tintos que vão muito bem também no calor e harmonizam maravilhosamente com pratos servidos na estação mais quente do ano. “Onde o vinho não é apreciado não é o frio que falta, é a cultura”, completa. Veja as dicas do especialista.
Tintos – A bebida consumida por milhões de pessoas todos os dias harmoniza maravilhosamente com alguns peixes grelhados, de sabor mais acentuado, como o salmão. O segredo é a escolha de vinhos com taninos mais leves delicados, de teor alcoólico reduzido, produzidos com a uva pinot noir, como o argentino Nieto Senetiner, de Mendoza, e o francês Chauvot-Labaume, da Borgonha, para ficar apenas em dois exemplos de tintos apropriados para ser bebidos resfriados, numa temperatura um pouco abaixo da normal (em torno de 13° a 16°).
Rosés – Outro que reclama o seu lugar ao sol é o vinho rosé. Em alta no Brasil, este tipo de bebida sempre teve prestígio na Europa. “É um vinho interessante porque reúne um pouco do tanino dos tintos e a acidez dos brancos. Pode acompanhar peixes, crustáceos, uma paella espanhola e, às vezes, até uma carne mal passada”, explica Flávio. Uma boa pedida é o francês Le Rosé de Floridene, de Bordeaux.
Brancos – Tradicionalmente associados ao verão, têm como opção interessante o famoso vinho verde português, produzido com a uva Alvarinho, que resulta em um branco mais encorpado. “É um curinga para se ter no barco. Vai bem com peixes e frutos do mar de maneira geral e até com peixes mais gordurosos, como o bacalhau”, defende Flávio. Mas também pode ser apreciado sem acompanhamento algum, porque é super-refrescante. Boas marcas? Varanda do Conde e Portal do Fidalgo. Já para harmonizar com ostras, a pedida é ter a bordo algumas garrafas de Chablis, o famoso vinho branco da Borgonha.
Champanhes e espumantes – A bebida borbulhante vai muito bem com ostras e caviar, além de peixes e frutos do mar em geral. “O caviar forma um par perfeito com os vinhos espumantes em geral, mas em especial com champanhes mais encorpados e complexos, de safras mais antigas, como o Deutz, por exemplo, que se caracteriza pela boa acidez e pelo excelente frescor”, ensina Flavio. “Já as ostras vão bem tanto com espumantes mais leves, como o espanhol Cava Don Román Brut, quanto como com os mais encorpados, como o português 3B Rose Brut, da vinícola Filipa Pato, excelente também para acompanhar peixes, frutos do mar e até carne de leitão assada — este, um clássico em Portugal.
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