O que fazer se o motor do barco estiver poluindo mais que gerando desempenho?
Poucas coisas incomodam mais em um barco a motor do que a fumaça que sai do próprio motor. Quem, por exemplo, estiver sentado na popa dificilmente escapará dela, por causa do chamado “efeito vagão”, um incômodo fenômeno, que faz com que a fumaça fique rondando a plataforma de popa, com o barco em movimento, por conta da turbulência causada pelo vento.
Só mesmo barcos com escapamentos submersos ou nas alhetas — e não no espelho de popa —, escapam disso. Pior ainda é quando a lancha dá marcha ré. Daí não tem jeito. É fumaça na cara mesmo.
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Felizmente, nem toda fumaça é prejudicial à saúde — tanto humana quanto do motor. Mesmo assim, se o seu motor estiver “fumando” mais que o habitual, alguns reparos são obrigatórios.
Mas, fique atento: a rigor, apenas os motores dois ou quatro tempos alimentados por carburador, os de dois tempos com injeção eletrônica e os a diesel com injeção mecânica costumam emitir alguma fumaça.
Por outro lado, os motores a diesel com injeção eletrônica, os dois tempos com injeção direta e de quatro tempos com injeção eletrônica não costumam gerar fumaças.
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No entanto, se isso acontecer, pode ser sinal de falha na ignição (como velas e cabos aterrados), deficiência ou falha na lubrificação, filtro de ar sujo, bicos injetores desajustados ou, no caso dos de dois tempos, excesso de óleo no cano de descarga.
Portanto, se não quiser enfrentar problemas maiores, o jeito é checar, periodicamente, o que o seu motor anda expelindo. Ao lado, algumas dicas para atenuar o problema.
Os motores mais problemáticos e o que você pode fazer para tentar contornar:
1. Motores carburados ou com injeção eletrônica (2T)
Motores dois tempos com alguma fumaça é normal, porque a mistura do combustível com o óleo lubrificante não é totalmente queimada na combustão.
Trata-se de uma característica (ou um defeito…) de todos os motores do gênero — a mistura é injetada na câmara de combustão ainda com a janela de escape aberta, permitindo assim que parte dela seja lançada na descarga antes de ser queimada.
Mas há outros fatores que aumentam a fumaça, como a temperatura do motor: se ela estiver muito alta ou baixa, a mistura ar/combustível não será adequada.
Excesso de óleo dois tempos também gera fumaça: o ideal é 1 litro para cada 50 de combustível. Nos motores com carburadores, convém ainda checar o nível da boia, que não pode estar baixa, os gigles, que precisam estar dentro da especificação, o afogador e o sistema de ignição.
De qualquer forma, motores com injeção eletrônica fazem menos fumaça que os convencionais.
2. Motores carburados (4T)
Se este tipo de motor não estiver bem regulado, pode haver a liberação de uma fumacinha meio azulada.
A situação piora se os anéis dos pistões estiverem gastos, por causa da presença do óleo lubrificante na câmara de combustão. Neste caso, o é jeito é trocar os anéis.
3. Motores mecânicos (Diesel)
Primeiro, veja se não há excesso de peso a bordo, se o turbo compressor está com a pressão correta, se o motor está trabalhando na temperatura ideal, se o passo do hélice está correto (não pode ser longo demais…), se os filtros não estão entupidos, se os bicos e a bomba estão regulados e até se o casco está limpo. Estes detalhes costumam ser grandes causadores do excesso de fumaça.
Que fumaça é essa?
Existem, basicamente, três tipos de fumaça. E dá para identificar muitas coisas pela cor.
1. Branca
Acontece quando há acúmulo de água no sistema de escapamento e é mais frequente no inverno, por causa do frio e da maior umidade. Não se preocupe:
é inofensiva e acaba rápido.
2. Cinza
Acontece normalmente quando o carburador dos motores a gasolina não está bem regulado. Com isso, o desempenho cai e o consumo aumenta bastante. Já nos motores a diesel, a fumaça cinza indica que os anéis de vedação do cilindro podem estar pra lá de gastos.
3. Preta
Nos motores quatro tempos a gasolina, acontece geralmente devido a alguma deficiência ou falha na vedação do cilindro, o que acaba queimando óleo lubrificante. Já nos motores a diesel, a fumaça aparece se ele estiver bastante desregulado ou com os bicos injetores desajustados.
Monóxido de carbono: não, não é fumaça. É pior do que isso!
Existe um tipo de fumaça que não é visível, mas é ainda mais perigosa para os usuários de barcos a motor: o monóxido de carbono, ou CO — que, no entanto, por ser incolor, inodoro e insípido, não pode ser considerado tecnicamente como uma “fumaça”.
Mas, por isso mesmo, é ainda mais daninho à saúde, já que não pode ser sentido. Ele é gerado por todos os tipos de motores, mas as séries mais modernas contam com níveis de emissão bem mais baixos, tanto por modernização dos equipamentos quanto pelo atendimento a normas ambientais mais rígidas.
Por isso, convém evitar a proximidade excessiva das pessoas com os motores, bem como ficar parado no píer por muito tempo com os motores ou geradores ligados ou mesmo pescar corricando com o vento a favor.
Você pode não sentir nada, mas onde tem motor sempre tem, também, monóxido de carbono. Fuja dele. Mesmo não o vendo.
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