Inclusão: venezuelano foi de pintor a líder em um dos maiores estaleiros do Brasil

Jioscarlos Josue, de 29 anos, foi um dos 71 imigrantes contratados pela Fibrafort através de programas de inclusão. Conheça sua história!

04/12/2025
Foto: Fibrafort / Divulgação

Entre 2010 e 2022, o número de residentes naturais de países estrangeiros no Brasil foi de de 592 mil para 1 milhão de pessoas, segundo dados do IBGE. Esse salto, claro, colocou novos rostos no mercado de trabalho brasileiro — inclusive no meio náutico. Em Itajaí, Santa Catarina, um dos maiores estaleiros da América Latina não só integra essas pessoas como dá a elas uma nova perspectiva de vida.

Estamos falando da Fibrafort, que já contratou 71 profissionais, especialmente vindos da Venezuela e Haiti, por meio de parcerias com organizações como a AVSI Brasil, de Boa Vista (RO). Um deles foi o venezuelano Jioscarlos Josue Colina Martinez, de 29 anos, que chegou à cidade com o apoio do programa em novembro de 2021, acompanhado de sua esposa e filhas.

Decidi buscar o programa de apoio a imigrantes porque a situação estava muito difícil lá fora– contou Jioscarlos

Foto: Fibrafort / Divulgação

Na Venezuela, Jioscarlos trabalhava como pintor ao lado do pai, sem um salário fixo. Junto à AVSI, ele e outras famílias refugiadas receberam apoio, acesso a cursos e aulas de português. A dedicação do venezuelano, contudo, chamou a atenção dos recrutadores, culminando em uma indicação para a Fibrafort.

Nunca tinha visto um barco na minha vida. Passei noites estudando sobre a marca e seus produtos. Quando fui para a entrevista, todos ficaram surpresos, pois eu já sabia tudo sobre a Fibrafort– relembrou

Jioscarlos começou sua trajetória no estaleiro como auxiliar de produção, mas logo progrediu. Hoje, ele está em treinamento para se tornar líder de um setor da fábrica. “Como sempre fui muito dedicado, observei atentamente todas as etapas e, com o tempo, fui crescendo. Sou extremamente grato por me proporcionarem a oportunidade de liderar”.

Foto: Fibrafort / Divulgação

Ele, que chegou com a esposa grávida buscando um futuro melhor para as filhas, agora já planeja a compra da casa própria. “Hoje, sou um exemplo para outros imigrantes, mostrei que é possível crescer aqui dentro. Tudo depende de determinação e perseverança”, ressaltou.


Além de oferecer suporte na adaptação dos estrangeiros, a AVSI Brasil supre uma necessidade urgente do setor, como explica Danilo Fontana, diretor de operações da Fibrafort. Segundo ele, setores como o náutico, onde mais de 80% dos processos são manuais, exigem muita mão de obra dedicada.

Danilo Fontana, diretor de operações da Fibrafort, em entrevista ao Estúdio NÁUTICA durante o São Paulo Boat Show 2025. Foto: Revista Náutica

Recrutamos esses profissionais ao oferecer uma oportunidade de trabalho, com o compromisso de apoiá-los. Essa tem sido uma via de mão dupla muito positiva, dada a escassez de mão de obra que observamos– detalhou Fontana

Uma nova turma de imigrantes iniciou recentemente o treinamento na fábrica da Fibrafort, como parte do programa de integração da AVSI Brasil. Fundada em 2007, a AVSI é uma organização sem fins lucrativos que atua em contextos de vulnerabilidade e emergência humanitária.

 

A organização capacita imigrantes e os insere no mercado de trabalho, com intuito de promover o desenvolvimento de suas famílias e comunidades. No último ano, a ONG impactou mais de 923 mil pessoas na realização de 48 projetos. O programa oferece treinamento especializado e suporte contínuo.

 

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