Histórico navio Professor W. Besnard corre o risco de afundar no Porto de Santos

09/07/2020
Histórica embarcação responsável direta em grandes feitos pode dar adeus aos mares

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“Afundem o Besnard!”, disse (metaforicamente) o geógrafo e professor da USP Luís Américo Conti, em 2015, quando o histórico navio de pesquisa oceanográfica da Universidade de São Paulo foi encostado em uma doca de Santos. Segundo o geógrafo, a embarcação, protagonista de um grande número de expedições à Antártica e responsável direto por quase tudo que sabemos sobre o nosso território marinho, precisava ser aposentada. “O Besnard estava cansado e cheio de cicatrizes”, disse o geógrafo, que diversas vezes fez parte de sua tripulação como pesquisador.

A alternativa encontrada seria desmontá-lo e vendê-lo como sucata. Em vez disso, o velho Prof. W Besnard — que recebeu esse nome em homenagem ao cientista Wladimir Besnard, pioneiro da oceanografia brasileira e fundador do Instituto Oceanográfico da USP — passou a ser empurrado burocraticamente de um lado para o outro, como um barco à deriva.

Navio Professor W. Besnard
Foto: Navio Professor W. Besnard

Primeiro, o navio foi doado à prefeitura de Ilhabela, que pretendia mesmo afundá-lo e transformá-lo em um recife artificial. Em 2019, Ilhabela decidiu transferi-lo para o Instituto do Mar, com a intenção de transformá-lo em museu flutuante ou em um navio-escola. A embarcação, porém, até hoje continua atracada no Porto de Santos, sem muitos cuidados. Agora, correndo mesmo o risco de afundar.

A Santos Port Authority realiza vistorias de rotina para observar as condições do velho casco, de 49,3 metros de comprimento, visivelmente enferrujado e tomado por musgos. Diante das más condições, ações foram tomadas, como o acionamento do Ibama, que enviou uma equipe especializada para avaliar o interior da embarcação.

“O navio está em processo de adernar. Nas circunstâncias apresentadas, a água estava quase chegando nas escotilhas, que não estão protegidas, muitas sem vidros de proteção. É deplorável a situação em que se encontra, de ferrugem e limbo. A equipe encontrou a casa de máquinas tomada de água, ao nível de alcance do motor, e água com óleo”, relatou a agente ambiental federal Ana Angélica Alabarce, chefe do Ibama em Santos.

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A Autoridade Portuária já notificou o Instituto do Mar sobre a necessidade de tomar medidas para resolver o problema. O receio é que, adernando totalmente, o navio possa afetar a navegação no Porto de Santos. Sem contar os danos ambientais.

Foto: marcas de ferrugem, Navio Professor W. Besnard

O Besnard nunca foi um primor de tecnologia ou de elegância ao navegar. Adaptado de um barco de pesca construído na Noruega em 1967, o navio não era exatamente confortável nem tinha toda a estabilidade necessária para uma embarcação de pesquisa, muito por conta do casco abaulado e da distribuição de peso um tanto desigual.

Apesar de tudo, foi responsável direto por quase tudo que sabemos sobre o nosso território marinho. Foi a bordo do Besnard que as primeiras equipes de pesquisa brasileiras chegaram à Antártica. Um grande incêndio, em 2008, o deixou inoperante, mas acima de tudo, sua memória merece e precisa ser preservada.

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