A náutica no Mediterrâneo

Por: Redação -
03/07/2014

A Associação Internacional de Construtores de Barcos (Icomia) tem muitas virtudes. Uma delas é selecionar locais exóticos para as suas reuniões. Dias atrás, a cidade de Istambul, na Turquia, foi palco do mais recente encontro da Icomia. Para quem não sabe, a Icomia é uma associação que possui diversos comitês que trabalham nos aspectos de normatização junto a Organização Internacional para Padronização (ISO), como exportação, práticas comerciais, estatística, marketing, eventos e boat shows.

No ano passado, o volume de vendas de barcos novos, incluindo apenas os dados dos membros do conselho executivo, que incluem, além do Brasil, a Alemanha, Estados Unidos, Franca, Itália, Noruega e Inglaterra, superou 20 bilhões de dólares. O setor náutico tem uma contribuição importante para a economia global gerando um impacto estimado em 150 bilhões de dólares com a geração de mais de 1 milhão de empregos.

A Turquia não é muito conhecida pela sua grande atividade náutica, mas sim pela lenda de um soldado romano que viveu nas proximidades da Capadócia e salvou uma donzela das garras de um dragão. O soldado, Jorge, foi torturado e depois decapitado. Muitos anos depois ele virou o santo protetor de varias nações. Muito além desta lenda, Istambul é uma cidade global que conta com uma incrível miscigenação de culturas, religiões e etnias. Com uma história rica, repleta de conquistas, cruzadas, invasões, batalhas e feitos históricos, foi passando de mão em mão desde Constantinopla, nome dado em homenagem ao Imperador romano Constantino, para ser depois, por séculos, centro do Império Otomano e finalmente até se chamar a Istambul, desenvolvida ao redor do Estreito de Bósforo.

Estrategicamente fincado entre a Europa e a Ásia, o estreito de Bósforo era passagem obrigatória para negociantes europeus que buscavam conseguir especiarias e produtos exóticos do oriente. O seu controle assegurava uma posição política e econômica importantíssima.

Não fosse a religião predominantemente muçulmana, a Turquia de hoje é bem parecida com o Brasil. Tem uma costa com quase o mesmo comprimento, dividida entre o Mar Negro e o Mar Mediterrâneo. A população é jovem, bem educada e com uma renda per capta ligeiramente maior que a do Brasil. Embora Istambul tenha metrô, trem, bondes, BRTs, barcas que atravessam o Bósforo, em mais de 20 estações, o trânsito dentro da cidade ainda é um inferno.

A população da Turquia é quase três vezes menor que a do Brasil embora o mercado de construções novas de barcos e iates gerem uma receita superior a nossa. O mercado da Turquia terminou 2013 com um volume estimado de vendas de barcos novos superior a 800 milhões de dólares. Vários construtores europeus têm estaleiros na Turquia. A quantidade de marinas e resorts é incalculável e a ajuda governamental para a náutica é relevante, incentivando a construção de marinas tanto no mar Negro quanto no Mediterrâneo. O padrão das marinas é europeu. Os incentivos do governo esperam triplicar o número de barcos navegando nas áreas da Turquia até o ano de 2020 promovendo um número total de barcos registrados superior a 600 mil unidades.

Durante o encontro da Icomia, fui convidado para visitar o estaleiro Su Marine (Água do Mar). A experiência foi indescritível. Tendo trabalhado com materiais compostos durante anos acabei visitando um estaleiro em Tuzla, na parte Asiática de Istambul, que constrói barcos acima de 120 pés todos em madeira. A qualidade da construção em cada detalhe é praticamente insuperável. Quem está acostumado em ver barcos de produção em série não tem a mínima ideia do que possa ser a construção em madeira laminada de um barco deste tamanho com um acabamento, detalhes construtivos, equipamentos e pintura praticamente impossível de serem descritos de tão primorosos.

Vejam algumas fotos que eu trouxe de lá:

 

Jorge Nasseh é especialista em construção e composites e costuma viajar os quarto cantos do mundo em busca de novidades no meio náutico

 

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