No aniversário de São Paulo, entenda o papel que os rios tiveram na ocupação da cidade
São Paulo, que completa 467 anos nesta segunda (25), é uma cidade cheia de paradoxos. Um deles, certamente, é em relação aos seus rios que, hoje, são tomados pela poluição da metrópole e se transformaram em esgotos a céu aberto. Entretanto, tais rios foram os responsáveis pela ocupação da cidade e de sua região metropolitana. Além disso, historicamente, os rios são os “culpados” de um fenômeno tipicamente paulistano: as enchentes.
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No entanto, para entender o papel histórico e cultural dos rios da capital, é necessário voltar no tempo, pelo menos, 467 anos. A mancha urbana estabelecida pela cidade, até meados do século XIX, restringia-se a uma colina cercada por dois rios: o Tamanduateí e o Anhangabaú. A ocupação do território paulista está intimamente relacionada à presença desses rios.
O Anhangabaú era considerado sagrado pelos indígenas e não era muito utilizado. Sinuoso e de difícil navegação, logo foi soterrado. Primeiro retificado, depois canalizado, deixando de existir. Portanto, todo protagonismo fluvial da cidade era voltado ao Tamanduateí.
O potencial de navegação desse rio teve importância fundamental para o estabelecimento das relações comerciais na vila de São Paulo. Produtos vindos de fazendas mais distantes ou mesmo do litoral, eram transportados em pequenas embarcações. Fora àqueles que se locomoviam através dele.
À época, existiam muitos estrangeiros que visitavam e estudavam essas localidades. Dentre eles, o botânico francês, Saint-Hilaire, afirmou sobre o Tamanduateí:
“Serpenteando através das pastagens úmidas, [dava] mais encanto à paisagem”
Em cima disso, o historiador Afonso Taunay relatou que em dias de calor o Rio e sua várzea constituíam pontos de encontro e de lazer. “Bandos e bandos de indivíduos iam banhar-se no Tamanduateí e nas lagoas por ele formadas”.
Se os cursos d’água desempenharam um papel fundamental para o desenvolvimento da cidade fornecendo alimentos, facilitando a circulação de mercadorias e proporcionado recreação; ao mesmo tempo, eles também tinham a função de encaminhar para longe a sujeira produzida pelos moradores. Infelizmente, esta função prevaleceu, o que culminou em consequências desastrosas para a cidade.
Mas, você pode estar se perguntando: e os rios Tietê e Pinheiros?
Apesar de muito importantes, não apenas para ocupação de São Paulo, mas para a colonização do Brasil, esses dois rios demoraram um pouco para aparecer no curso da história, “descobertos” apenas em meados do século XVII. O Pinheiros, que tem sua nascente próximo a Serra do Mar, hoje, corta boa parte da cidade de São Paulo, até desaguar no Tietê.
Ainda sobre o Pinheiros, o padre Fernão Cardim fez uma viagem, em 1595, em que relata o curso do Rio. No livro “Tratados da Terra e Gente do Brasil”, o jesuíta descreve o Pinheiros como um rio encantado, cercado de fauna e flora. À época, ele era sinuoso e de corredeira.
O Tietê, por sua vez, ao contrário da maioria dos rios brasileiros, se volta para o interior e não para o oceano. Característica que o tornou um importante instrumento na colonização do Brasil. Com o passar do tempo, a partir do século XVIII, o bandeirismo paulista, que era todo feito a pé, passou a utilizar o Tietê para chegar ao interior do estado.
A bordo de canoas longas e estreitas, aproveitando que o rio “corria ao contrário”, se instalou na região, e mais tarde em todo Brasil, as chamadas Monções, que eram expedições fluviais que ligavam os estados de São Paulo e Mato Grosso. Além disso, já na metade do século XVIII a exploração da cultura do açúcar começou a provocar o desmatamento das margens do rio.
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Em 1900, já existiam empresas que jogavam lixo no Tietê, mas ainda assim, nas décadas de 1920 e 1930, o rio era utilizado para pesca e atividades desportivas. Naquela época, clubes de regatas e natação foram criados ao longo do rio: as disputas de esportes náuticos chamavam atenção de toda a cidade.
No entanto, entre 1940 e 1970 a população de São Paulo triplicou, indo de 2 milhões de habitantes para 6 milhões. Fora isso, a atividade industrial também se intensificou.
O resultado? Os principais rios da cidade sofreram pelo descaso da população e das empresas, deixando esse marco negativo na história e no presente da cidade. Alguns filósofos gregos diziam que era impossível entrar duas vezes no mesmo rio. Pois bem: quem entrou, entrou. Quem não o pôde, provavelmente não o fará.
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