Bianca Colepicolo dá 10 dicas para desenvolver o turismo náutico nos municípios

Coordenadora de turismo do Fórum Náutico Paulista abordou o assunto durante o 9º Congresso Internacional Náutica

25/09/2024
Foto: Jhony Inácio / Revista Náutica

Turismo pra que? De tanto ouvir essa pergunta, Bianca Colepicolo — coordenadora de turismo do Fórum Náutico Paulista e chefe da Divisão de Patrimônio Histórico, Turístico e Cultural de São Sebastião (SP) — decidiu fazer alguma coisa. Afinal, ela sempre acreditou que o turismo pode ser uma fonte de distribuição de renda, valorização da natureza e da cultura.

Penso assim: se o turismo, representando só 6% do PIB, já gera 6 milhões de empregos no Brasil, imagina se for profissionalizado e crescer mais– Colepicolo, durante o 9º Congresso Internacional Náutica

Assim nasceu a cartilha Turismo pra que? Como o Turismo Gera Renda e Emprego para Você, na qual, de forma didática, ela oferece respostas àquela pergunta, pois mais absurda que possa parecer.

Foto: Jhony Inácio / Revista Náutica

Como tudo o que é bom pode ser melhorado, da semente inicial nasceu o Oficina de Aprendizagem, Desafios e um Passo a Passo para o Investimento no Turismo Náutico, um vídeo no qual dá dicas (uma verdadeira aula) aos prefeitos e secretários de turismo de cidades com potencial para o desenvolvimento dessa atividade.

 

“As pessoas não entendem que virá dinheiro para cidade, que vai gerar empregos, que irá melhorar a vida de todo mundo. Está faltando comunicação; está faltando a gente explicar didaticamente o grande potencial do turismo”, conta Bianca, explicando a produção do vídeo/cartilha.

São dicas simples e práticas, como essas:

1

Para a prefeitura saber o tamanho da economia que essa atividade gera, e conseguir recursos para investir nessa atividade, é muito importante que, antes de tudo, os empreendedores turísticos façam o Cadastrur, que é o cadastro no Ministério do Turismo;

2

De onde vêm os recursos para investir em infraestrutura, qualificação e promoção? Podem vir direto do caixa da prefeitura; de empréstimos de um programa como o Desenvolve São Paulo ou do BNDES; de programas estaduais ou federais; de emendas parlamentares; da iniciativa privada; e de parcerias público-privadas;

Foto: Jhony Inácio / Revista Náutica

3

Quem tem um grande lote à beira d’água pode picotar essa área em vários pequenos lotes e vendê-los. Outra alternativa é projetar um empreendimento náutico. O que é mais rápido? Resposta: é o empreendimento imobiliário. Qual vai obter a licença mais rápido? O empreendimento imobiliário!

 

Por isso, poucos empreendedores se sentem motivados em tocar um empreendimento náutico. A solução para uma cidade que tenha uma área pública com acesso à água e potencial para instalação de uma estrutura náutica é abrir uma parceria público-privada, deixando que outras pessoas invistam na área do município. Essa área vai gerar emprego e renda para o município. O que era custo para a cidade vira uma fonte de renda.

4

Eu preciso fazer um projeto para a minha cidade, ressaltando o seu potencial náutico. Por onde começo? Em primeiro lugar, faça um inventário, no qual levanta os recursos naturais e a estrutura existentes; oferece um mapeamento desses recursos e analisa seu potencial e os gargalos para explorá-los.

5

Segundo passo: faça um planejamento estratégico, no qual estabelece metas para o turismo náutico e define o público-alvo, que podem ser os turistas locais, regionais, nacionais ou internacionais. Em seguida, crie um plano de ação visando melhorar a estrutura disponível, invista em uma campanha de marketing, capacite a mão de obra e organize eventos náuticos.

6

Faça um levantamento dos produtos e das experiências náuticas disponíveis no município. As prefeituras não vão comprar barcos, mas pode desenvolver rotas que promovam contato com a natureza, a serem exploradas pelos empreendedores; além disso, pode incentivar a prática de atividades náuticas, promover competições (como uma regata) e integrar o turismo náutico com experiências culturais e gastronômicas, como visitas a vilas de pescadores, por exemplo.

7

Além de capacitar mão de obra e criar parecerias público-privadas, promova o engajamento da comunidade local; incluir a população em atividades turísticas é uma forma de gerar renda e preservar os recursos naturais.

8

Invista na criação de uma marca, de uma identidade visual e narrativa forte de turismo náutico; em promova o marketing digital, com a criação de conteúdo nas redes sociais e nos sites de turismo, e formação de parcerias com influenciadores.

9

Participe de feiras e eventos, promovendo a cidade como destino turístico, tanto no Brasil como no exterior.

10

Monitoramento de resultados. Monitores indicadores como fluxo de turistas, investimentos e geração de empregos; estabeleça canais para o recebimento de feedback de turistas e operadores; atualize o plano estratégico com base em novas demandas e tendências do mercado náutico.


A cartilha foi lançada pela Fórum Náutico Paulista, para auxiliar municípios que desejam desenvolver o segmento náutico. Fundado em 2013 por pessoas ligadas ao setor de barcos de lazer, o Fórum Náutico Paulista representa a indústria náutica de esporte, lazer e turismo junto ao governo estadual.

Seus integrantes, cuja participação é voluntária e não remunerada, compõem câmaras temáticas, e reúnem-se regularmente para discutir e propor medidas para o segmento — desse esforço, nasceram, por exemplo, os projetos Rampa Pública, para implantação em municípios banhados por rio ou mar, de forma a impulsionar o turismo náutico.

 

O Congresso Internacional Náutica teve patrocínio da Metalu (maior fabricante de píers de alumínio no mundo) e antecedeu a abertura ao público do São Paulo Boat Show, evento que contou com mais de 170 barcos em exposição, 50 lançamentos gerais, além de uma série de produtos e serviços.

São Paulo Boat Show 2024

Consagrado como o maior evento náutico da América Latina, o salão que acontece desde 1998 reuniu, neste ano, mais de 170 barcos, disponíveis para o público conhecer e comprar. Nesta 27ª edição, os visitantes ainda puderam participar do sorteio de uma lancha Focker 188 Joy, equipada com motor Yamaha.

Foto: Victor Santos / Revista Náutica

Tradicionalmente, o evento revela os principais lançamentos do ano, com estaleiros nacionais e internacionais apresentando barcos e jets de todos os modelos, preços e tamanhos. O público ainda confere motores, equipamentos, acessórios, brinquedos aquáticos, decoração e produtos de luxo — como resorts e helicópteros — expostos no Espaço dos Desejos.

 

Náutica Responde

Faça uma pergunta para a Náutica

    Relacionadas

    Teste Schaefer V44: uma lancha pronta para conquistar o mundo

    Walk around cabinada de luxo chega recheada de tecnologia e empolga pela performance esportiva

    Foz do Iguaçu receberá a 2ª edição do Foz Internacional Boat Show em novembro

    Salão acontecerá entre os dias 28 de novembro e 1º de dezembro, nas águas doces do Lago de Itaipu, no Paraná

    Entenda o que está acontecendo no Morro do Careca, em Natal, que corre risco de colapso

    Patrimônio histórico e cultural da cidade tem sofrido com o avanço das marés acima do normal

    Teste Solara Boat House: o conforto de uma casa que desliza sobre as águas

    São quase 90 m² de área útil, com pernoite para seis pessoas e ingredientes de sobra para curtir rios, lagos, represas e baías abrigadas

    50 anos de mar: conheça o veleiro MorGazek, que está na Copa Mitsubishi 2024

    Construído em 1974, este Swan 48 foi um dos destaques da 1ª etapa da competição, na classe RGS Clássicos