Comodoro do Cabanga Iate Clube revela o segredo para reunir quase 100 barcos e 800 velejadores em uma travessia de 300 milhas
Ele não tem perfil de velejador. Sua paixão mesmo são as lanchas, de preferência velozes e furiosas, como a superesportiva Cigarette, com a qual costuma navegar por paraísos como Carneiros e Serrambi, no litoral Sul de Pernambuco, e a badalada Coroa do Avião, 50 km ao Norte do Recife. Mas, desde que assumiu o posto de comodoro do Cabanga Iate Clube de Pernambuco, em janeiro de 2018, o advogado Delmiro Rodrigo Andrade da Cruz Gouveia não mediu esforços para renovar a regata Recife-Fernando de Noronha (Refeno) e atrair um número maior de competidores. Missão plenamente cumprida, como Delmiro Gouveia explica na entrevista a seguir:
— Qual é o balanço que o senhor faz da Refeno 2019?
— Não poderíamos estar mais felizes. Afinal, depois de conseguir reverter, no ano, passado, o declínio em relação ao número de embarcações, neste ano demos um salto, com um crescimento de 80% em relação ao ano passado. Recebemos 101 inscrições, embora, na hora do ajuste, seis deles não tenham conseguido autorização para a largada. Com isso, a Refeno 2019 já é terceira maior edição da história em número de barcos. Perde apenas para 2004 (120 embarcações) e 2008 (117).
— Qual foi o segredo para essa cena linda da largada, com 95 veleiros desfilando em frente ao Marco Zero de Recife?
— Em primeiro lugar, reuni um grupo de velejadores e de ex-comodoros e com objetivo de alcançar um crescimento mesmo. Para isso, foi necessário um bom planejamento. Trabalhamos com celeridade e profissionalismo, antecipando os fatos. E aí está o segredo para o sucesso que alcançamos: iniciar o trabalho cedo. Antigamente, começavam a programar a edição da Refeno a partir do mês de julho. Com isso, houve um ano em que tivemos apenas 47 barcos inscritos. Agora, não. Tão logo terminou a Refeno 2018, já começamos a planejar a edição 2019. Isso fez muita diferença.
— Tendo um destino como Fernando de Noronha, fica mais fácil, né?
— É verdade. Todo mundo que ir. Mas os velejadores precisam de tempo para se organizar. A maioria vem de fora. Doze estados brasileiros estarão representados na regata, sendo que 24 barcos são do estado de São Paulo, o recordista de inscritos. De Pernambuco são apenas 18.
— O clube também está bem renovado, isso faz parte da estratégia?
— O Cabanga é um clube multiesportivo. Também temos quadras de tênis, piscinas, restaurantes, academia de ginástica. Por isso, fizemos um investimento nessas áreas também. Construímos um novo parque aquático, aumentamos as áreas de lazer, abri um novo restaurante. O objetivo é unir regata com lazer. Assim, além das competições, além da vela, conseguimos juntar famílias inteiras dentro do clube. Temos 950 sócios e umas 350 embarcações, somando a subsede de Maria Farinha.
— Para o setor náutico, quais são as novidades?
— Estamos com licença de dragagem e com um programa de reestruturação de rampas, porque os barcos estão crescendo. Além disso, o Cabanga é o único clube náutico do país que obteve a ISO 9000 e a ISO 14001, de gestão do meio ambiente. Num exemplo de preservação da natureza, em todas as nossas ações durante a Refeno 2019, seja o Cabanga ou em Fernando de Noronha, os copos serão ecológicos, flexíveis e 100% recicláveis, com suporte e um cordão para ser colocado no pescoço.
— Fernando de Noronha também ganha com a Refeno?
— Sim. Nós movimentamos a economia do Arquipélago. A lotação durante a Refeno equivale à do réveillon. Além disso, a edição deste ano terá novamente ações sociais médicas voltadas aos moradores locais. Boa parte vem da participação dos próprios velejadores, que usam suas especialidades a favor dos moradores. Haverá também doações à Escola Estadual Arquipélago Fernando de Noronha e à Creche Bem-me-Quer de materiais higiênicos e esportivos.
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