Gasolina com padrão que será obrigatório em 2022 passa a ser comercializada a partir desta segunda-feira
*Colaboração de Guilherme Kodja
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A partir desta segunda-feira, 3 de agosto, a Petrobras já está oferecendo uma nova gasolina, com octanagem RON 93, e consequentemente melhor rendimento. Segundo regulamentação da ANP, essa octanagem só será obrigatória no Brasil daqui a dois anos (a exigência mínima atual é de 92 octanas). Mas a Petrobras decidiu se antecipar, aproximando o país do estágio em que se encontra a Europa. Até o fim do ano, todos os postos brasileiros deverão ter o novo combustível à venda — há um período de 90 dias para zerar os estoques atuais.
O número de octanas determina o quanto a gasolina é resistente à detonação, e um valor abaixo do necessário leva a perda de desempenho, falhas de funcionamento e quebras. O Brasil passa a adotar a classificação RON (sigla em inglês para número de octanas por método de pesquisa, Research Octane Number), o mesmo padrão usado na maior parte do mundo. Na maior parte da Europa, o valor vigente de RON já é de 95.
A novidade é uma exigência das regras ambientais. A evolução dos motores precisa ser acompanhada pela melhora do combustível. Sem isso, não é possível reduzir as emissões de poluentes.
“Ajustamos nossos processos de refino e estamos prontos para antecipar o padrão de qualidade previsto para 2022. Desta forma, garantimos a qualidade superior da gasolina produzida nas refinarias da Petrobras”, disse a diretora de Refino e Gás Natural da Petrobras, Anelise Lara, em enviada aos jornalistas.
A Petrobras defende que o novo padrão de gasolina tem maior eficiência, o que permitirá redução no consumo, além de contribuir para melhor desempenho dos motores. “Sua massa específica, ou densidade, terá um padrão mínimo e deverá render mais”, garante a estatal.
O preço do combustível tende a ser maior. Mas vale a pena por conta da maior autonomia. “O ganho de rendimento de 5%, em média, compensará uma eventual diferença no preço, porque o consumidor vai rodar mais quilômetros por litro”, defende a diretora da estatal. Além disso, segundo ela, a nova especificação dificulta fraudes no combustível, combatendo o uso de solventes e naftas de baixa qualidade como para adulteração do produto vendido ao consumidor.
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O que o seu barco tem a ganhar com isso?
A velha reivindicação dos donos de barcos por um combustível de melhor qualidade estaria, enfim, sendo ouvida pela Petrobras? Infelizmente, ainda não. A explicação é simples: motores marítimos não são projetados para usar gasolina de alta octanagem.
Há exceções, é verdade: os motores do tipo “esporte”, que pedem octanas maiores que 87 (especialmente os de mais alto giro, de configuração esportiva). Mas eles são minoria.
Além disso, o teor de etanol anidro na composição não será alterado, permanecendo em 27% na gasolina comum e 25% nas opções premium. Para os motores marítimos, o etanol não é bem-vindo, porque acelera a oxidação da gasolina no tanque (daí a necessidade de usar o combustível rapidamente) e pode ser corrosivo, caso a “tropicalização” não seja bem feita. Nos EUA, por exemplo, se for detectado o uso de gasolina com mais de 10% de mistura de etanol, o motor perde a garantia.
Resumindo: ainda que a conquista de um combustível do tipo “comum” mais confiável seja motivo para comemoração — já que agora haverá um padrão mínimo para o número de octanas, além da massa específica, o que não acontecia antes —, no que mais importa para os donos de barcos, que é a qualidade e especificidade para o uso náutico, a nova gasolina não apresenta muitas vantagens sobre o anterior, além do rendimento 5% maior prometido pela Petrobras.
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