A tradicional represa de Jurumirim, em Avaré, é um bom local para aproveitar de barco. Conheça

Por: Redação -
08/05/2021

A represa Jurumirim, muito mais conhecida pelo nome da principal cidade que ela banha, a simpática Avaré, a 280 quilômetros da capital paulista, é um ótimo exemplo de que não é preciso ter um oceano inteiro pela frente para se divertir com um barco.

Também ilustra bem um hábito que, a princípio, pode parecer estranho para quem vive perto do litoral: o de tomar o rumo oposto ao do mar quando bate a vontade de navegar. Pois é exatamente isso o que muitos paulistanos fazem quando optam por ir quatro vezes mais longe, e no sentido contrário ao do litoral, para curtir o prazer de passear de barco entre fazendas,  colinas e cavalos — uma paisagem, no mínimo, incomum para uma lancha ou veleiro.

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Mas é justamente este inusitado casamento de água e campo e paisagens rurais e náuticas ao  mesmo tempo (além de lindas casas nas margens), que torna a grande represa Jurumirim tão procurada nos fins de semana. Sem falar em outras atrações surpreendentes que suas águas escondem, como a deliciosa cachoeira ao lado, que — sim! — desagua na própria represa.

O maior tesouro do local é a cachoeira que fica escondidinha ao final do último braço de água no sentido da barragem de Itaí (outra cidade que vem crescendo bastante por conta dos condomínios luxuosos na beira da represa) e tem altura suficiente para entrar com o barco debaixo dela e tomar um inusitado banho de cachoeira a bordo.

O volume de água que cai também é intenso e proporciona uma espécie de massagem natural, sem que ninguém precise sair de dentro do barco ou jet para isso. Mas não é muito fácil achá-la, porque ela fica camuflada ao final de um lago e após uma curva que, quem olha de fora, não vê.

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É preciso acreditar que continuará havendo água à frente para seguir adiante com o barco e, finalmente, encontrar a cachoeira, que, tal qual nos filmes americanos, se descortina de uma só vez, no meio da mata — o que sempre arranca empolgantes “Ooohs!” da plateia. É um passeio empolgante. E o banho, delicioso.

A represa de Avaré é grande. Banha nada menos que dez municípios do centro sul paulista e tem um volume de água equivalente ao de quatro baías de Guanabara.

Tem, também, mais de 1 500 quilômetros contínuos de margens (repetindo: mais de 1 500 quilômetros de margens!) e, de uma ponta a outra, passa dos 100 quilômetros de extensão. É quase um pequeno mar de água doce, formado artificialmente nos anos 60, com o represamento do rio Paranapanema, para gerar energia elétrica para a região.

Tem braços que se ramificam em tranquilos lagos, mas, em certas partes, é tão larga que, do meio, não se veem as margens. Só água. Dos dois lados. E uma água tão pura, livre de esgotos, fertilizantes, resíduos industriais e outras porcarias urbanas, que quem quiser pode até bebê-la. Que dirá nadar, esquiar, enfim, aproveitar.

Pois é justamente isso o que os privilegiados donos de fazendas, ranchos, condomínios e suntuosas casas às margens desta represa fazem nos fins de semana. Partem com suas lanchas (nem todas de pequeno porte, como seria de se esperar numa represa, já que dinheiro ali não chega a ser propriamente um problema) e curtem prainhas de areia amarelada mas águas lisas, perfeitas para deslizar de esqui ou wakeboard — duas das principais atividades da represa, que, no entanto, tem também muitos veleiros, porque também é brindada com bons ventos.

Ali, veleja-se com bucólicas vaquinhas no horizonte o que, convenhamos, não é nada frequente. A relação de Avaré com os barcos é tão estreita que a cidade sempre teve seus próprios estaleiros.

Em geral, os passeios começam tarde, quase por volta da hora do almoço, e são retomados ao final do dia, quando todos voltam para os barcos, a fim de assistir ao pôr do sol, no melhor local para isso: no meio da represa, já que em certas partes dela o sol se põe dentro d’água. É um espetáculo emocionante.

Quando aquela gigantesca bola alaranjada começa a afundar na linha do horizonte, tingindo de dourado as águas verdes de Jurumirim, os visitantes da represa compreendem bem por que, quem tem um show náutico desses todos os dias, não sente a menor falta de um mar por perto.

A represa também é linda nas margens, por conta das casas de cinema que decoram a beira d’água. “Ilha de Caras” é o apelido, meio debochado e bem brincalhão, de uma elegante concentração de grandes casas num dos braços da represa, nos arredores de Avaré.

É, também, uma referência direta ao fato de a represa ser considerada uma espécie de paraíso milionário do interior paulista, com uma das maiores concentrações de mansões à beira d’água do país. Mas, acima de tudo, é a constatação de que nada é mais surpreendente naquelas águas do que o porte das casas que as margeiam.

Por fora, no entanto, elas nada têm de extravagantes ou espalhafatosas. São apenas enormes e quase sempre, de muito bom gosto, com gramadões a perder de vista e, invariavelmente, um píer na beira d’água e uma garagem náutica particular no jardim — razão pela qual, apesar da quantidade expressiva de lanchas na região.

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Cada casa tem a sua própria marina. Na maioria delas, quem as vê de fora não imagina o que há por dentro. Até porque a discrição faz parte da filosofia reinante entre a maioria dos proprietários e quase todas só são usadas nos fins de semana, quando tudo o que se quer é um esconderijo para descanso. O hoje empresário e primeiro velejador brasileiro a ganhar uma medalha olímpica, Peter Ficker, tem casa lá há muito tempo. O piloto Felipe Massa também.

Numa destas fabulosas casas que podem ser vistas da água, o teto — escamoteável! — de um hangar (que, de tão bonito, mais parece ser a própria casa) abre, embute e esconde o helicóptero que o dono de ambos usa para chegar às sextas e partir aos domingos.

Noutra, uma pista de pouso — asfaltada — lambe as margens e começa rente à água, convidando os aviões dos amigos que a visitam a, primeiro, fazerem um sobrevoo na represa, a fim de admirá-la. É a primeira surpresa que terão naquele dia — antes da casa do próprio anfitrião…

Perto dali, mas providencialmente distante da propriedade ao lado, para não haver vizinhos tão à vista, outra casa oferece um completo campo de golfe, também às margens da represa, com carrinhos elétricos circulando o green e onde um dos buracos fica numa espécie de península, que avança água adentro. De lancha, é perfeitamente possível acompanhar as tacadas, ou — quem sabe? — levar uma bolada.

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E não para por aí. Nas imediações da Ilha Verde (a tal “Ilha de Caras”, da brincadeira de parágrafos antes), uma fazenda inteira ganhou ruas impecavelmente asfaltadas, para unir o píer à casa, feito uma metáfora da própria represa. Que hoje vive entre a náutica e a roça, num híbrido e maravilhoso dia a dia.

Cavalos também fazem parte da paisagem frequente da represa, porque Avaré é famosa pelos seus haras e belos campos de polo. A cidade é considerada a “Capital Brasileira do Cavalo” e não se trata apenas de um slogan vago. Em levantamentos de 2013, Avaré somava mais de 100 haras de raças nobres e bem mais de uma dúzia de finos campos de polo, onde, a despeito do calor senegalês, os jogadores vestem-se como lordes ingleses — e não raro descem dos barcos direto para os cavalos, ou vice-versa.

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Durante a temporada de competições e leilões, a cidade fica ainda mais equestre, com pequenas multidões de milionários de todo o país em busca de emoções sofisticadas nos impecáveis gramados que imitam partidas de futebol equestre, ou de bons negócios nos arremates de garanhões premiados.

Quando isso acontece, nem parece uma pacata cidade do interior. Mas é. No dia a dia rotineiro de Avaré, cavalos finos pastando às margens da grande represa são cenas tão corriqueiras quanto as cavalgadas matinais que antecedem os passeios de lancha dos frequentadores de fins de semana.

Ali, trocar a sela pelo timão, ou os cavalos de quatro patas pelos que estão dentro dos motores dos barcos, nada tem de curioso. É apenas a prazerosa rotina de um lugar que se divide mesmo entre a água e o campo. O tempo todo.

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Onde fica?
A represa Jurumirim fica no centro sul do estado de São Paulo, a cerca de 250 quilômetros da capital paulista, mas se estende por outros 100 quilômetros, entre os municípios de Paranapanema e Itaí, passando por Avaré e outras
sete cidades. O principal acesso a Avaré é pela rodovia Castelo Branco (são 280 quilômetros desde São Paulo), mas a represa também pode ser acessada pela Raposo Tavares, que inclusive a cruza, em dois trechos.

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