Sede da maior regata do mundo, Cowes concentra a nata da vela do Reino Unido

Por: Redação -
23/12/2016

A Inglaterra, como se sabe, não é o Brasil. Se aqui temos poucos veleiros, lá eles são quase tão populares quanto as lanchas — inglês adora velejar, mesmo só podendo fazer isso alguns meses no ano, por conta do célebre mau humor do tempo inglês. Em compensação, se aqui temos sol de janeiro a janeiro e um litoral repleto de ilhas que servem como refúgios para os veleiros, lá eles só têm praticamente uma opção para velejar no além-mar: esta ilha, a de Wight, na costa sul do Reino Unido, cujo principal centro náutico é a pequena e graciosa Cowes, uma espécie de Ilhabela da Inglaterra — que, não por acaso, é considerada a capital inglesa da vela.

Na verdade, a minúscula Cowes é bem mais do que isso: é um dos mais importantes redutos da vela de toda a Europa, se não em tamanho (afinal, a vila inteira resume-se a uma única ruazinha estreita!), com certeza em importância e tradição histórica. É lá, por exemplo, que acontece a maior regata do mundo, em número de participantes. Cerca de mil veleiros (sim, você leu direito: mil veleiros!) participam, todos os anos, desde 1826, da Cowes Sailing Week, um evento que atrai para aquele acanhado vilarejo mais de 8 000 velejadores e não apenas ingleses. Para lá, vão tripulantes e barcos de todas as partes da Europa.

Estar em Cowes na primeira semana de agosto, quando acontece o evento, é algo tão desejado pelos velejadores europeus quanto participar de uma Copa do Mundo para qualquer jogador de futebol brasileiro. É mais do que simples regata. É uma espécie de apoteose da vela. Até velejadores da America’s Cup costumam participar da Cowes Sailing Week.

A ilha, é claro, entope de gente, o que só faz aumentar sua fama também turística na Inglaterra. Mas, fora do furacão que varre Cowes nos dias da Semana de Vela, a vila é um pacato e charmosíssimo vilarejo, com simpáticas casinhas vitorianas com flores nas janelas, pequeno comércio com nomes invariavelmente ligados à história naval inglesa (Trafalgar, Cook etc. etc.) e pouco mais que 2 000 moradores, que, no entanto, fazem absoluta questão de conservarem parte das tradições náuticas da boa e velha Inglaterra, como o hasteamento das bandeiras dos diversos clubes náuticos da ilha (até o príncipe Charles é sócio e freqüentador habitual de um deles), que acontece todos os dias, britanicamente — nem um minuto a mais nem um a menos… — às oito da manhã, tenha ou não espectadores para assisti-la.

Na ocasião, fardado como se fosse um desfile militar, um funcionário quase marcha até o mastro, consulta o relógio, ergue a bandeira com um respeitoso cerimonial (mesmo que só esteja ele ali, o cerimonial será igual), verifica se o vento a encheu por inteiro, respira aliviado e volta para casa. Definitivamente, a Inglaterra não é como o Brasil. Mas, no amor à vela, Cowes até que lembra a nossa Ilhabela. Só que com 20 vezes mais veleiros.

Foto: Divulgação

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