Teste SEC Boats CatFish 35: um catamarã para pescarias, com conforto para passeios
Receba as notícias de NÁUTICA direto no seu celular clicando aqui.
O CatFish 35 é um catamarã de console central com todos os recursos para pesca costeira ou de mar aberto, mas com área gourmet, banheiro e muito espaço para aproveitar o dia a bordo com a família
Sediado na cidade de Palhoça, em Santa Catarina, o estaleiro SEC Boats tem duas linhas de construção: a de barcos monocascos, dedicada a lanchas de casco único, como o nome já diz; e a de powerboats, dedicada aos cascos duplos, ou catamarãs a motor.
O novíssimo CatFish 35, de console central e design arrojado, é o seu quinto modelo da linha multicasco — e promete tudo aquilo que se espera de um catamarã de pesca de alta qualidade: cockpit muito espaçoso, segurança e autonomia para navegar longe da costa, estabilidade e navegação bem firme mesmo em dias de mar mais agitado.
A inspiração vem de seus similares norte-americanos, como os famosos catamarãs de pesca da Freeman, que aliam robustez e funcionalidade. Não por acaso, o estaleiro mantém avançadas negociações para exportar unidades do CatFish 35 para os Estados Unidos.
Com 11,8 metros de comprimento, ou 38,7 pés (o número 35 refere-se ao comprimento do casco apenas na linha d’água), CatFish 35 tem cockpit grande e desimpedido, equipado com caixas para iscas vivas, paióis para peixes e porta-varas, entre outros atributos de uma típica boa lancha para pescarias oceânicas.
Mas, embora o seu forte seja mesmo a pescaria, seja costeira ou em mar aberto, ela também oferece conforto, segurança e recursos dignos de uma lancha de passeio em família, como uma chaise dupla na proa, pequeno mas muito bem pensando espaço gourmet na meia-nau (na amurada de boreste) e banheiro largo sob o painel de comando, apesar de não ser uma embarcação cabinada. O estaleiro oferece uma versão com uma pequeníssima cabine com cama na proa, em vez do grande paiol sob a chaise.
A polivalência — importante naqueles casos em que a família não está nem um pouco interessada em pescarias — deve-se também à característica dos cascos. Catamarãs balançam pouco. A jornada ao mar fica muito mais confortável.
Embora espaçoso, como qualquer catamarã, o CatFish 35 tem 3,68 metros de boca, não exigindo vaga especial na marina e ainda assim garantindo o transporte terrestre dentro da normalidade para uma embarcação de 38 pés.
A CatFish 35 segue a cartilha dos barcos do tipo console central com pegada de pesca, com cockpit grande e desimpedido, embora tenha um banheiro de bom tamanho, que fica “camuflado” sob o painel de comando, e uma inteligente e charmosa área gourmet, com pia, área de apoio e churrasqueira a carvão, localizada à meia-nau, e não na popa, para não tumultuar a área de pesca, como as lanchas tipicamente de lazer.
Localizada ao lado do posto de comando, a boreste, onde a palavra “gourmet” está gravada no EVA que cobre toda a borda da amurada, a “cozinha” dessa 38 pés tem espaço para um prático fogão de uma só boca com cartucho de gás, uma churrasqueira a carvão, tábua de carne e pia com torneiras de água doce e água salgada, o que vai agradar aos pescadores e conquistar quem procura uma lancha multiuso, boa de pesca e de passeio. E ainda há uma pequena geladeira 12 volts, com controle de temperatura, instalada ao lado do posto de comando, também a boreste.
O toque de conforto para os passeios em família é acentuado por um sofá duplo com assento profundo (chaise longue) e encosto de cabeça, medindo 1,68 m de comprimento por 1,00 m de largura, que fica à frente do posto de comando central. Embaixo desse sofá há um grande paiol, que na verdade é uma caixa, que pode ser substituída pela extensão uma pequena cama, embora essa não seja a pegada do barco.
Sem contar o grande e confortável sofá em “U”, que ocupa toda a proa, onde também se pode armar uma mesa de centro, sobre a qual o projetista adicionou quatro porta-copos. E tudo é bem seguro, com distribuição de pega-mãos por todos os lados.
Mais à frente na proa, além dos cunhos bem posicionados, há uma caixa dupla para a corrente de âncora e uma outra reserva, com guincho elétrico, mas falta um chuveirinho de água salgada. Por outro lado, a mangueira em caracol flexível que fica na amurada, à meia-nau, consegue alcançar até ali, tanto de água doce quanto salgada.
No total, o CatFish 35 leva até 12 pessoas, incluindo o piloto, para passeios e pescarias sem apertos. Mas, se oferece muitos recursos para conquistar a quem procura uma lancha multiuso, é mesmo como barco de pesca que a ele dá seu show.
Da proa para a popa, sua (excelente) praça de pesca tem nada menos que 6 m² (2 m x 3 m), sem contar os assentos (dois bancos rebatíveis) e os nichos de pesca: três caixas de peixe e de iscas vivas, geleira e paiol para o transporte das varas, além de 14 porta-varas nos bordos e outros oito no T-top.
Sob o piso, ao redor do console central, há dois grandes paióis, que podem ser usados como caixas de peixe ou de gelo. São caixas de bom tamanho (1,90 m de comprimento por 0,80 m de altura) e drenadas direto para fora do casco. Um pouco atrás, há outra abertura no piso, reservada à inspeção visual do nível dos tanques de combustível.
Bombas de água doce e salgada para lavar o cockpit e tomadas específicas para conectar as carretilhas elétricas são itens opcionais, instalados na unidade testada, assim como as bordas acolchoadas nas laterais (amuradas), o que é ótimo para quem pesca. Além de todos esses recursos, o cockpit ainda se destaca por ser livre, o que ajuda na briga com os peixes.
Por sua vez, o posto de comando, central, com três assentos bem ergonômicos, é protegido por um para-brisa que se prolonga pelos dois bordos, além da capota T-top. O piloto tem visão panorâmica de 360 graus e a posição de pilotagem é bastante confortável. O console tem bom espaço para as grandes telas multifuncionais e outros eletrônicos, o que é essencial em uma lancha de pesca.
O painel tem quatro telas, sendo uma menor (posicionada mais embaixo, do lado esquerdo do volante), que concentra o gerenciamento elétrico, de iluminação, controle do som por ambiente, etc.; e as outras três na altura da vista do piloto, todas elas multifunção, de 12 polegadas, touchscreen, dispostas uma ao lado da outra, com toda integração entre motores, cartas náuticas, piloto automático, radar e sonar — este, atuando com os dois transducers de sonda, para uso específico em variadas situações de pesca.
Sobre a capota T-top, voltados para a proa, foram instalados dois jogos de luzes de led, com potência de 72 watts, além de radar, câmeras dianteira e traseira (interessante na hora do corrico) e um pegador de mão que circunda toda a extensão da capota. Ainda sobre o T-top, convenientemente voltados para a popa, há uma grande antena náutica de 50 db com apoio apropriado, um segundo farol de iluminação fixado em uma pequena torre, luzes de navegação e suportes de varas para pesca de corrico.
Também chama atenção a tecnologia embarcada, totalmente digital e à prova d’água. A SEC Boats fez uma parceria com uma empresa de grande know-how no setor que desenvolveu um sistema exclusivo para os barcos do estaleiro, com proteção IP68 (contra poeira e contato acidental com a água, podendo ficar submerso de forma contínua a até 3 metros de profundidade), incluindo as teclas do painel.
Além de ser totalmente digital e à prova d’água, esse sistema oferece vários recursos inéditos, como a ausência das chaves gerais convencionais e sistema de gerenciamento automático de cargas de bateria, por exemplo. Não há no Brasil um barco com sistema eletroeletrônico tão sofisticado.
Embutido sob o painel de comando, há um bom banheiro, largo e espaçoso (embora não seja alto), com vaso elétrico, pia e saboneteira e uma vigia para ventilação. Dentro desse banheiro, há um comando secundário, de chaves, para acionamento dos motores no modo tradicional, caso ocorra uma pane ou qualquer outro problema no sistema eletrônico.
Garantindo energia para tudo isso, o banco de baterias conta com duas unidades de 150 Ah cada, para os motores, e outras duas de serviço, também de 150 Ah cada, amperagem suficiente para alimentar todos os eletrônicos.
Para o embarque e desembarque pelos bordos, o estaleiro oferece a possibilidade de instalação de dois portalós nos costados, assim como na popa. Porém, na unidade testada por NÁUTICA, o proprietário optou por uma versão sem essas aberturas, fazendo-se necessário pular a amurada para entrar e sair da embarcação.
O CatFish 35 é feito por meio de laminação manual. O acabamento é esmerado e o casco, muito resistente, com três polegadas de espessura de fibra na laminação nas especialmente na obras vivas (área dos cascos que ficam em contato com a água). Para não deixar o barco muito pesado, todo o restante da laminação (casco, convés e demais áreas de fibra) foi feito com estrutura sanduíche, com núcleo de Divinycell.
Com isso, o deslocamento total, já com a motorização, é de cerca de 5,6 toneladas, o que significa que é um barco bastante robusto. Se o cliente preferir, o casco pode ser feito pelo sistema de infusão, ou seja, com a injeção de resina num molde fechado por uma bolsa de vácuo — depende do gosto do comprador.
O projeto leva a assinatura de André Soto, diretor de Desenvolvimento do SEC Boats, e a motorização é apenas de popa, uma tendência mundial em barcos de pesca, mesmo que tenham atributos de passeio.
COMO NAVEGA
Para avaliar a performance do novo CatFish 35, saímos para navegar pela Baía da Palhoça, próximo a Florianópolis, em Santa Catarina, em um dia de ótimas condições de tempo e mar, o que exigiu que nos afastássemos um pouco do abrigo costeiro e buscássemos ondulação para sentir os cascos trabalhando.
O barco estava equipado com dois motores de popa quatro tempos, injeção eletrônica, de 250 hp cada, além de 60% da capacidade do tanque de combustível, 50% de água doce e três pessoas a bordo. Acionados os manetes, o que se viu foi uma lancha muito estável, com cascos muito bem equilibrados.
A navegabilidade é prazerosa. Mesmo com marolas altas, não é preciso tirar a mão dos manetes: os dois cascos cortam as ondas sem perder a estabilidade.
Além disso, o catamarã navegou sem que as ondas batessem no papo, como é chamada a estrutura entre os dois cascos. Porém, o leme se mostrou mais pesado que o de uma lancha de casco único, como era de se esperar, aliás.
Seu raio de giro é bem maior que um monocasco do mesmo tamanho, como também era de se esperar. Mas isso não chega a ser um defeito, é uma característica dos catamarãs a motor. Não se pode esperar de um multicasco a agilidade de um monocasco.
Por se tratar da primeira unidade a ir para a água, algumas vibrações foram notadas, especialmente na área da popa, por conta dos muitos fechamentos de caixas, em virtude da enorme quantidade de paióis que a lancha oferece. Coisas que, com um ajuste fino, o estaleiro pode resolver facilmente.
Para testar os cascos em águas um pouco mais agitadas, trocamos a Baía Sul pela Baía Norte, e cruzamos a esteira de um trawler de 80 pés, além de marolas de outras lanchas. Em todas as situações, o CatFish 35 quase não sentiu impacto nem lançou água no cockpit, mantendo-se seca o tempo todo — os motores apenas trocaram água entre eles e a parte inferior dos cascos, produzindo um pequeno spray para cima em velocidades mais baixas.
O barco permite ajuste não só do trim elétrico (formando um conjunto perfeito entre o motor e os cascos) como do jack plate, que serve para levantar o motor de popa verticalmente, diminuindo assim o atrito do hélice e da rabeta com a água, sem, porém, alterar o trim da lancha — recurso que o pessoal da pesca adora, porque ajuda no corrico e na navegação, diminuindo o arrasto. Porém, na lancha testada por NÁUTICA, foi adotada a configuração standard.
Aceleramos o CatFish 35 tanto a favor quanto contra o vento. A velocidade máxima chegou a 34,3 nós. Por sua vez, a velocidade de cruzeiro rápido ficou em 28,5 nós, numa navegação tranquila, com 21,9 nós no cruzeiro econômico.
Na prova de aceleração, os dois motores de popa de 250 hp foram da marcha lenta aos 20 nós em 9,6 segundos, uma marca apenas razoável. Já o tempo de planeio ficou na casa dos 4,2 segundos. Para quem deseja turbinar o rendimento, esses motores podem ser substituídos por dois de 300 ou até 350 hp, que, claro, responderiam ainda melhor. O estaleiro oferece opção de até quatro motores de popa de 400 hp.
Manobramos também alternando o uso dos motores, característica que facilita a atracação e ajuda um bocado na briga com os peixes. As respostas foram adequadas e dentro do esperado.
Em resumo, uma lancha catamarã muito estável e gostosa de pilotar. Em uma analogia com as estradas, é quase como dirigir um Cadillac, uma das mais desejadas marcas nos EUA, que o cinema ajudou a eternizar. Quem pesca, vai gostar. Quem passeia, também.
PONTOS ALTOS
» Bastante espaço a bordo
» Construção robusta
» Tecnologia embarcada
PONTOS BAIXOS
» Casco um pouco pesado
» Ajuste dos motores sensível
» Aceleração até 20 nós razoável
Características técnicas
Comprimento total: 11,83 m (38,8 pés)
Comprimento de linha d’água: 10,56 m (34,6 pés)
Boca: 3,68 m
Calado com propulsão: 0,70 m
Altura do banheiro: 1,68 m
Combustível: 1150 litros
Água: 300 litros
Capacidade dia: 14 pessoas
Peso com motores: 5 600 kg
Potência: 2 x 250 hp a 4 x 400 hp
Motorização: popa
Quanto custa
A versão básica da lancha catamarã SEC Boats CatFish 35 custa a partir de R$ 780 mil, com dois motores de popa de 250 hp cada. Veja mais sobre o modelo clicando aqui.
Quem fabrica
O estaleiro SEC Boats está sediado na cidade de Palhoça, em Santa Catarina. Para saber mais sobre os modelo do estaleiro, acesse o site oficial clicando aqui.
Reportagem: Guilherme Kodja
Edição de texto: Gilberto Ungaretti
Edição de vídeo: TakeBoom Produções
Fotos: Rogério Pallatta e Victor Oliveira/TakeBoom
Gostou dessa reportagem? Clique aqui para receber gratuitamente o nosso serviço de envio de notícias por WhatsApp.
Náutica Responde
Faça uma pergunta para a Náutica
Relacionadas
Parada técnica do cruzeiro Villa Vie Odyssey rendeu a Gian Perroni e Angela Harsany um novo rumo além do programado roteiro mundial de 3 anos
Piloto brasileiro de F1 participou ativamente da construção de seus 3 barcos; um deles, Ayrton jamais conheceu
Novidade teve investimento de R$ 10 milhões e promete centro de eventos, bar rooftop e área vip na Marina da Glória
Essa será a primeira vez que um país africano receberá a competição, que acontece de 1º a 11 de maio de 2025; hexacampeão, Brasil briga por vaga
Animal só foi encontrado sete vezes ao longo da história, o que o torna um verdadeiro enigma para a ciência