Vela brasileira comemora os 50 anos da primeira medalha olímpica
Naquele dia 21 de outubro de 1968, Reinaldo Conrad e Burkhard Cordes não sabiam, mas estavam inaugurando o que viria a ser uma longa história de vitórias. Os dois conquistaram naquela data a primeira medalha olímpica da vela brasileira. Foi na classe Flying Dutchman, nos Jogos da Cidade do México. Uma conquista pioneira, que abriu caminho para as muitas glórias dos velejadores do país.
“O tempo passa. Já faz 50 anos. Mas parece que foi importante, porque até hoje a turma lembra. Foi muito bacana. A gente se esforçou para chegar lá”, lembra Burkhard Cordes, hoje com 79 anos.
“São coisas que a gente não esquece. O esporte era amador na época. Não havia tanta cerimônia. Patrocínio era proibido. A medalha foi a coroação de um esforço. O Burkhard e eu treinamos sozinhos na Represa de Guarapiranga durante anos”, diz Reinaldo Conrad, que hoje mora nas Bahamas, aos 77 anos.
A disputa da classe Flying Dutchman nos Jogos Olímpicos do México teve sete regatas. Os britânicos Rodney Pattisson e Lain MacDonald dominaram a competição, ganhando cinco provas e ficando com o ouro (3 pontos perdidos). Porém, a última regata foi vencida pela dupla brasileira, que assim selou a conquista do bronze, com 48,4 pontos perdidos. A medalha de prata acabou com os alemães Ullrich Libor e Peter Naumann (43,7 p.p.).
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“Lembro bem daquela última regata. Para que a gente tivesse chance de medalha, era fundamental ganhar a última prova. A gente conseguiu uma largada a sotavento excepcional e velejou o tempo inteiro na frente. Optamos pelo caminho certo e, com isso, conseguimos ganhar”, afirma Reinaldo Conrad.
A Flying Dutchman já não faz mais parte dos programa dos Jogos Olímpicos. Mas o resultado de Reinaldo Conrad e Burkhard Cordes abriu caminho para outros 18 pódios olímpicos da vela brasileira. É a modalidade que mais ouros olímpicos conquistou para o Brasil: sete.
“O grande show da vela brasileira começou em Moscou, nos Jogos de 1980, com Marcos Soares, Alex Welter e outros velejadores. Depois, houve uma evolução excepcional com a geração do Torben Grael, Lars Grael, Robert Scheidt. Em 1968, a gente não tinha ideia de que dali fosse nascer uma competitividade brasileira tão grande em Jogos Olímpicos”, diz Reinaldo.
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