Opinião: poluição provocada pelos esgotos dos barcos pode ser evitada
Ter um banheiro a bordo é um conforto e tanto, mesmo para quem não pernoita no barco. Mas, o que fazer com os dejetos? Despejados a três milhas da costa, tudo bem. Mas, e se o barco estiver perto do litoral ou em águas abrigadas? Pense nas consequências. Já está mais do que na hora de instalar uma caixa de esgoto.
Nos Estados Unidos, as leis proíbem que o esgoto — e até a água das pias e chuveiros — sejam despejados diretamente no mar a menos de três milhas da costa. Dentro desse limite, os detritos devem passar por algum tipo de tratamento ou armazenados antes de serem eliminados. Na Europa, idem. Já no Brasil, pouquíssimos barcos saem de fábrica com esse item que é considerado de série em países desenvolvidos. Sem contar que pouquíssimas marinas têm um sistema de aspiração para esvaziar as caixas de esgoto das lanchas e veleiros que retornam dos passeios. Assim, dependendo da consciência de cada um, o esgoto é despejado diretamente na água, muitas vezes sem a menor preocupação com a proximidade da costa.
Em São Paulo, a Cetesb está estudando normas para tornar a instalação obrigatória. Mas, independentemente da lei, todos nós podemos e devemos fazer a nossa parte. Equipar o nosso barco com uma caixa de esgoto é o mínimo que podemos fazer pelo meio ambiente e por nós mesmos. Antigamente, a gente parava em uma prainha e tinha a companhia de apenas dois ou três barcos. Hoje, não.
Equipar o barco com uma caixa de esgoto é o mínimo que podemos fazer por nós e pelas águas que usamos
Nossas águas estão coalhadas de lanchas e veleiros. E se todo mundo despejar o esgoto ao mesmo tempo? A praia vira um esgoto. O ideal seria que cada barco tivesse uma miniestação de tratamento de esgoto, como a Biodegradator, da Kälte-Tec, disponível para lanchas acima de 22 pés. Mas é um equipamento relativamente caro. Quem não quiser gastar muito pode optar por uma caixa de esgoto mesmo, que é a forma mais simples e barata de recolher as chamadas águas negras da embarcação.
Esse tipo de caixa pode ser encontrado em várias lojas de equipamentos e acessórios náuticos e custa cerca de R$ 3 500, dependendo da bomba, mais as mangueiras, válvulas, bocais e o custo da instalação. A caixa de esgoto também pode ser montada pelo próprio dono do barco. Para isso, basta a aquisição de uma caixa de polietileno, com paredes de pelo menos 6 milímetros de espessura, e de um jogo de mangueiras especiais para esgoto, que não deixam passar cheiro. Depois, é só ligá-la ao vaso sanitário. Com a caixa instalada, há uma válvula que permite jogar o esgoto para fora do barco ou encaminhar para essa caixa coletora, com capacidade a partir de 20 litros.
Se estiver em alto-mar, você pode despejar os dejetos direto na água. Acima de três milhas da costa, não tem problema nenhum. O mar absorve tudo. Já se estiver navegando em um lugar próximo à orla (uma praia, uma baía, uma enseada), o cocô e o xixi devem ficar contido na caixa, que tem um indicador de nível. No fim da viagem, o reservatório pode ser esvaziado na marina e seu conteúdo segue para a rede de esgoto. Para isso, algumas marinas dispõem de um sistema de aspiração, por bomba, que suga da caixa todos os dejetos.
Esse sistema deveria ser obrigatório, o que é comum lá fora. Infelizmente, não é. Mas nada impede o empresário de equipar sua marina, numa demonstração de consciência ecológica e bom senso. O preço é relativamente barato para uma empresa: a partir de R$ 2 mil. Se a sua marina não tiver, a solução é despejar o esgoto em alto-mar mesmo — algo que não faz muito sentido, em tempos de preocupação global com o meio ambiente.
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