Para entender as mudanças climáticas, grupo passa um ano no Ártico realizando estudos
A bordo do quebra-gelo Polarstern, cientistas passaram um ano no Ártico, fazendo estudos na terra gelada
No extremo norte do mundo, o Ártico é o epicentro das mudanças climáticas. No entanto, pouco se sabe o que realmente acontece por lá, como funciona a interação entre atmosfera e gelo, oceano e vida porque se trata de uma região inóspita e pouco acessível no inverno por causa da espessa camada de gelo no mar.
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Na verdade, pouco se sabia, porque a Mosaic (Multidisciplinary drifting Observatory for the Study of Arctic Climate), maior expedição de pesquisa de todos os tempos no Ártico, passou um ano na região mais fria da terra realizando pesquisas científicas dos processos climáticos que unem a atmosfera, oceano, gelo marinho, biogeoquímica e ecossistema.
A diminuição do gelo marinho é um símbolo do aquecimento global em curso: no Ártico, sua extensão caiu quase pela metade no verão, desde que os registros de satélite começaram na década de 1980. Menos estudadas, mas igualmente relevantes são a espessura e outras propriedades do gelo.
A questão do que isso significa para o futuro do Ártico e como essas mudanças podem impactar o clima global foram o impulso para a histórica expedição Mosaic.
Seguindo os passos do veleiro de madeira Fram, com o qual o norueguês Fridtjof Nansen se aventurou pela primeira vez no oceano congelado, uma equipe de 500 pessoas de 20 países, incluindo 300 cientistas de diferentes disciplinas sob a liderança de Markus Rex, tendo como gestor o Alfred Wegener Institute da Alemanha (AWI), assumiu o desafio de partir, mais de 125 anos depois, para o Ártico no outono de 2019, a bordo do quebra-gelo de pesquisa Polarstern, carregado de instrumentos científicos, e apoiado por uma frota internacional de embarcações e helicópteros.
A beleza dessa expedição, que durou 389 dias, navega agora no Museu Marítimo Alemão (DSM) / Instituto Leibniz de História Marítima, com a exposição INTO THE ICE – The MOSAiC Expedition in pictures. Seis fotógrafos renomados e participantes da expedição Mosaic — Esther Horvath, Lianna Nixon, Jan Rohde, Steffen Graupner, Mario Hoppmann e Michael Gutsche exibem cenas capturadas na terra gelada.
Algumas fotos são apresentadas em grandes quadros de luz led, criando a impressão de imersão na noite polar. É possível admirar a imagem de uma mãe urso polar com seu filhote, de Esther Horvath, fotógrafa da AWI, que recebeu o prestigioso prêmio World Press Photo na categoria ambiental em 2020.
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As fotografias nos apresentam o quebra-gelo Polastern, trazem vislumbres de luz para a noite eterna no norte, documentam a construção da cidade de pesquisa no gelo e deixam claro que a região do Ártico é mais sensível do que se supõe.
A partir de 1º de janeiro de 2023, todos os dados de pesquisa da Mosaic estarão disponíveis gratuitamente para estudantes, ONGs, partidos políticos, corporações, cidadãos comuns e, principalmente para cientistas de todo o mundo.
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Afinal, essas informações vão fornecer uma base científica mais robusta para decisões políticas sobre mitigação e adaptação às mudanças climáticas e para a criação de uma estrutura para gerenciar o desenvolvimento do Ártico de forma sustentável.
Por enquanto, sabemos que a expedição Mosaic documentou uma perda sem precedentes de ozônio na estratosfera do Ártico. Segundo estudo do Alfred Wegener Institute, Helmholtz Center for Polar and Marine Research (AWI) em conjunto com a Universidade de Maryland e o Instituto Meteorológico Finlandês, a destruição do ozônio no vórtice polar do Ártico pode se intensificar até o final do século, a menos que os gases de efeito estufa globais sejam reduzidos de forma rápida e sistemática.
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No futuro, isso também pode significar mais exposição à radiação UV na Europa, América do Norte e Ásia, quando partes do vórtice polar se deslocarem para o sul.
O Quebra-gelo
Research Vessel Polarstern, carro-chefe do Alfred Wegener Institute e ícone da pesquisa polar alemã e internacional, foi originalmente encomendado em 1982 e até hoje é um dos navios de pesquisa polar mais avançados e versáteis do mundo.
Entre 1999 e 2001, o navio foi completamente reformulado e agora carrega os mais recentes equipamentos e tecnologias disponíveis. É por isso que ele costuma operar 317 dias em média por ano, realizando pesquisas científicas e reabastecendo as estações de pesquisa administradas pelo Alfred Wegener Institute, como a Neumayer Station III, uma base antártica tripulada durante todo o ano.
O quebra-gelo não é apenas capaz de operar na área de gelo, mas devido ao seu casco duplo de aço e motores de 20 mil cavalos de potência, ele também pode facilmente quebrar gelo de 1,5 metro de espessura e superar gelos mais espessos por abalroamento.
Equipado para operações em temperaturas baixas, como no inverno do Ártico que faz até 50º negativos, o Polarstern não é tão frio em seu interior, onde cerca de 100 pesquisadores, técnicos e tripulantes da expedição Mosaic trabalharam e viveram.
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Além de vários laboratórios científicos, carregou equipamentos, instrumentos e contêineres de laboratório, e até mesmo um guindaste adicional especial. Além disso, o Polarstern tinha vários veículos (helicópteros, motos de neve, Pistenbullies, etc.) a bordo, permitindo que os pesquisadores fizessem medições e coletassem dados não apenas no observatório central, no chamado campo de gelo próximo ao barco, mas também nos locais de observação em uma área de até de 50 km de distância do RV Polarstern.
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