Tamara Klink torna-se a brasileira mais jovem a cruzar o Atlântico sozinha em um veleiro
Em uma jornada solo de 17 dias, Tamara Klink conclui em Recife a travessia do Atlântico, a bordo de um veleiro de 26 pés, batizado de Sardinha
Orgulho e, ao mesmo tempo, fonte de preocupação para o pai, Amyr Klink, a velejadora Tamara Klink deu mais uma prova de que o fruto não cai longe da árvore. Ou seja, assim como o pai famoso, um dos maiores aventureiros modernos, a jovem navegadora vem revelando um talento ímpar quando o assunto é navegação em solitário.
Três meses depois de soltar as amarras na costa da França para uma viagem de 4.200 milhas rumo ao Brasil (sozinha, claro, a bordo de um veleiro de apenas 26 pés), na noite desta segunda-feira, 1º de novembro, Tamara concluiu o trecho mais difícil da jornada: a travessia de 17 dias entre o arquipélago de Cabo Verde, na costa da África, e o Recife.
Já eram quase 11 horas da noite, quando ela desembarcou na capital Pernambucana, onde foi recepcionada pelos orgulhosos pais (Amyr e Marina Klink, que monitorou toda a viagem, oferecendo informações sobre a meteorologia, fundamentais para que a travessia fosse o mais segura possível) e por uma por parcela das mais de 70 mil pessoas que a seguiram pelo Instagram.
“Estou bem feliz de ter chegado aqui e contente que o barco está agora em segurança e que eu vou finalmente poder dormir numa cama que não se mexe, sem ter que me preocupar com o tamanho das ondas ou a força do vento. Foi muito emocionante!”, disse, bem-humorada, depois de ser recepcionada calorosamente pelos fãs.
Muitas pessoas sonham com uma grande aventura na vida. Poucas têm a coragem de abandonar a rotina segura e perseguir seu sonho até o fim. Com água salgada nas veias, e seguindo os passos do pai, Tamara faz parte dessa minoria. Em seu primeiro voo solo, ano passado, ela foi da Noruega à França. Agora, se lançou a uma travessia ainda mais arriscada.
Foram 1.700 milhas de mar aberto e deserto, sem nenhuma ilha por perto, e pouquíssimas possibilidades de ser socorrida, dada as distâncias para terra firme.
O veleiro, batizado por Tamara carinhosamente de Sardinha, devido a seu pequeno porte (apenas 8 metros) é um Maxi Magic, fabricado em 1984 pelo projetista sueco Pelle Petterson. A cabine tem um pequeno quarto, sala e cozinha.
No trajeto, como era de se esperar, aconteceram alguns imprevistos. Como os danos sofridos logo pelos dois pilotos automáticos, como ela revelou no Instagram, por meio das mensagens de SMS que enviava para a mãe postar. Em outro momento, velejadora precisou passar mais de uma hora pendurada no mastro, tentando tirar os nós formados pelo cabo de aço de uma das velas enquanto ela dormia.
Dificuldades que, depois de superadas, serviram de experiência. “É preciso saber enfrentar esses testes, porque fazem parte do aprendizado e do crescimento pessoal”, conta Tamara, que durante toda a travessia usou uma espécie de cinto de segurança, que a mantem atada ao barco o tempo todo, a fim de evitar quedas acidentais na água.
Ao concluir a viagem, o que deve acontecer em Paraty, ela pretende lançar dois livros de uma só vez: o “Mil Milhas”, sobre a sua travessia entre a Noruega e a França, e o “Um mundo em poucas linhas”, com reflexões em forma de poemas, textos e desenhos, tendo como fio condutor sua experiência sozinha no mar (ambos vendidos num só pacote, chamado Crescer e Partir, pela editora Peirópolis).
Como dizem os grandes aventureiros da era moderna, definitivamente, o impossível só existe até que nós encontremos uma maneira de torná-lo possível.
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