Caixão com formato de barco? Conheça prática curiosa da cultura Xiaohe
Durante a Idade do Bronze, povo enigmático povoou a Bacia do Tarim, na China, e se destacava pelas práticas funerárias


Um recente estudo publicado na revista Asian Archaeology revelou novidades sobre a cultura Xiaohe, que viveu na Idade do Bronze — entre 3.300 a.C. e 1.200 a.C. O povo se diferencia na história pelas práticas funerárias bastante elaboradas, que resultaram em uma preservação tida como “extraordinária” pela ciência. Entre elas está o uso de um caixão em formato de barco.
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A pesquisa foi assinada pelo arqueólogo suíço Gino Caspari. No artigo, ele contextualiza que as populações Xiaohe tinham hábitos de pastoreio, por isso o gado desempenhou um papel central na história deles.


Essa importância se mostrou presente nos ritos funerários dos Xiaohe, onde peles de gado eram usadas para cobrir caixões em formato de barco e crânios bovinos pintados marcavam as cerimônias dos enterros. Mas outros detalhes também chamam atenção.
Caixão em forma de barco cruzavam mundos
Entre os achados mais fascinantes estão os chamados “barcos funerários”. Os corpos dos Xiaohe eram enterrados em caixões com formato de barcos pequenos, cuidadosamente posicionados de forma vertical.


Cada caixão em formato de barco era envolto em peles de gado e coberto com estacas de madeira pontiagudas — que chegavam a quase dois metros de altura. Para os pesquisadores, a simbologia sugere que os mortos embarcavam em uma jornada espiritual através de um rio ou lago metafórico.
A ideia de viagem para a vida após a morte revela uma dimensão cosmológica da cultura Xiaohe, que via a travessia como parte do processo de morte.


O cemitério no coração do deserto
O cemitério desse povo foi descoberto no início dos anos 1900 e, até hoje, cerca de 170 túmulos foram revelados. A região se assemelha a um monte que se espalha por 74 metros de comprimento e 35 de largura, atingindo sete metros de altura.
A combinação do clima árido e da construção meticulosa dos túmulos resultou em uma preservação impressionante dos corpos e dos objetos funerários. Ou seja: os tecidos, ossadas e elementos orgânicos se mantiveram bastante intactos.
Mistérios no deserto da Ásia Central
Apesar dos avanços nas escavações, muitos aspectos da origem e da identidade dos Xiaohe seguem desconhecidos. Os pesquisadores ainda não conseguem definir a genealogia desse povo, que aparenta ter sido relativamente isolado no contexto da Ásia Central pré-histórica.


Caspari explica que a cultura Xiaohe representa um raro vislumbre das formas como grupos humanos reagiram às condições ambientais extremas com soluções culturais singulares, o que a torna uma peça única do quebra-cabeça arqueológico.
A riqueza simbólica dos túmulos somadas à preservação praticamente incomparável, alimentam debates entre arqueólogos e historiadores. Afinal, não é todo dia que se descobre um povo que transformava a morte em um ritual de travessia celeste, com caixões imitando barcos e bois como “guias”.
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