Remédios e dicas de exercícios para prevenir enjoos no mar
Saiba como preparar seu corpo para não enjoar e sofrer no passeio de barco
Dependendo da situação, a grande maioria das pessoas enjoa no mar. E o maior problema é que, depois que o mal-estar começa, não há remédio que dê jeito. Mas prevenir enjoos no mar é possível!
Só quem já sentiu na própria pele — ou, melhor dizendo, no estômago, embora o principal causador não seja ele — o desconforto causado pelo balanço intermitente de um barco na água, sabe o quanto o enjoo incomoda. E raros são os que nunca sentiram isso, já que a grande maioria das pessoas enjoa no mar.
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O correto é: quem costuma marear deve procurar um médico, que, muito provavelmente irá receitar um antiemético — nome que se dá aos medicamentos contra enjoo. Entretanto, ele deve ser tomado bem antes de embarcar no barco, de preferência já no dia anterior. Isso porque depois que o enjoo começa os remédios são de pouca serventia.
O enjoo é o típico caso em que prevenir é mesmo o único remédio. “A causa mais comum do enjoo do movimento é a hipersensibilidade do labirinto, mas o problema pode, também, ser provocado por uma labirintopatia, aquilo que de maneira geral chamamos de labirintite”, explica Fernando Ganança, especialista em otoneurologia, ciência que estuda a audição e o equilíbrio do corpo.
“Mas este problema só é encarado como doença quando traz limitações sérias ao cotidiano da pessoa, como quando uma criança não consegue sequer ir para a escola sem ficar enjoada no carro”, completa. Portanto, relaxe: não há nada de errado com o fato de você, eventualmente, ficar enjoado.
Remédios: para prevenir, não para remediar
Se você sabe ou suspeita que pode ficar mareado, deve tomar algum remédio contra enjoo um bom tempo antes mesmo de embarcar. A tontura, náusea, suores frios, palidez e outros sintomas ligados ao enjoo do movimento são causados pelo aumento de uma ou mais substâncias no organismo, chamadas receptores neurais, como a dopamina, histamina, serotonina e acetilcolina, que afetam as estruturas relacionadas ao vômito e ao equilíbrio.
São nestes receptores neurais que agem os medicamentos — boa parte deles vendidos livremente nas farmácias, embora com um ou outro efeito colateral. Por isso, o correto é sempre consultar previamente um médico, para que ele indique o medicamento mais eficaz e o modo mais seguro de usá-lo.
Esta regra se aplica, também, aos medicamentos fitoterápicos e homeopáticos. Os primeiros podem provocar efeitos tóxicos, se não administrados corretamente. Já os homeopáticos podem simplesmente não surtir efeito algum — mas, em situações de emergência, podem ser tomados em conjunto com os convencionais, pois não ‘brigam’ com eles.
De todos os medicamentos do gênero, o mais popular é o Dramin, que é considerado seguro, mas com o inconveniente de provocar sonolência, o que pode acabar com a graça dos passeios. Mas também são bastante usados o Dramamine, Plasil, Meclin, Stugeron e até Buscopan e Racutan.
As reações (boas ou ruins) aos fármacos, contudo, variam de uma pessoa para outra. Por isso, algumas preferem alternativas como os adesivos de escopolamina, que liberam o medicamento gradualmente por até três dias, ou, ainda, acupuntura e outros métodos naturais. Certo mesmo é que não adianta tomar o remédio que for quando o enjoo já começou. O correto é tomá-lo sempre antes, bem antes, de embarcar, para dar tempo de fazer efeito.
Para os que enjoam, uma boa notícia: já existem exercícios que “acostumam” o corpo aos balanços de um barco. Trata-se de uma forma de terapia ainda pouco conhecida, baseada em exercícios frequentes para os olhos, cabeça e corpo, que estimulam a parte do labirinto que responde pelo equilíbrio — como uma espécie de simulação do balanço do mar.
Exercícios para não enjoar no barco
Você pode praticar alguns exercícios, ainda em casa, para prevenir enjoos no mar. Confira algumas dicas:
- Com a cabeça fixa, movimente seguidamente, por dez vezes, os olhos para a direita e a esquerda. Depois, repita o exercício erguendo os olhos para cima e para baixo.
- Com um dos braços estendido, aproxime e afaste o dedo indicador do nariz, acompanhando o movimento com os olhos. Faça isso até que sinta um ligeiro desconforto, ou seja, quando seu braço começar a perder força e coordenação.
- Movimente a cabeça alternadamente para a direita e para a esquerda, para cima e para baixo. Faça isso o mais rápido que conseguir.
- Dando uma de malabarista, jogue uma pequena bola de uma mão para a outra, fazendo-a passar por cima da cabeça. O mais importante é acompanhar os movimentos da bola com os olhos.
- Com um dos braços estendidos, acompanhe com os olhos e a cabeça fixa, o dedo indicador em um movimento que descreva um grande círculo, nos sentidos horário e anti-horário.
- Sentado, jogue uma bolinha para cima, pegando-a com a mesma mão. Acompanhe o movimento com os olhos. Faça isso 20 vezes. E repita o processo em pé.
- Novamente de pé, jogue a bolinha na parede e pegue-a de volta, sem desgrudar os olhos dela.
- É o exercício mais simples — e o mais cansativo: sente e levante de uma cadeira por dez vezes seguidas.
- Fique descalço e ande em linha reta, tomando o cuidado de manter a cabeça erguida e olhando sempre para a frente, como uma modelo na passarela. Faça isso entre três e cinco minutos.
- Em seguida, sem parar, ande por mais alguns minutos em linha reta, olhando para os lados, alternadamente para a direita e a esquerda.
- Continue andando em linha reta, só que agora olhando para cima e para baixo, alternadamente.
- De pé, levante um dos joelhos e passe uma bolinha por baixo da coxa. Repita o movimento, com o lado oposto.
“Normalmente, são necessárias cerca de oito a doze sessões no consultório de um otoneurologista para surgirem os primeiros resultados”, diz Fernando Ganança sobre os exercícios para não enjoar no barco. “Depois disso, o paciente aprende os exercícios e pode fazê-los em casa mesmo”.
“Com a reabilitação vestibular, o organismo da pessoa se acostuma de tal forma com a movimentação que o balanço do barco vira apenas mais um deles e o corpo nem sente”, completa a otorrinolaringologista Maria Cristina Cury, professora da Universidade de São Paulo, em Ribeirão Preto.
É um sopro de esperança para quem vive dependente de remédios contra enjoos (Dramin, adesivos de escopolamina, etc., etc.), que por atuarem no sistema nervoso quase sempre causam sonolência. E sonolência, tal qual o próprio enjoo, também tira a graça de qualquer passeio no mar. Portanto, o negócio é prevenir, porque, depois que o enjoo começa, nem remédio ajuda. Só mesmo voltar para terra firme.
Consultor técnico: Guilherme Kodja
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