PlanHidro SP: como a maior metrópole do país pretende implementar o transporte aquático
Ao longo de 30 anos, projeto de R$ 8,5 bilhões deve abranger 180 km de hidrovias urbanas, incluindo rios como o Pinheiros e Tietê
Quem olha para a cidade de São Paulo nem imagina que, até meados do século 20, a metrópole utilizava suas águas para a navegação fluvial, esportes náuticos e atividades de lazer. Depois de enterrar seus próprios rios ao longo dos anos, a criação do Plano Municipal Hidroviário (PlanHidro SP) prevê um cenário próximo do anterior de volta, em 30 anos.
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A ideia faz parte de um plano estratégico que visa integrar transporte aquático, lazer, ecoturismo e educação ambiental para promover o desenvolvimento sustentável — tudo isso ao longo de três décadas.
Previsto no Plano Diretor de 2023, a iniciativa de R$ 8,5 bilhões abrange 180 km de hidrovias urbanas, incluindo rios e reservatórios como Billings, Guarapiranga, Pinheiros e Tietê.
Entre os principais objetivos está reduzir a dependência do transporte rodoviário, diminuindo assim emissões de gases de efeito estufa — a expectativa é de que sejam utilizados barcos com motores elétricos. Atualmente, 61% das emissões dos gases na cidade vem do transporte.
Melhorar a gestão de resíduos por meio de ecoparques e transportes fluviais, beneficiar 5,7 milhões de pessoas que vivem próximas aos corpos hídricos e ainda criar infraestruturas turísticas, como ecoportos, gerando renda por meio do lazer, também estão entre as ideias principais.
Outro ponto de destaque vai para o uso das hidrovias como alternativa para o transporte de cargas. Estima-se que 60 barcos urbanos de carga poderiam substituir até 600 caminhões nas ruas da cidade, aliviando, assim, o tráfego nas vias terrestres.
Como o PlanHidro SP funcionará na prática
De forma geral, o plano prevê a instalação de 40 ecoportos pelos cursos d’água da capital paulista. A expectativa é de que 71 barcos de passageiros circulem pelas hidrovias, promovendo embarque e desembarque, principalmente nas proximidades de grandes estações de trem e metrô.
Inicialmente, as ações devem priorizar as represas Billings — onde já funciona o Aquático SP, que liga o Cantinho do Céu ao Parque Mar Paulista, no bairro Pedreira — e Guarapiranga, uma vez que que estas detêm, principalmente, melhor qualidade das águas. Nestes locais, as hidrovias deverão estar consolidadas até 2031.
Na sequência virão rios Pinheiros e Tietê, que apresentam, segundo o Plano, “desafios técnicos mais complexos”, como a qualidade das águas e a profundidade para navegação. Para se ter uma ideia, dos R$ 8,5 bilhões previstos, serão gastos R$ 1,4 bilhões com a dragagem do rio Tietê. Aqui, as obras deverão ser concluídas entre 2032 e 2034.
Um novo Rio Tietê
Conhecido, principalmente, pelo mau cheiro, o rio Tietê é o maior de São Paulo. No PlanHidro SP, ele foi dividido em dois canais: Central e Central Leste. A divisão dará aos passageiros acesso a diversos pontos estratégicos, como estações de metrô.
No canal Central estão previstos nove pontos de embarque, os Ecoportos. Por lá a proximidade será com a Linha 1-Azul do Metrô e a futura Linha 6-Laranja. Já no canal Leste, cinco estruturas estão previstas até o momento, em regiões como a Penha, Parque Ecológico do Tietê, USP Leste, Jacu e Itaquera.
Um novo Rio Pinheiros
O Rio Pinheiros também será dividido em dois canais diferentes: Superior e Inferior. Estima-se que os passageiros que utilizarem o transporte aquático na região façam uma baldeação no futuro Ecoporto da Vila Leopoldina.
No canal superior, sete estruturas estão previstas. Os portos permitirão que os passageiros tenham acesso a Linha 9-Esmeralda e, ao mesmo tempo, serão locais de lazer.
O Inferior, por sua vez, deve receber menos estruturas. Em contrapartida, o trecho contará com atrativos para a população, como um centro de esportes náuticos e parques fluviais, em pontos como a Vila Leopoldina, Jaguaré, Pirajussara, Córrego Verde, Jockey e Uberaba.
Em 2024, o PlanHidro SP está sendo aprimorado em conjunto com a população. Até 22 de dezembro, o munícipe pode realizar contribuições online em consulta pública na plataforma Participe+. Após a análise e sistematização das sugestões, a Prefeitura pretende consolidar a versão final do Plano. A publicação do decreto que oficializa o projeto está prevista para 2025.
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