Neto de Jacques Cousteau está construindo o maior centro de pesquisas subaquáticas do mundo
O objetivo é disseminar conhecimento para beneficiar o futuro do planeta
Para Fabien Cousteau, neto de Jacques-Yves Cousteau, a água tem sido um meio de vida. Como aquanauta e conservacionista do oceano, ele seguiu os passos do avô a fim de desvendar os mistérios da vida subaquática. Agora, ele está focado em um novo objetivo: criar o maior laboratório de pesquisa subaquática do mundo.
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Batizado em homenagem ao deus marinho mitológico, Proteus foi concebido como a versão subaquática da Estação Espacial Internacional. Será uma plataforma habitável de 370 metros quadrados, capaz de acomodar até 12 pessoas, para pesquisa científica e oceânica.
Com base no legado das bases subaquáticas em que Jacques Cousteau foi pioneiro na década de 1960, Proteus dá um passo à frente. Equipado com laboratórios de última geração, permitirá que os pesquisadores processem suas amostras em tempo real.
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Proteus não só fornecerá acesso sem precedentes ao oceano para os aquanautas e cientistas a bordo, mas também para o mundo – Fabien Cousteau
“Haverá um laboratório de produção de última geração no local, que permitirá a transmissão ao vivo das palestras, conexão às redes sociais e a realização de entrevistas com a imprensa. Ter esse tipo de acesso ao oceano é necessário para que quaisquer mudanças sejam feitas — já que, como disse meu avô, ‘As pessoas protegem o que amam, amam o que entendem e entendem o que lhes é ensinado’. Sem o conhecimento do oceano sendo explorado e compartilhado, como podemos começar a criar qualquer mudança significativa?”
Ligado ao fundo do oceano por pernas projetadas para se adaptar ao terreno variável, o projeto é assinado por Yves Béhar, do Fuse Project, que apresentou soluções para os desafios enfrentados por Fabien quando passou um mês a bordo do Aquarius, em 2014.
Uma série de cápsulas modulares são fixadas ao corpo principal e acomodam uma variedade de usos, como laboratórios, dormitórios, banheiros, compartimentos médicos e sistemas de armazenamento.
A cápsula maior contém um local para a ancoragem de submersíveis. Essas cápsulas podem ser anexadas ou desconectadas para se adaptar às necessidades específicas dos usuários ao longo do tempo.
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O projeto de Yves Béhar não inclui apenas a adição de laboratórios no local, mas um layout que maximiza a qualidade de vida debaixo d’água. Os dois andares do Proteus são conectados por uma rampa em espiral para estimular a atividade física e o movimento dos habitantes.
O espaço social central é cercado por cápsulas que abrigam salas de estar, laboratórios, instalações médicas, área para refeições, cozinha e banheiros, projetados para serem acolhedores e confortáveis.
A base de pesquisa também terá a primeira estufa subaquática para que os residentes possam cultivar alimentos vegetais frescos, para resolver o desafio de não poder cozinhar.
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Além disso, o Proteus incluirá uma instalação de produção de vídeo, capaz de transmitir a partir do oceano, em resolução de 16K. Fabien espera que seja uma versão moderna dos especiais de TV dos quais seu avô foi pioneiro e que inspirou gerações de exploradores marinhos a partirem para a pesquisa de campo.
Vigias e claraboias ajudam a trazer o máximo de luz natural possível, enquanto as luzes de espectro total garantirão que os cientistas recebam a quantidade mínima de exposição aos raios ultravioleta necessária a cada dia.
A criação do Proteus foi inspirada pela Mission-31, uma experiência realizada em 2014, onde Fabien Cousteau viveu 31 dias a bordo do habitat submarino Aquarius, acompanhado por uma equipe de 5 aquanautas.
O habitat foi desenvolvido pela Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA) em 1986 e, em 2013, a Universidade Internacional da Florida assumiu o seu comando.
Um dos empolgantes benefícios do Proteus é que ele permitirá um estudo mais extenso da vida no fundo do mar. “Viver debaixo d’água dá a dádiva do tempo e a incrível perspectiva de ser um residente no recife. Você não é mais apenas um visitante”, diz Sylvia Earle, bióloga marinha, exploradora e Embaixadora do Oceano do Fabien Cousteau Ocean Learning Center.
Os dados capturados pelo Proteus podem ampliar a compreensão dos cientistas sobre a salinidade, acidez, variações de temperatura e poluição e, assim, elaborar previsões mais assertivas de tempestades e fornecer uma imagem mais completa do aquecimento dos oceanos. Além disso, amostras de algas, corais e peixes podem levar empresas farmacêuticas a encontrar novas curas para doenças humanas.
A equipe do Fabien Cousteau Ocean Learning Center espera ter o projeto pronto em três anos. Por meio dele, Fabien espera aumentar a conscientização sobre a necessidade de avançar na pesquisa oceânica. “Embora Proteus possa parecer uma ideia maluca, todos os envolvidos na concretização do projeto são apaixonados, conhecedores e ousados”, afirma Cousteau.
“O entusiasmo com esse desafio contagia ainda mais pessoas — e ilustra como a exploração subaquática é tão inspiradora quanto a exploração espacial. E se não for tão importante, é mais importante. Embora eu seja um grande defensor da exploração espacial — e um dia espero explorar as águas de Marte –, por que ir a centenas de milhares de quilômetros de distância quando você pode mergulhar debaixo d’água em nosso próprio planeta Terra?”
A ideia é que o habitat de pesquisa subaquática fique localizado na costa de Curaçao, no Caribe, a 18 metros de profundidade, como plataforma para a colaboração global entre os principais pesquisadores, acadêmicos, agências governamentais e corporações do mundo para promover o avanço da ciência, a fim de beneficiar o futuro do planeta.
Além do Proteus, Fabien Cousteau ambiciona construir mais um habitat, o Triton, a mais de 182 metros de profundidade. E tem planos de usar robôs submarinos autônomos para explorar o oceano a uma profundidade de mais de 609 metros.
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