Pesquisadores descobrem navio viking de mais de mil anos enterrado
Os vikings foram grandes navegadores e são responsáveis por um tremendo avanço na engenharia náutica de seu tempo. E, como outros povos navegadores, antes de qualquer tentativa era preciso descobrir um meio seguro, mas avançado, para então se lançar ao mar. E eles descobriram: o Drakkar.
O Drakkar é a máquina de navegação mais avançada da época, e surgiu no século 9. Tinha comprimento médio de 28 metros e largura de 3 metros. Estima-se que a velocidade fosse de até 12 nós — excelente para a época e para os tempestuosos mares do Norte em que navegavam.
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O achado estava enterrado em um antigo cemitério, perto de uma igreja na ilha de Edoeya, na Noruega. O navio foi descoberto pela primeira vez em setembro de 2019, em uma área que parece ter sido anteriormente um túmulo.
A descoberta não é única, mas como apenas três outros navios semelhantes foram encontrados enterrados na Noruega, certamente é rara. Para isso, foi necessário utilizar de muitas tecnologias. A principal delas foi o georadar, que consiste em um método não destrutivo para se investigar o subsolo.
Acredita-se que as partes do navio atualmente visíveis eram a quilha e as duas primeiras travessas (pranchas), de cada lado da embarcação. O comprimento da quilha, em combinação com dados obtidos de descobertas anteriores, permitiram que os cientistas fizessem uma estimativa do tamanho do navio.
De acordo com os sites locais, os primeiros indícios de que havia algo interessante no subsolo de Edoeya foram encontrados um ano antes, em setembro de 2018. Os pesquisadores envolvidos na descoberta contam que ficaram intrigados com as descobertas, e, em setembro de 2019, eles voltaram ao local e tornaram a usar o equipamento, quando encontraram o navio Viking.
O Drakkar tinha um calado relativamente curto, que permitia que entrasse por rios bem rasos, ou encalhasse facilmente nas praias. Era feito de toras de carvalho e podia levar até 40 tripulantes. Seu nome deriva das cabeças de dragão esculpidas em madeira, colocadas na proa da embarcação para aterrorizar os inimigos.
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A embarcação de 28 metros não era o único modelo viking, a exemplo dos Knarr, que eram navios de carregamento oceânico e que facilitavam redes comerciais distantes. Além desses, outro papel muito importante para a época e desempenhado pelos Knarr era a colonização de países como Islândia, Groenlândia e América.
Os navios de carga eram maiores e mais largos em relação ao comprimento do Drakkar, e tinha apenas um número limitado de remos para ajudar com manobras em canais estreitos.
Apesar desse avanço no conhecimento náutico de outros tempos, a notícia é de que não há planos para desenterrar nenhuma embarcação. Knut Paache, chefe do Departamento de Arqueologia Digital da NIKU’ (um instituto de pesquisas e avaliações de impacto sobre locais e paisagens de patrimônio cultural, comunidades e populações indígenas no Extremo Norte) ainda completou, falando que a descoberta é “excitante e incomum”.
Para ele, esse momento não só é historicamente significativo, mas também uma oportunidade de agregar conhecimento à sua base, já que o navio pode ser investigado e reproduzido com tecnologias modernas.
Quanto à idade do navio, os pesquisadores explicaram que ainda é cedo para saber uma informação definitiva sobre a idade do navio, apesar de ainda arriscarem um palpite: estima-se que o Drakkar seja da era merovíngia, o que o tornaria uma embarcação de mais de 1 000 anos.
Através dos registros históricos, sabe-se que um costume viking muito presente era enterrar seus grandes chefes com os navios. Desta forma, Paache observou que, para quem quer que fosse o navio, eles não foram enterrados isoladamente. O mesmo local também continha evidências de pelo menos oito outros túmulos e de tamanho substancial — em alguns casos, com quase 27 metros de largura.
Por Naíza Ximenes, sob supervisão do jornalista Maristella Pereira
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