Conheça a trajetória de um grande apaixonado pelo mar: Mauro Dottori

Por: Redação -
14/07/2021

Com uma paixão visceral pelo mar, o empresário e velejador Mauro Dottori aposta no foco, disciplina e valores bem consolidados para atuar na vida pessoal e profissional, na vela, no motor e como dirigente náutico.

 

Mauro Dottori já tinha se programado antes da pandemia para curtir um pouco mais a vida. Desde julho de 2019, deixou a presidência para atuar como presidente do conselho da MPD Engenharia, empresa que ele criou há 38 anos e hoje conta com mais de 3 milhões de metros quadrados na construção e incorporação de apartamentos de médio e alto padrão, escritórios, consultórios, shopping centers, escolas, hospitais e indústrias.

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“Não caminhar por caminhos mais fáceis, não desviar: esta é minha filosofia de vida”

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Não, não se trata de não trabalhar mais, isso está fora de cogitação. Ele está apenas em novo ritmo, como diz, respaldado pelos recursos tecnológicos que permitem reuniões virtuais e outras facilidades. E isso para ter mais tempo de curtir o mar — seja a casa na praia, o iate ou o veleiro. Se for tudo isso acompanhado da família e dos amigos, melhor ainda.

 

Mauro Dottori é, de verdade, um homem do mar. “Minha paixão é o mar. E isso nasceu junto comigo, porque existe desde que me lembro por gente”, diz.

 

Na verdade, seu pai começou a frequentar Ubatuba em 1963, quando Mauro tinha apenas 6 anos, e construiu uma casa que ficou pronta dois anos depois. “Ali a gente passava as férias de verão, que naquela época duravam três meses. Foi lá também que eu comecei a fazer todos os esportes náuticos: primeiro, aprendi a nadar, depois comecei a esquiar em um bote a motor, fiz pesca submarina — tinha muito peixe, garoupa, lagosta, tudo, infelizmente hoje a realidade não é essa”.

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Com a esposa e supercompanheira Regina, Mauro reúne os filhos, suas namoradas e amigos no barco para explorar o litoral

Aos 13 anos, Mauro e o irmão Marcio ganharam um Hobiecat 14, mas não havia instruções nem professor para ensinar a velejar — era na cara e na coragem. “Mas tinha uma pessoa muito boa, o pai do Flávio, um grande amigo que me acompanhava nas aventuras marítimas, que conhecia vela porque era do São Paulo Yacht Club, e nos ajudou bastante. Foi uma época muito rica”, lembra.

 

A sensibilidade do pai em ver o gosto dos filhos pelo mar o levou a sugerir que entrassem na Marinha: “Pra gente, foi a fome com a vontade de comer! Era uma seleção disputada para ingressar no colégio naval, o ensino era difícil e muito bom – me permitiu fazer uma boa faculdade depois, a Escola Politécnica. Já entrei sabendo alguma coisa de navegação, mas foi lá que se formalizou essa história de paixão pelo mar, valores. Eles ensinam não só essa parte de mar – eu velejava de Snipe — como civismo, uma série de coisas que hoje faz um pouco de falta no meio civil. Pensar mais no Brasil, na pátria, na coletividade e menos na individualidade. Dou muito valor”.

 

Formado Engenheiro, Mauro parou de velejar em 1990, e só voltaria 20 anos depois, mas não ficou longe do mar. Casou, teve uma lancha de 20 pés, trocou por outra de 36 pés, depois 41 pés, 42 pés, 52 pés e atualmente se diverte com a família e os amigos a bordo de uma Princess de 62 pés.

 

“É muito gostoso para sair com a família. Meus filhos esquiam, eles têm paixão pelo mar também. O mais novo faz Wake surfe e, junto com amigos, a gente se diverte muito no barco”, ele conta, acrescentando que tem também uma lanchinha para passeios de um dia em praias aonde não se chega de iate.

 

Para curtir o mar, ele se mantém fiel a Ubatuba. Ficou sócio do Ubatuba Iate Clube em 2000, e logo depois foi convidado a fazer parte do Conselho, onde permaneceu por sete anos, quatro dos quais como presidente.

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Na adolescência, Mauro experimentou todos os esportes do mar, como surfe, esqui, pesca, vela. Adulto, investiu no prazer de velejar, e só não está se dedicando mais a essa paixão por conta da pandemia

Em 2016 o amigo José Yunes, então Comodoro do Yacht Club de Ilhabela, pediu sua ajuda para coordenar a Semana de Vela. “Existem dois tipos: o diretor que trabalha e o que gosta de oba oba. Eu sou do primeiro grupo”, afirma.

 

Depois, Mauro se tornou Diretor de Vela a pedido de José Luiz Gandini, que substituiu Yunes. “Comecei fazendo a Semana de Vela, apanhei bastante, mas graças a Deus deram certo as duas edições físicas e uma virtual, durante a pandemia, ano passado”.

 

Em maio de 2020, quando o mundo ainda vivia o impacto do isolamento social global em função da pandemia do Coronavírus, Mauro comunicou, com muita dor no coração mas também com muita responsabilidade, o cancelamento da 47ª Semana Internacional de Vela de Ilhabela.

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No entanto, esta edição da SIVI entrou para a história com um evento inovador e responsável: de 27 a 30 de julho de 2020 foi realizada a edição virtual da competição de vela mais importante da América do Sul, com 20 provas online por meio do simulador Virtual Regatta, com a participação de 80 jogadores.

 

Com direito a abertura virtual, várias lives no Mit Talks e narração das regatas, só não teve vento no rosto: “Foi muito legal, teve grande adesão e o vencedor foi um garoto de 14 anos. Mas é preciso conhecer um pouco de vela, não basta ter habilidade de jogo. O mais importante é que não interrompemos a tradição de mais de 40 anos. O desafio está em vencer as dificuldades e não deixar nossa chama apagar. Nossa responsabilidade é manter isso vivo”.

 

A edição da SIVI neste ano ainda está indefinida, pois depende da situação da pandemia no país. “Talvez eu consiga fazer a Semana de Vela. Temos que estar preparados para que ocorra, mas não depende de nós”.

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O colégio naval ensina uma série de coisas que hoje faz falta no meio civil. pensar mais no brasil, na pátria, na coletividade e menos na individualidade.

Esse ano, por exemplo, só foi possível participar de uma regata em Florianópolis, durante o Circuito Santa Catarina de vela de oceano, que ocorreu em janeiro, quando a segunda onda do Covid-19 ainda não tinha causado o tsunami por aqui.

 

Embora ele afirme que a vela é um esporte em que mais se perde do que se ganha, Mauro é assumidamente competitivo. “Investi no C30 e apanhei até montar uma tripulação legal. O barco é muito gostoso, me divirto bastante ao velejar. Agora não fico mais no leme, porque tem uma garotada melhor que eu, que já estou com 63 anos”.

 

Sem poder velejar o tanto que gostaria — tinha até feito um programa de treino com sua equipe –, Mauro está só no motor. Durante essa entrevista para NÁUTICA, no final de março, ele estava em Ubatuba, embarcando para passar uns dias em Paraty.

 

Com a agenda mais livre, porém nem tanto, ele diz que é uma questão de equilíbrio “trabalhar e poder usar o barco, se divertir”. A diversão tinha data para acabar, já que no início da semana uma reunião o aguardava em São Paulo, onde ele ficaria até o meio da semana e depois voltaria para passar pelo menos 10 dias em Ubatuba. “Sempre trabalhei muito e, nos finais de semana e feriados, quando escapava eu corria para o mar”.

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Com a mulher, os dois filhos e muitos amigos, Mauro se diverte e descobre novos lugares a bordo de sua Princess de 62 pés. Sua diversão também é garantida ao velejar no C30 Caballo Loco

Agora ele pode correr para o mar com mais frequência e aproveitar ao máximo os prazeres da convivência com a família, de explorar esse litoral imenso e lindo a bordo de seu confortável iate e conhecer praias a bordo da lanchinha.

 

“Costumo ir de Ilhabela a Angra dos Reis. Ubatuba tem mais abrigo, Ilhabela também, Bombinhas, Florianópolis, de Paranaguá até Santos. O litoral brasileiro é maravilhoso. Rio Grande do Sul é um pouco pior em termos de navegação porque as praias são muito abertas. O eixo São Paulo — Rio, assim como a Bahia são excelentes para navegar e tem lugares lindos. Vitória também, mas é um pouco mais longe. Eventualmente vamos com a lancha pequena às praias que não têm abrigo”.

 

Como se vê, Mauro roda pra valer por esse marzão. E claro que encontra dificuldades pela falta de infraestrutura. “A estrutura melhorou bastante. No litoral de São Paulo e Rio é um pouco melhor, mas há falta de vagas, já que hoje os barcos são maiores. Salvador está desenvolvendo muito. Em Fortaleza, há quadrilhas que brigam para decidir quem vai assaltar os barcos. Às vezes você só encontra o diesel que não é apropriado para abastecer, mas tudo é compensado pela beleza do nosso litoral: a vegetação, o calor, a serra, o mar”.

 

Como dirigente de empresa, como dirigente de clube, como pessoa, Mauro acha que é cada vez mais importante que a sustentabilidade seja a base da gestão. Ele acredita que os clubes estão ativos nesse sentido, principalmente na parte ambiental, pois já evitam o impresso, não utilizam elástico para prender as tags de competição nos barcos, que acabam indo parar no mar — e não só no dia a dia, mas todos os eventos devem ter essa preocupação.

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“Os projetos devem ser educativos. O Yacht Club de Ilhabela, por exemplo, promove a coleta de lixo no Dia do Mar, ocasião em que reiteramos a importância de não jogar nada na água”.

 

Para ele, na vela e nos negócios é preciso ter foco e disciplina. “E outra coisa: precisa querer. Para ter sucesso em alguma coisa, é preciso querer. Aceita o sacrifício de ser campeão? É preciso querer, treinar muito. Quer ser bem-sucedido? É preciso passar fins de semana trabalhando, fazer planilhas até meia-noite. Tentei levar valores que aprendi na escola naval para a vida. Costumo salientar o valor da humildade, da ética, do meio ambiente. Com esses valores, a gente enfrenta as dificuldades. Não caminhar por caminhos mais fáceis, não desviar — esta é minha filosofia de vida”.

 

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