A caminho da Refeno 2020, veleiro catarinense enfrenta contratempos, mas segue firme
Velejando de Porto Belo a Recife, tripulação do Allegro teve de fazer várias paradas forçadas com seu Fast 395, mas não desistiu
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Agora, os mares já estão tranquilos e os ventos, soprando a favor. Porém, até chegar em Salvador, dia 18 de agosto, vindo da catarinense Porto Belo — onde soltou as amarras de seu veleiro de 40 pés dia 5 de março com o objetivo de participar da regata Recife-Noronha (Refeno), com largada programada para o dia 10 de outubro —, o comandante Carlos Emmel e sua tripulação tiveram de fazer várias paradas forçadas, por conta de avarias em seu Allegro, um Fast 395, que já soma 30 anos de mar. No entanto, eles seguem firmes e destemidos, provando que o velho 40 pés é um barco, acima de tudo, forte.
Durante o percurso de cerca de 1400 milhas náuticas, o veleiro sofreu várias quebras que quase obrigaram os velejadores a chamar resgate. Além disso, por um triz não se chocou com uma baleia nos arredores do arquipélago dos Abrolhos, no litoral sul da Bahia.
“A primeira quebra aconteceu no dia 30 de julho, quando já estávamos no través de Maricá, sob condições severas de mar e ventos de 25 nós. Do nada, perdemos a governabilidade do leme, que girava em falso”, conta Carlos Emmel, que é capitão amador. “O barco rodopiou umas quatro vezes, em giros alucinados, até que, com a ajuda do leme de fortuna, conseguimos retomar o controle”, lembra ele, que optou por voltar a Ilha Grande, onde havia iniciado essa perna da viagem.
Após de oito horas navegando com dificuldades e de serem ancorados na Enseada das Palmas, descobriram que houve um erro na montagem do sistema do eixo do leme. Um parafuso mal apertado se soltou e, com isso, a roda e o eixo se deslocaram para trás, fazendo com que uma trava acabasse escapando.
No dia seguinte, com tudo arrumado, o Allegro reiniciou a travessia. Mas, uma nova quebra do leme obrigou a tripulação a buscar abrigo em Niterói. “Desta vez, os cabos de aço do sistema, na junção com a corrente, foram presos sem o uso de porcas autotravantes. Pelo esforço da navegação mais severa, os cabos se soltaram, girando uma folga que fez com que a corrente escapasse da cremalheira”, explica o comandante do barco, que mais uma vez com a ajuda do leme de fortuna e do piloto automático, conseguiu encontrar abrigo no píer do Clube Naval Charitas.
Tudo remontado, agora com porcas autotravantes em cada terminal, os navegadores apontaram a proa para Vitória. No dia 5 de agosto, quando já estavam fazendo a manobra de atracação no Iate Clube do Espírito Santo, a aparente vocação para má sorte se manifestou mais uma vez. “Parece incrível, mas o leme falhou novamente. Desta vez, o diagnóstico foi de que na montagem, feita em Ubatuba, não foi observado que o sistema que limita o curso dos cabos e corrente não estava instalado, apesar do cabo estar no lugar. Daí que quando a manobra era feita com todo o leme para um dos bordos, o cabo de aço chegava na cremalheira e pulava fora do sistema”, explica o capitão do Allegro.
Felizmente, Carlos e sua tripulação — os amigos Reinaldo Souza e Nelson Santos (de Curitiba), Ricardo Conolly (de Itajaí), François Jumes (de Florianópolis) e Elio Fernandez (de Paraty) — tinham tempo de sobra para enfrentar os desafios, já que passam a quarentena a bordo do veleiro, enquanto seguem viagem em direção a Recife.
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“A ideia era levar o barco para Ubatuba em março, não por conta da Refeno, mas para fazer os reparos necessários, que eram: a troca do estaiamento, revisão do sistema de leme, da geladeira e a troca da placa solar. Em seguida, sair ‘cruzeirando’ lentamente por Paraty, Ilha Grande e Angra, conhecendo melhor essa região. A realidade já não foi assim, pois a pandemia acabou atropelando tudo. Nesse cenário, a subida da costa, com os tripulantes completamente isolados a bordo, nos beneficiou”, diz Carlos, que ressalta:
“De Vitória a Salvador, com exceção da passagem pelo Cabo de São Tomé, a velejada foi maravilhosa! Além disso, o Allegro se mostrou valente e confiável novamente, como um bom Fast que é”.
O veleiro permanece em Aratu, na Bahia, até o dia 10 de setembro, quando parte preguiçosamente para Barra de São Miguel, em Alagoas, e dali para Recife, onde aguardará a largada da Refeno 2020, no dia 10 de outubro.
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