Evite acidentes: 6 riscos elétricos para ficar de olho no seu barco
Incêndios são a principal causa de perda de embarcações; conheça perigos mais frequentes e saiba como evitá-los
Diferente do que se pode imaginar, os naufrágios não são a causa mais frequente para a perda de embarcações, mas, sim, os incêndios. Para evitar acidentes, é importante ficar atento aos principais riscos elétricos no barco que podem comprometer sua segurança.
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Por isso, a equipe de NÁUTICA separou seis deles para você ficar de olho e reforçar a manutenção na próxima vistoria de sua embarcação, seja ela qual for. Confira a seguir!
Terminais e conexões em mau estado
O “coração” das instalações elétricas são os terminais e as conexões, especialmente das baterias. Se eles estiverem frouxos, podem superaquecer e derreter os cabos. Para evitar isso, faça um check-up completo, tanto na fiação quanto nos seus complementos, pelo menos uma vez por ano.
Além de verificar se estão soltos, vale conferir potenciais pontos de corrosão. Essa resistência à passagem de corrente causa o superaquecimento dos cabos que causam riscos elétricos, como incêndios.
É importante ter cuidado com a corrente alternada, sendo recomendada a utilização de IDR (Interruptor Diferencial Residual) — dispositivos que interrompem a passagem de corrente quando há uma diferença entre o que entra e o que sai de energia. Ou seja, em geral, quando há uma fuga de corrente ou quando alguém leva um choque, esse dispositivo salva vidas.
Voltagem diferente nas tomadas da marina
Como a maioria das marinas não segue um padrão na voltagem, há sempre a possibilidade de a tomada do cais não ser compatível com a do seu barco. Assim, riscos elétricos no barco como curtos-circuitos podem ocorrer, afetando até mesmo a parte eletrônica dos motores.
Instalar equipamentos diferentes
Certifique-se de que o automático das bombas é compatível com a corrente elétrica. Instalar um modelo errado pode fazer com que a bomba não funcione na hora que você mais precisar dela.
Da mesma forma, tome cuidado com certos acessórios, como micro-ondas e secador de cabelos, que puxam bastante energia e podem superaquecer a fiação, caso estejam mal dimensionados, sua proteção (disjuntor ou fusível) estiver mal dimensionada ou ainda se houverem terminais e conexões em mau estado.
Equipamentos que não desligam
Se o seu barco dispor de guincho elétrico ou bow thruster, verifique periodicamente o sensor de acionamento desses equipamentos. Como eles consomem altas correntes, a quebra do sensor pode fazer com que eles funcionem ininterruptamente, sem você perceber. E isso pode gerar superaquecimento na fiação, definitivamente, um grande risco elétrico para seu barco.
Equipamentos em contato com a água
O inversor deve ficar sempre o mais próximo possível das baterias, para evitar quedas de tensão. Mas é importante instalá-lo sempre o mais alto possível na casa de máquinas, para evitar riscos elétricos no barco em contato com eventuais poças d’água. O mesmo vale para qualquer equipamento elétrico.
Lembre-se de que energia e água não combinam! Todos os equipamentos instalados na casa de máquinas de um motor a gasolina devem ser à prova de ignição (Ignition Protected), ou seja, não devem produzir faíscas.
O vapor que a gasolina produz é altamente inflamável, então, na casa de máquinas, caixa do motor ou no paiol onde se armazena gasolina para o motor do botinho inflável, não deve ter equipamentos que produzam faísca. Isso, inclusive, é uma norma da American Boat and Yacht Council (ABYC).
Alguns inversores, como os da Xantrex, possuem dispositivos ELCI ou GFCI (similares ao IDR tupiniquim), que podem produzir faísca durante sua atuação, causando uma explosão. Equipamentos importados a prova de ignição, que estejam de acordo com as normas ABYC para fabricantes, sempre estão marcados na carcaça como “Ignition Protected”.
Infiltração de água no painel
Barcos com comando aberto não estão livres de respingos d’água — seja na navegação, na chuva ou na lavagem. E esse contato com a água pode gerar pontos de ferrugem nas conexões das fiações, além de comprometer a durabilidade dos cabos. A única maneira de evitar isso é checar periodicamente as vedações do painel e, no caso de vazamento crônico, não molhá-lo ao lavar o barco até que seja resolvido.
Gambiarras? Nem pensar!
Sobrecargas e mau contato são sempre prenúncios de tragédias. Fios, conectores e baterias mal instaladas são os principais gatilhos nos incêndios de origem elétrica a bordo de qualquer barco.
Se eles não forem dimensionados para a energia que recebem, ou se não estiverem bem conectados, acabarão liberando calor ou derretendo, o que, em ambos os casos, é perigosíssimo– Roberto Brener, especialista em instalações elétricas náuticas
Outros itens importantes que causam incêndios são proteções (fusíveis e disjuntores) mal dimensionadas ou “bypassadas”, além de equipamentos que causam faísca em locais que possam ter vapor de gasolina (como explicado acima). Portanto, tire da cabeça qualquer ideia de “dar um jeitinho” na parte elétrica do barco.
Lembretes essenciais para evitar riscos elétricos no barco:
- Cabos de cobre, mesmo que certificados, podem ter corrosão se os terminais e conexões não estiverem bem feitos. O cabo elétrico que protege contra isso é o estanhado. Fios rígidos não devem ser usados na elétrica de embarcações;
- Ao invés usar silicone nos terminais e pontas dos fios para vedar a entrada de ar entre o cobre e o plástico que reveste os cabos, prefira usar conectores com isolação termo retrátil, que já protegem contra a corrosão. Inclusive, é importante usar um alicate apropriado para crimpar terminais, e não tentar fazer gambiarras com alicate universal;
- Terminais dos cabos da bateria devem ser prensados e não soldados. A solda enrijece os cabos, tornando-os sujeitos a quebras e trazendo riscos elétricos no barco;
- Use disjuntores termomagnéticos, que protegem contra sobrecargas e curtos. No geral, disjuntores AC funcionam em corrente contínua, mas podem se deteriorar mais depressa por ter uma câmara de extinção de arco voltaico diferente e menos potente;
- Os fusíveis devem ser usados mesmo em alta corrente. Em motores de partida, por usarem uma corrente muito alta por pouco tempo, fica difícil dimensionar esses disjuntores de maneira a proteger o cabo sem queimar o fusível, por isso esse é o único lugar onde a ABYC dispensa o uso de disjuntores.
- Outros equipamentos que demandam grande energia com o bow thruster e guincho devem ser protegidos por fusível ou disjuntor;
- Cabos de arranque do motor e do gerador não precisam ter fusíveis próprios. Bastam cabos superdimensionados;
- Para não tombar com o balanço do barco, a bateria deve ser bem presa, mas com cintas ou cabos que não contenham partes de metal. Além disso, elas devem estar numa “bacia” que possa conter vazamentos de eletrólito — composto de ácido sulfúrico diluído que pode corroer outros componentes da embarcação se não for contido, inclusive cabos elétricos;
- Em hipótese nenhuma, qualquer fiação deve passar perto de alguma mangueira de combustível;
- A fiação deve ser fixada a cada 25 centímetros ao longo do barco. Mas não muito esticada, para não romper com os trancos, o que é mais frequente do que parece.
*Com colaboração de Pedro Rodrigues, da ABYC Certified Electrical Advisor
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