Saiba como águas-vivas têm habilidade de aprendizado, mesmo sem cérebro
Segundo artigo publicado na Current Biology, animal tem capacidade da aprender de acordo com experiências
É possível aprender mesmo sem cérebro? Águas-vivas indicam que sim! Segundo indica um artigo publicado por pesquisadores na Current Biology, a espécie de cubomedusa Tripedalia cystophora tem habilidade de aprendizado mesmo sem essa estrutura, através de uma rede distribuída de neurônios.
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Para descobrir isso, os cientistas precisaram determinar o comportamento desses animais, para que assim, pudessem ser treinados em laboratório. Entretanto, encontrar ações padrões nas cubomedusas que pudessem ser replicadas nos testes foi uma missão complicada.
Afinal, como a linhagem das cubomedusas se separou das demais águas-vivas no início da história evolutiva, os pesquisadores acreditam que entender suas habilidades cognitivas poderia ajudar a rastrear a evolução da aprendizagem. Por isso, a estratégia foi apostar numa rápida mudança de direção.
A equipe de cientistas decidiu focar na modificação de rota que as águas-vivas sem cérebro geralmente executam quando estão prestes a colidir em uma raiz de mangue. O contraste causado entre o obstáculo e a água traria a questão: como elas conseguem saber quando estão prestes a se chocar?
A hipótese é que elas precisam aprender isso. Quando elas voltam para esses habitats, têm que aprender: como está a qualidade da água hoje? Como o contraste está mudando hoje?– Anders Garm, biólogo da Universidade de Copenhague e autor do artigo
Assim, foi reproduzida no laboratório imagens de listras alternadas escuras e claras — que representavam as raízes de mangue e água –, e as usaram para revestir a parte interna dos baldes. Com ótima clareza do ambiente, as cubomedusas nunca chegavam perto das paredes do balde.
Entretanto, quando encontrava menos contrastes nas listras, as águas-vivas sem cérebro começava a colidir com o obstáculo de imediato. Mas, segundo os cientistas, as cubomedusas mudaram o comportamento oito minutos depois — e após algumas colisões, claro.
Logo, elas começaram a nadar a uma distância 50% maior do padrão nas paredes e quase duplicaram o número de vezes que realizaram sua manobra de meia-volta. Sendo assim, os cientistas foram além e removeram neurônios visuais deste animal e os estudaram em uma placa.
As células foram expostas a imagens listradas enquanto recebiam um pequeno pulso elétrico, que representava a colisão. Em cerca de cinco minutos, o sinal que faria uma cubomedusa inteira se virar era enviado pelas células do animal.
Com o experimento feito, os resultados sugerem que a água-viva possui algum nível de memória a curto prazo, muito pelo fato de poder mudar seu comportamento com base em experiências já vividas.
Em trabalhos futuros, os cientistas esperam identificar quais células específicas controlam as capacidades das cubomedusas de aprender com experiências. Assim, deve ser possível explicar o motivo delas estarem aqui até hoje.
Por Áleff Willian, sob supervisão da jornalista Denise de Almeida
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