Eles buscavam vestígios do Endurance, mas encontraram “vizinhança” inusitada na Antártica

Com um robô subaquático, pesquisadores se depararam com milhares de ninhos circulares padronizados de peixes-rocha

11/11/2025
Padrões de ninhos de criontotenioides, do canto superior esquerdo para o canto inferior direito: ninhos em aglomerado, crescente, linear, oval, em forma de U agudo e singular. Foto: Russell B. Connelly et al.

Quando se fala em natureza, mesmo quando já se espera uma surpresa, ela consegue se superar. Foi o que aconteceu com cientistas que buscavam vestígios do Endurance (o navio do explorador Ernest Shackleton, que naufragou em 1915) no Mar de Weddell, Antártica. Eles não encontraram nem rastros do navio, mas se depararam com um grande sinal de vida, disposto em milhares de ninhos circulares padronizados.

Com o auxílio de um robô subaquático, os pesquisadores puderam constatar que se tratava de uma grande colônia de peixes, situada sob uma antiga plataforma de gelo com 200 metros de espessura.

 

A colônia chamou atenção dos oceanógrafos pela organização, de modo a parecer uma espécie de “condomínio” subaquático de peixes notie-de-barbatana-amarela (Lindbergichthys nudifrons), conhecidos também como “peixes-rocha”.

O Lindbergichthys nudifrons. Foto: GeSHaFish / Wikimedia Commons / Reprodução

Isso porque os mais de mil ninhos possuíam formas circulares e estavam surpreendentemente limpos. Os pesquisadores ainda observaram que cada uma das “casas” dessa vizinhança parecia ser vigiada por um dos peixes — possivelmente o pai —, de modo a proteger os ovos.

 

Para eles, a organização reflete a estratégia de sobrevivência da espécie, que demonstra na prática a teoria do “rebanho egoísta”, em que indivíduos ao centro de um grupo ganham proteção, enquanto os que ocupam as bordas — geralmente maiores e mais fortes — defendem suas posições.


Não à toa, a descoberta foi descrita em um artigo publicado na revista Frontiers in Marine Science, em que foi considerada um “fenômeno novo e incomum, capaz de redefinir a compreensão sobre ecossistemas antárticos”.

 

Vale destacar que a descoberta ocorreu durante a Expedição ao Mar de Weddell de 2019, organizada logo após o desprendimento do colossal iceberg A68, em 2017. Com cerca de 5.800 km², o bloco se separou da plataforma de gelo Larsen C, abrindo um corredor natural para pesquisa científica em áreas antes inacessíveis.

 

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