Gosma azul encontrada no fundo do Pacífico pode ajudar a entender os primórdios do planeta
Descoberta próxima à Fossa das Marianas, a 3 mil metros de profundidade, substância sobrevive em ambiente extremamente hostil e sem luz


A ciência continua a achar vida mesmo onde tudo indica que seria impossível. Pesquisadores alemães encontraram no Oceano Pacífico, a cerca de 3 mil metros de profundidade, uma gosma azul que abriga microrganismos capazes de sobreviver em um ambiente hostil — em um cenário tóxico e de completa escuridão.
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A amostra foi coletada próxima à Fossa das Marianas, o local mais profundo conhecido nos oceanos e uma das áreas mais misteriosas e extremas do planeta. Essa substância encontrada possui um pH altíssimo, é quimicamente agressiva e oferece risco de queimaduras para a pele humana.


Ao todo, foram extraídas nove partes dessa gosma azul — que tem origem do vulcão de lama Pacman. Duas delas foram estudadas mais detalhadamente, com a porção mais profunda mantendo a cor azul característica devido à presença dos minerais serpentino e brucita. Já a parte mais próxima da superfície ganhou uma coloração verde-azulada pela dissolução de brucita pelo sal do mar.
No mesmo estudo, as análises químicas da gosma azul revelaram moléculas de gordura (lipídios) das membranas celulares dos microrganismos, que servem como um tipo de defesa contra o ambiente extremamente alcalino (ou seja, uma região com um nível de pH elevado).
É fascinante observar que a vida sob condições extremas, como pH elevado e baixas concentrações de carbono orgânico, é possível-afirmou Florence Schubotz, uma das autoras do estudo
A descoberta foi publicada na revista Nature.
A vida na escuridão
Um fator que chamou atenção dos especialistas foi a forma como esses micróbios geram energia mesmo vivendo em completa escuridão. De acordo com a pesquisa, eles produzem metanogênese, consumindo sulfato e liberando sulfeto de hidrogênio no processo. Esse mecanismo até então era apenas presumido pela comunidade científica.


Também foram detectadas nesse ambiente extremo bactérias e arqueias adaptadas ao local. Com isso, os pesquisadores buscam compreender como esses seres conseguem sobreviver em condições tão hostis — e, além de tudo, com baixíssimas concentrações de carbono orgânico.
A descoberta reforça uma ideia: de que locais extremos, como vulcões de lama no fundo do oceano, podem ter sido berços de formas de vida primordiais. Logo, mais estudos nessa área ajudam a reconstruir cenários possíveis para o início da vida na Terra e oferecem pistas sobre os mecanismos antigos de sobrevivência.
Segundo os pesquisadores, cerca de 15% da biomassa terrestre pode estar localizada nas profundezas dos mares — embora se tenha pouco conhecimento sobre esses ecossistemas. Por isso, descobrir microrganismos vivendo em uma gosma tão hostil pode sugerir que há uma biosfera oculta no fundo dos oceanos, sendo vital para os ciclos globais de nutrientes.
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