Charter na Venezuela

Por: Redação -
02/02/2015

Vamos combinar, às vezes para chegar ao céu é preciso passar pelo purgatório. Neste caso, o aeroporto de Caracas — que não é dos mais acolhedores. Mas, superando este pequeno obstáculo, você vai aterrissar num dos lugares mais incríveis do planeta: Los Roques. A ilha, onde fica o vilarejo de Gran Roque, acolhe todos os turistas provenientes da capital venezuelana. Ali, o tempo estagnou, não existem carros e as ruas são de areia. Mas é só lá que ficam as pousadas, os restaurantes e algumas lojinhas de artesanato.

Para fugir do óbvio neste paraíso, é preciso ir na contra mão da rota da maioria dos turistas e não ficar dependendo dos taxi boats (barquinhos locais) para fazer excursões e o passeio de cada dia — um dos únicos jeitos de explorar as praias e ilhotas do maior arquipélago caribenho. A palavra mágica em Los Roques é charter de barco, que além de ser a maneira mais relaxante para conhecer praticamente todas as belezas naturais, evita encontrões com gente em lugares mágicos onde você quer mesmo privacidade. Melhor ainda, de barco você ancora livremente nos recantos mais selvagens.

As praias costumam estar desertas, salvo nos cayos mais procurados como Crasqui ou Francisqui, à proximidade de Gran Roque. Entretanto, se você estiver disposto a desenferrujar o esqueleto, é lá que tem uma certa estrutura para alugar kite, wind, equipamento de mergulho e snorkel. Em Sebastopol, o vento constante é perfeito. A prática de esqui aquático também é bastante difundida. Em Crasqui, ancoradouro muito procurado por velejadores, há um pequeno restaurante, bem simples, que serve peixe ou frutos do mar. Cayo Água é um lugar de beleza extrema, com praias de areia fina e leitosa. O mar transparente, de diversas tonalidades, é manso e morno. A pequena baía abrigada de Noronski acolhe alguns catamarãs e veleiros, que passam o dia por ali.

O mar é provedor para os habitantes de Los Roques, assim como é um verdadeiro santuário para os milhares de pelicanos. É lindo ver como conseguem se manter suspensos no céu, sobrevoando, em câmera lenta, a água translúcida para em seguida mergulhar freneticamente e saciar o apetite.

Falando em apetite, também é provável encontrar personagens tão característicos como Polito, um pescador local bem famoso que mora como a família num “rancho” (barraco de pescador) de frente para uma praia deserta que — mais outra! — também não consta do mapa, mas fica próximo a um santuário de pelicanos. O ar de bonachão, o traje curioso (ele usa um boné cheio de penas) o tornou conhecido. Este roquenho, que sobrevive da pesca e de um modesto restaurante de pátio é arenoso e onde são servidos almoço e jantar todos os dias do ano, fala pouco. E é claro que a clientela, pelo menos a que fica atenta às dicas que sopram na região, vai encomendar um daqueles pratos de lagostas grelhadas, especialidade da casa. Com um pouco de negociação, ele cobra em dólar (ou euro) cerca de U$35 por pessoa, com direito ainda a ostras e um tipo de marisco local chamado botuto. Mas, fato curioso, Polito se declara avesso a multidões. No caso, isto não deveria ser seu motivo de preocupação: a palavra multidão não consta no vocabulário de Los Roques.

Fotos: Antonella Kann

 

A jornalista e fotógrafa carioca Antonella Kann é uma travel expert em viagens que combinam atividades esportivas com quesitos de luxo 

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