Ilha de Páscoa por trás dos moais: conheça os segredos de Rapa Nui

Patrimônio da Humanidade, ilha é mundialmente conhecida pelas gigantes estátuas de pedra

Por: Redação -
06/04/2023

Uma das ilhas mais isoladas do mundo, a Ilha de Páscoa tem uma beleza natural tão preservada quanto o mistério que a envolve. No meio do Oceano Pacífico, ela está a 3.700 quilômetros da costa central do Chile e tem esse nome porque foi holandeses chegaram ali justamente em um domingo de Páscoa, no ano de 1722.

A fama internacional da Ilha de Páscoa — também conhecida como Rapa Nui — se deve às suas enigmáticas estátuas de pedra, chamadas de moais. As esculturas gigantes foram talhadas à mão na rocha vulcânica e se encontram espalhadas por toda a superfície da ilha — que é de apenas 170 km². Os estudiosos estimam que as obras foram feitas entre os séculos 12 e 17.

Além disso, a Ilha de Páscoa reserva toda uma cultura local e um leque de magníficos cenários que só podem ser desvendados a pé. Longe de se tornar um destino cobiçado pelo turismo de massa, o santuário cativa viajantes cujo prazer consiste em explorar um lugar onde a beleza natural é tão preservada quanto o mistério que envolve suas lendas milenares.

 

Rapa Nui, que ainda esconde sob o solo muitos segredos do seu passado nebuloso, pertence hoje ao Patrimônio da Humanidade. Verdadeiro museu ao ar livre, neste oásis ecológico (e principalmente arqueológico), convivem cerca de sete mil cães, seis mil cavalos semi-selvagens e uma população de quatro mil pessoas, em harmonia com cerca de mil moais.

Minutos antes de pousar no minúsculo aeroporto de Mataveri, já fui seduzida pela intensidade das tonalidades de azul que riscam este mar. Logo vislumbrava falésias, a cratera do Rano Kau e alguns telhados vermelhos de Hanga Roa, o único vilarejo.

 

Um pequeno grupo saiu acompanhado da guia Tuhi rumo ao Ahu Akivi, um monumento com 7 moais — o único cujos rostos estão virados de frente para o mar.

Cada moai, cujo molde segue alguns padrões, mede cerca de 4 metros e pesa aproximadamente 12 toneladas. De lá, prosseguimos contornando a borda de falésias que despencam abruptamente no mar.

 

A cada instante, se esbarra num sítio arqueológico, vestígios de habitações ancestrais e até a suposta residência de um rei. Interessante mesmo são as cavernas, onde se refugiavam os Rapanuis quando se sentiam ameaçados por invasores.

As primeiras luzes do dia desvendam aos poucos uma paisagem bucólica: o Pacífico na linha do horizonte, emoldurado por campos verdes e uma manada de éguas com suas crias e cavalos pastando tranquilamente.

 

São tantos a viverem soltos, a se reproduzir sem controle, que já se tornaram uma dor de cabeça para os ilhéus, pois provocam erosão por todos os cantos, afetando principalmente os sítios arqueológicos.

No passeio matutino, caminhamos duas horas por uma trilha rasgada na planície, até chegar a Rano Raraku, o vulcão cuja cratera é conhecida como o “berço dos moais”.

 

Das suas entranhas foram talhadas grande parte dessas estátuas gigantes. Devido às suas dimensões e peso, a maioria dos moais ficou encravada e acabou soterrada pela erosão ao longo dos séculos, enquanto dezenas jazem inclinadas ou caídas ao redor da encosta. No meio da cratera, existe uma linda lagoa onde os mais intrépidos podem nadar.

Se por um lado a ilha da Páscoa tem moais de sobra, carece de praias de areia. Alugamos uma scooter e zarpamos rumo ao norte pela única estrada asfaltada.

 

Em vinte minutos chegamos na encantadora Anakena, rodeada por palmeiras e águas tépidas. Em forma de ferradura, esta praia de areia branca e fina é abrigada de ondas fortes.

Fora isso, há cães errantes, muitos cavalos e alguns moais erguidos sobre o Ahu Nau Nau. Segundo a lenda, foi neste local que os primeiros polinésios aportaram, ou seja, o rei Hotu Matu’a e seu povo. Ninguém sabe como, devido à distância do pedaço de terra mais próximo. Cientistas especulam como suas rudimentares embarcações resistiram às intempéries do Pacífico.

 

Ainda com sol a pino, retomamos de volta pela estrada secundária. A paisagem é deslumbrante. Desfilam diante dos olhos vários ahus e enseadas onde os rochedos degringolaram em cascata dentro d’água.

Chegamos para o pôr-do-sol no Ahu Tongaraki, onde estão erguidos 15 imponentes moais, grande orgulho da cultura Rapa Nui e maior centro de cerimônia de toda a ilha.

 

Logo depois de um farto café da manhã, saímos a dois sob os auspícios de Nicolas, um guia de pura origem Rapanui, descendente direto dos primeiros polinésios. Ele não disfarça que teme pelo futuro da ilha.

 

“O progresso pode estragar tudo”, prevê o jovem, enumerando os diversos projetos turísticos de infraestrutura que as autoridades pretendem implantar, como a construção de um novo porto.


Durante a caminhada, que começa na ponta leste próxima ao Ahu Mahatua, tomamos conhecimento de diversas estratégias de sobrevivência dos povos antigos. Quanto mais a gente sobe, mais se amplia o panorama sobre o mar, as planícies ao redor e os contornos da ilha.

 

No final, chegamos à beira do vulcão Pua Katiki, cuja cratera foi inteiramente florestada por uma das tribos que viveram nela, fugindo de inimigos.

 

Do topo, a 370 metros acima do nível do mar e um dos pontos mais altos da ilha, o mirante é de 360 graus. A expedição desta manhã, bem puxada, acaba com um merecido banho de mar na praia de Ovahe, de areia rosa, aninhada debaixo de um penhasco e cercada de rochedos.

Foi difícil resistir à tentação de ficar na piscina lendo um bom livro, deitada na espreguiçadeira, sorvendo mais alguns sucos de frutillas. Mas, sendo a última tarde, julguei impróprio perder o passeio até o sitio mais assediado de Rapa Nui, no extremo sul: o vulcão Rano Kau, cuja imponente cratera contém várias lagoas que formam um belo mosaico.

 

De lá, a 250 metros, podem ser vistas as duas minúsculas ilhotas que se destacam da ilha, os motus Nui e o Iti. Optei pela descida a pé, atrás do guia, por uma trilha que desliza suavemente pela encosta do vulcão, atravessa um bosque e desemboca no único vilarejo da ilha, Hanga Roa.

 

A expedição continua com uma parada para admirar os moais erguidos no Ahu Tahai e Pea, à beira-mar. O povoado, onde moram quase todos os 4 mil habitantes, tem escola, um porto pequeno, alguns bares e restaurantes, um pequeno comércio, mercadinho, correio, pousadas simples, e umas lojinhas com lembrancinhas tipicamente turísticas.

 

Na cidade também se alugam bicicletas, quadriciclos, scooters e motos. Ao passar pelo cemitério, faço questão de tirar uma foto, pois impressiona a quantidade de flores naturais espalhadas nos túmulos.

 

Texto de Antonella Kann

 

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