Luxo embaixo d’água

Por: Redação -
26/02/2016

Melhor beber um champanhe a 20 mil léguas submarinas que fundeado ou atracado à Marina de Portofino? Sem chance!

Recentemente, publiquei um texto sobre a última moda entre os milionários, que seria a armação de Shadow-boats. Porém, agora aparecem com mais uma boa ideia para tirar dinheiro de gente rica: os megaiates submarinos.

Um escritório de projetos está se propondo a realizar o sonho submarino de qualquer mega-multimilionário-excêntrico da face da terra, a construção de um submarino de recreio de até uns 300 metros de comprimento.

Por se tratar de um produto extremamente diferenciado, os detalhes operacionais não estão disponíveis aos meros fuçadores de internet, será necessário agendar uma data e local para um contato direto com os responsáveis desta façanha do design.

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Recordo de algumas cenas do filme realizado pelo estúdio Disney na década de 1960, no qual a história do Capitão Nemo a bordo do Nautilusse desenrolava, éramos levados a imaginar criaturas fantásticas e gigantescas à enormes profundidades, tudo sob a bênção do autor e ficcionista Júlio Verne, um homem que quase adivinhou o mundo em que vivemos hoje. O Nautilus tinha um design bastante rebuscado, cheio de serrilhados e com muito conforto a bordo, lembro-me de enormes cadeiras de espaldar alto, mobília cheia de rococós e tapetes vermelhos por toda parte do piso. A tripulação se vestia como em um iate de luxo e, ao que parece, é este sonho que querem fazer renascer sob a égide da Migaloo, escritório austríaco que propõe este novo rumo para o iatismo.

No que diz respeito a uma das finalidades do iatismo, que é o “ver e ser visto”, como ficaria? Montaríamos tendas sobre o convés, faríamos construir marinas de grande calado para receber estes torpedos gigantes? As mesmas passariam a ter rebocadores de grande torque. E o tráfego? As autoridades permitirão que submarinos entrem de suas águas a qualquer momento e em qualquer local? A que profundidade deverão circular estes bólidos submarinos, que cruzam a mais de vinte nós em total silêncio, pelas profundezas dos oceanos?

O M2, seu menor projeto, possui apenas (como se fosse pouco) 72 metros, mas o M7 pode ter mais do que 283 metros, ou 930 pés; maior que qualquer iate convencional jamais construído.

Para não exagerar, peguemos o modelo intermediário M5. Ele dispõe de heliponto, garagem para todos os tipos de brinquedos, incluindo uma comporta para operar dois mini submarinos de 11 metros de comprimento. Adega, sala de jogos e de cinema, spa, ginásio, banheira ao ar livre (quando na superfície, é claro). Já ia esquecendo da biblioteca (é bom ter algum livro à mão, pois abaixo dos dez metros de profundidade as coisas costumam ficar bem escuras). Entre as 32 pessoas que pode transportar, poderá levar o casal proprietário em sua cabine de 300 metros quadrados e mais seis outros casais em suítes VIP de 65 metros quadrados cada uma.

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A bem da verdade, com um calado de sete metros, vai ficar difícil arrumar local em alguma marina badalada, ainda mais com um comprimento de 443 pés! Fico imaginando a tripulação, alguns submarinistas russos aposentados, todos acostumados a ambientes claustrofóbicos.

Quanto a qualidade do produto a ser entregue, pode ficar tranquilo, pois a tecnologia é provida pela empresa Starkad Technologies (não confundir com a Stark Inc. do filme “Homem de Ferro”, pois esta não fica na Califórnia, mas na Estônia (Põhja-Ranna, Vääna-Jõesuuküla, Harkuvald, Harjumaa, 76909). Pode parecer brincadeira, mas a Estônia é considerada um “tigre-báltico”, vizinho da Suécia, que vem se tornando um centro internacional no que diz respeito a eletrônica de telecomunicações, incluindo um polo bancado pela OTAN, de combate a invasões de redes, provavelmente devido à sua proximidade da Rússia.

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Deixando a política de lado, considero que esta moda vai demorar muito a pegar, mas não descarto que alguém resolva construir algo do gênero, apesar da pouca ou nenhuma praticidade deste tipo de embarcação. Particularmente, gastaria menos construindo um iate convencional, ou melhor, dois! Um para o Caribe e outro para o Mediterrâneo, como dezenas de milionários o fazem atualmente, e desde os anos 1980, quando um famoso milionário mexicano encomendou o Inca e o Asteca, dois iates iguais ao Highlander do empresário Malcolm Forbes, que estava em construção no estaleiro holandês De Vries – na época ele justificou que cada um ficaria de um lado do Atlântico, como comentado.

Agora, para quem prefere nem ver e nem ser visto, talvez algum traficante, pode dar uma olhada no site, procurando por algo que atenda às suas necessidades. Em tempo, eles também possuem outros projetos, como o de plataformas oceânicas de lazer. Aparentemente, eles transformam uma plataforma de petróleo em um resort de alto-mar, e podem construir sua ilha artificial particular, vale uma olhadela!

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Alvaro Otranto é navegador de longas travessias, um dos mais antigos colaboradores da revista Náutica e criador da Moana Livros, primeira livraria na internet especializada em temas de mar e aventura.

 

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