Molhados


“Estamos completamente molhados a bordo”. Como se não bastasse o desgaste físico por fazer uma travessia de 10 mil quilômetros em dupla, os brasileiros Eduardo Penido e Renato Araújo sofrem com as condições de mar e temperatura na disputa da Transat Jacques Vabre. A equipe do barco Zetra, que ocupava a oitava posição na atualização de placar desta quarta-feira (28) da categoria Class40, atravessa um dos piores trechos da prova: o Golfo de Biscaia. Os ventos com velocidade de quase 90 km/h e ondas enormes dificultam os trabalhos dos velejadores, que dificilmente ficam secos com tanta água entrando. “Tem muita, mas muita água vindo por cima do barco. A noite anterior não foi tão tranquila como a primeira com vento soprando muito forte. A gente já esperava por essa condições no Golfo de Biscaia. As últimas horas foram muito duras pra gente, mas o barco segue respondendo bem. Em tese, o pior já passou!”, contou o velejador Renato Araújo.
Os velejadores indicaram que o barco tem um pequeno problema elétrico, mas que não afeta o desempenho deles. Outro detalhe que mostra a dificuldade da prova é a alimentação, como explicou Renato Araújo. “A alimentação está mais complicada. Tá difícil comer tudo desidratado. Recorremos às barras de chocolate e às maçãs”.
O Zetra – primeiro barco brasileiro na história dessa regata – está no meio da flotilha dos Class40 e já começa a descer rumo à costa portuguesa. A diferença para o líder provisório, o Le Conservateur (Yannick Bestaven/Pierre Brasseur) é de 120 quilômetros. Em 72 horas, os brasileiros percorreram 950 quilômetros na Transat Jacques Vabre. A largada ocorreu no domingo (25), em Le Havre, na França. A chegada dos barcos será em Itajaí, em Santa Catarina.
Nas outras classes, os líderes da maior travessia oceânica do mundo são: Ciela Village (Multi50), Queguiner – Leucemie Espoir (IMOCA) e Sodebo (Ultime).
Seis desistências em 72 horas
A Transat Jacques Vabre é uma das regatas mais desafiadoras do mundo e é organizada sempre nos últimos meses do ano, quando as condições de mar e vento são mais duras na passagem pelo Canal da Mancha e pelo Golfo de Biscaia. A força dos ventos e o tamanho das ondas, além de outros fatores como um contêiner na água, causaram seis abandonos.
Os barcos da classe IMOCA Edmond de Rothschild, Safran e Maître CoQ tiveram problemas estruturais e decidiram deixar a disputa, assim como o Class40 Team Consice. O La French Tech Rennes Saint-Malo colidiu em um contêiner na tarde desta terça-feira (27) e não terá condições de prosseguir na regata entre a França e o Brasil. A dupla Gilles Lamiré e Yvan Bourgnon estava no piloto automático e a batida no bloco destruiu um dos cascos do Multi50. “Nós estávamos navegando com velocidade de 15 nós para o Sul no piloto automático com vento de través. Tudo estava indo bem quando o barco parou. Vi um pedaço do casco na água”, disse Gilles Lamiré.
Os velejadores do barco Maxi80 Prince de Bretagne foram resgatados em segurança após o multicasco capotar na disputa da Transat Jacques Vabre. Na terça-feira (27), eles acionaram o sinal de emergência a bordo do trimarã e foram salvos por um helicóptero do centro de coordenação de salvamento marítimo da Espanha (MRCC). O comandante Lionel Lemonchois estava visivelmente chateado com o acidente e a consequente desistência da regata. “O céu caiu em minha cabeça”, disse o francês. O multicasco navegava na região do Cabo Finesterra velejando a 17 nós de vento, bem menos do que pegaram horas antes. “Todo trabalho que fizemos para preparar o Maxi80 Prince de Bretagne para a regata acabou em dois segundos”.
A tripulação estava segura no barco e esperava sua equipe de terra chegar para fazer o resgate. Porém, a previsão para os próximos dias indicava a piora do tempo e ventos superiores a 40 nós na região. A dupla então chamou socorro. “Não valia a pena colocar as nossas vidas em perigo. O helicóptero da MRCC Madrid chegou super rápido. A ação até nos surpreendeu, pois não esperávamos que ocorresse tão rapidamente”.
Foto: Divulgação
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