Navio porta-aviões, desativado após licitação, volta ao controle da Marinha do Brasil
Qual será o fim o destino do velho porta-aviões, após o cancelamento da licitação? O Instituto São Paulo- Foch briga para que ele vire um museu
Um gigante sem destino. Assim se pode definir o atual estágio do porta-aviões São Paulo, que a Marinha brasileira pôs à venda, em um leilão que foi adiado várias vezes e acaba de ser cancelado, enquanto um instituto sem fins lucrativos faz campanha para transformá-lo em um museu marítimo. Quais serão os próximos capítulos dessa novela?
Depois de servir à Marinha da França durante 37 anos, o FS Foch — porta-aviões da classe Clemenceau — foi comprado pela Marinha brasileira no ano 2000 para substituir o lendário Minas Gerais, que teve 42 anos de serviços prestados ao Brasil (de 1960 a 2002) e foi primeiro porta-aviões da Armada brasileira.
O nome original foi uma homenagem a Ferdinand Foch, comandante das tropas aliadas durante a Primeira Guerra Mundial. À época, pelo valor da transação — o equivalente a 12 milhões de dólares, uma pechincha para uma belonave deste porte — parecia ser um bom negócio.
Rebatizado de navio aeródromo São Paulo, o porta-aviões chegou ao Brasil em 2001 e durante três anos atuou com certa normalidade. Em maio de 2004, um duto de sua rede de vapor explodiu, deixando três tripulantes mortos e sete feridos. Começava o seu inferno astral.
Durante os anos seguintes, o gigante — com capacidade para levar 40 aeronaves, entre aviões de asa fixa e helicópteros, além de até 1.500 tripulantes —, passou por um programa de revitalização. Mas havia sérias deficiências nos motores, eixo e catapultas para lançar aviões. Sem contar um incêndio, em 2012. Dessa forma, o São Paulo deixou de navegar, em 2014. Ou seja, desde que chegou ao Brasil, o velho porta-aviões passou mais tempo em sua base na ilha das Cobras, Rio de Janeiro, do que em alto-mar.
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Se o Minas Gerais, que teve 42 anos de serviços prestados ao país, encontrou seu fim num cemitério de navios — as praias de Alang, na Índia, onde a cada ano cerca de 700 embarcações de grande porte são transformadas em sucata —, qual seria o destino do navio aeródromo São Paulo, que teve vida curta na armada brasileira?
A Marinha do Brasil decidiu avaliar a possibilidade de fazer a sua reconstrução. Porém, o levantamento dos custos de modernização superou a marca de R$ 1 bilhão e foi considerado excessivo pelo Almirantado. Assim, só restaram duas alternativas: retalhar o porta-aviões e vendê-lo num ferro-velho ou transformá-lo num museu. Um grupo tentou dar forma à segunda opção, mas o projeto não prosperou. A Marinha, então, decidiu vendê-lo em um leilão, com lance mínimo de R$ 5,3 milhões.
Com isso, o porta-aviões São Paulo, que esteve entre os cinco maiores do mundo, seria leiloado em dezembro de 2019, data que em seguida foi transferida para janeiro de 2020, depois julho e finalmente para setembro. Mas aí veio a pandemia, e o leilão foi suspenso. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União, no mês de agosto.
Segundo os termos da licitação que foi suspensa, os interessados no barco precisariam garantir que ele será desmontado de maneira segura e sem agredir o meio ambiente. Além disso, quem vai decidir onde o navio pode ser desmontado é a França, que incluiu esse detalhe no contrato de venda para o Brasil.
De acordo com a ONG Shipbreaking Platform, a França enviou, durante o verão, um ofício ao Brasil dizendo que somente os estaleiros incluídos na lista da União Europeia estavam qualificados para receber e descartar seu antigo Foch. A partir disso, segundo a Marinha, apenas uma das oito empresas que se cadastram para participar do leilão estava listada na União Europeia. O temor é que o São Paulo também seja descartado nas praias de Alang. Ambientalistas dizem que a bordo da embarcação há 900 toneladas de amianto.
Para impedir que o porta-aviões da classe Clemenceau tenha um destino inglório, em junho de 2018 foi criado o Instituto São Paulo-Foch. O objetivo é que o navio aeródromo seja transformado em um museu naval, que ficaria sob responsabilidade de investidores privados. A novela está longe de acabar.
Por Felipe Toniolo, sob supervisão do jornalista Gilberto Ungaretti
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