Brasileiro constrói veleiro com filmes solares nas laterais do casco para viajar o Atlântico

Por: Redação -
02/12/2020

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Um veleiro com filmes solares no casco vem chamando atenção na Marina Itajaí. Nomeado de Nirvana IV (@nirvana_sail), a embarcação modelo RO 340 passou os últimos cinco meses sendo preparada para, quando totalmente finalizada, se jogar nas águas do Atlântico, navegar e construir sua própria história.

Seus 34 pés de comprimento (10 metros), somados aos 3,25 metros de boca e acoplado às placas com filme solar, dão um ar imponente ao veleiro construído pelo Skipper profissional Vanir Tiscoski, de 33 anos, natural de Florianópolis. Apesar de ser seu primeiro barco, Vanir se mostra confiante em seu projeto. “O Nirvana foi preparado e construído para que eu pudesse navegar sozinho, introduzir pessoas ao mundo da vela e fazer charter”, conta.

Nirvana IV navegando – Imagem: Vanir Tiscoski

Mas, por que Nirvana?

“Nirvana é um estado de ser. Vem do budismo. As pessoas só adquirem através das boas práticas, meditação, autoconhecimento e cultivo da paz. Conseguir o Nirvana é fazer desaparecer maus sentimentos. Quero poder levar isso para outras pessoas também, e que elas possam adquirir isso através da navegação. Está vinculado ao meu propósito de vida”, detalha.

Segundo Vanir, o Nirvana é o primeiro barco no mundo com a tecnologia OPV (do inglês, Organic Photovoltaics) para a geração de energia solar instalada no casco. E tudo começou há três anos, quando ele visitou a fábrica de filme fotovoltaico Sunew, em Belo Horizonte.

Placas solares ao longo do casco – Imagem: Vanir Tiscoski

“Tive a ideia de elaborar essa tecnologia. Parecia meio maluca, mas fomos evoluindo e instalamos em um Stand Up Paddle”, disse e fez. A “ideia maluca” foi validada, o Stand Up carregava o motor com a luz solar, e o mais importante: deu certo.

Portanto, com a ideia e o projeto mais sólidos, Vanir começou a trabalhar na embarcação do Nirvana quando só tinha o casco e o convés, depois fez hidráulica, elétrica, deck e móveis. Em seguida, passou a projetar e instalar os filmes no casco da embarcação. Um trabalho que envolveu laminador, engenheiro de materiais, eletricista, e pesquisas para que se tornasse uma solução sustentável, hidrodinâmica, segura e eficiente em geração de energia.

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Interior do Nirvana IV

O interior do Nirvana é bem espaçoso. Além de dois camarotes, um na popa e um na proa, o veleiro tem um espaço interno de 18 m², o suficiente para acomodar até dez pessoas. Há também um banheiro logo atrás da mesa de navegação, além de uma cozinha, que apesar de não ter tantos utensílios, é essencial para longas navegações.

Parte social do interior do Nirvana

O benefício técnico da energia solar

De acordo com Vanir, o material produzido pela Sunew é orgânico e exige baixa demanda energética para ser produzido, além de emitir menos CO2. Ao todo, o sistema cobre uma área de 7,5 m². Apesar do projeto estar em fase de testes, é sabido que os filmes instalados geram em torno de 55 watts por metro quadrado.

“O barco já está na ativa, o sistema funciona e está 80% aprovado. Design, estética, aderência ao casco e produção de energia estão em ordem”, conta. No entanto, algumas dúvidas ainda perambulam na cabeça de Vanir, que ainda não sabe o quanto de energia é produzida e em quais situações.

Consequentemente, há dúvidas quanto a intensidade do sol, o reflexo da água, a energia produzida em dias nublados, com o barco navegando, adernado ou na marina. Além disso, há dúvidas quanto a durabilidade das placas a partir do contato com a água. Tudo isso ainda precisa ser testado, e só será possível saber quando o Nirvana IV cair de vez na água.

Em suma, a intenção é que o protótipo funcione e que essa tecnologia esteja mais presente. “Essa tecnologia sustentável busca dar autossuficiência energética nas embarcações, mantendo bom desempenho hidro e aerodinâmico. Assim que o protótipo for validado, buscamos disponibilizar essa tecnologia desenvolvida aqui no Brasil para o mundo, trazendo mais sustentabilidade para ao setor náutico”, finaliza.

Por Gustavo Baldassare sob supervisão da jornalista Maristella Pereira

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