O mistério da “lesma do mar” que vem se espalhando pelo litoral brasileiro

Por: Redação -
14/08/2020

Ao contrário do que vem sendo compartilhado em grupos de WhatsApp, o “dragão azul” não é venenoso e não tem origem asiática

Siga nosso TWITTER e veja a série Dicas Náuticas diariamente: @revista_nautica

Nas últimas semanas, ocorreu uma grande disseminação de fake news nas redes sociais, sobretudo no WhatsApp, sobre a aparição do “dragão azul” (Glaucus Atlanticus), como é conhecido o pequeno molusco quem vem sido encontrado no litoral brasileiro. Segundo a ecóloga especialista em biodiversidade e filogenia de nudibrânquios de Moçambique, a brasileira Yara Tibiriçá, as notícias que vem aterrorizando a população brasileira não são verídicas.

Yara afirma que, na verdade, o Glaucus Atlanticus é um nudibrânquio (tipo de “lesma do mar”) inofensivo aos seres humanos, e o mito de serem tão perigosos provavelmente se espalhou devido à má interpretação da informação relacionada ao seu sistema de proteção contra predadores.

Esses moluscos, ao contrário da maioria dos outros nudibrânquios, são pelágicos. Ou seja, eles vivem na coluna da água e são carregados pelas correntes junto com seus alimentos hidrozoários, como caravelas portuguesas e águas vivas.

Ao se alimentar eles roubam as células urticantes de suas presas acumulando em estruturas corporais conhecidas como “ceratas”. Quando ameaçados, esses animais podem perder parte das ceratas para distrair os seus predadores, assim como as lagartixas fazem com os rabos. Apesar das ceratas possuírem uma grande quantidade de células urticantes, elas são relativamente pequenas e não chegam a queimar os seres humanos, mas obviamente não devemos ingerir esses animais.

“Durante anos de pesquisa em Moçambique, eu coloquei centenas desses animais com a minha mão de volta ao mar, e nunca tive nenhum tipo de reação alérgica ou sensação de queimação. No entanto, pessoas com alergia à água viva deve evitar tocá-los. Em fato, sempre é melhor não os molestar, eles são animais delicados e podem perder suas ceratas facilmente. Mas, se você encontrar um “encalhado” na praia, pode colocá-lo de volta ao mar usando um copo ou baldinho”, completa Yara Tibiriçá, reconhecida por sua contribuição à pesquisa de nudibrânquios no Oceano Indico e projetos de conservação, em Moçambique.

https://www.instagram.com/tv/CD34z_hgayD/?utm_source=ig_web_copy_link

Além disso, ao contrário do que se tem se falado nas redes sociais, os dragões azuis não são asiáticos. Eles têm naturalmente uma distribuição cosmopolita, sendo encontrados desde o Indo-Pacífico até o Atlântico. No entanto, o nome científico desses animais (Glaucos atlanticus) faz referência ao primeiro oceano aonde foram descobertos – o Oceano Atlântico.

Leia também

» Família encontra tubarão-branco durante passeio de lancha. Veja o vídeo

» Ilhabela recebe número recorde de baleias jubartes. Saiba como agir quando avistá-las

» Elefante-marinho é flagrado em praia de Balneário Camboriú, em Santa Catarina

Por que essa abundância na costa brasileira nesse momento? O motivo ainda é desconhecido, porém provavelmente está associado à abundância de alimento. Águas vivas são sensíveis à mudanças ambientais como temperatura podendo ocorrer “booms” de tempo em tempo, o que poderia ter influenciado também o aumento da população de dragões azuis.

Ao contrário dos nudibrânquios dragões azuis, caravelas portuguesas podem queimar os banhistas com seus tentáculos muito longos (muito maior do que um dragão azul), então é sempre bom tomar cuidado e ter por perto vinagre, que deve ser passado o mais rápido possível quando algum indivíduo sentir que foi queimado.

Por Felipe Toniolo, sob supervisão do  jornalista Otto Aquino      

Gostou desse artigo? Clique aqui para assinar o nosso serviço de envio de notícias por WhatsApp e receba mais conteúdos.

Náutica Responde

Faça uma pergunta para a Náutica

    Relacionadas

    Confira quem passou pelo lounge de NÁUTICA no 6º dia de Rio Boat Show 2024

    Com celebridade e nomes do mundo náutico, espaço vip recebeu visitas ilustres na 25ª edição do evento

    Boat Show em festa: Barcos dos principais estaleiros desfilam pela Marina da Glória

    Tradicional Desfile de Barcos chegou à 7ª edição colorindo, novamente, as águas da Baía de Guanabara com luzes e animação

    Confira as palestras deste sábado (4) no NÁUTICA Talks do Rio Boat Show 2024

    Com nove convidados e sete bate-papos, penúltimo dia de evento é recorde em encontros na Marina da Glória

    Estande da Bahia convida público a conhecer destinos por meio de realidade virtual no Boat Show

    Espaço colorido e caprichado apresenta experiência imersiva, sugestões de roteiros e informações para investidores

    Hidea lança no Rio Boat Show motores que podem ser instalados em parelhas

    Marca está no salão com 12 opções de motorização, dos 3 aos 130 hp; empresa prevê aumento no repertório na próxima edição do salão