O poder de mando

Por: Redação -
10/06/2015

A vida no mar reza que aquele que está no comando acumula as glórias, mas também responde pelas dificuldades que afligem a tripulação. A navegação em tempos remotos requeria sacrifícios e abdicação de todos que se despunham a dividir os lucros das expedições. Dificuldades e descontentamento de dias e noites de trabalho intenso no convés, pouca comida e pouco descanso. A vida no mar sempre foi para poucos.

Dificuldades que ultrapassam as intempéries das condições do tempo e do mar, mas acima de tudo também pelas disputas e intrigas entre os tripulantes. Esta última, certamente é a maior fonte de desgaste em uma tripulação, e uma vez contaminada pela insatisfação e pela revolta, a tripulação resiste a qualquer iniciativa de reorganizar o esforço de manter o barco no rumo certo. Exigir raciocínio de um marujo de pouca capacidade, cansado e ambicioso além das possibilidades é como dar conselhos a um doido.

Em um barco, diante de um capitão de fala grossa e mão firme não existe marujo que não se sujeite as tarefas mais difíceis e cansativas cumprindo a vontade dos seus superiores. A disciplina no mar deve ser rígida e inflexível. Em um barco se vê muito ignorante se metendo a importante e quando as coisas ficam confusas todos abusam. Criticar sussurrando na borda as ordens do comandante é fácil depois que as coisas saem erradas. Quando tudo está indo bem é fácil ser inteligente e querer ditar ordens, mas quando um qualquer põe a mão no timão, não consegue segurar ele por mais de um tostão. Muitos sujeitos metidos a sabichões pensam que são feitos para mandar, mas na hora da verdade não sabem como comandar.

Em um navio os mais capazes não valem tanto quanto os mais obedientes e eficientes. Existe uma grande diferença entre lobo do mar e homem do mar. Ao contrário dos bons marujos e tripulantes fiéis ao capitão, os lobos do mar não conseguem se controlar e estão sempre se metendo a saber mais do que os outros e criticar as ordens. Acabam metendo os pés pelas mãos e em pouco tempo terminam na prancha ou na forca.

O exercício do poder de mando se conquista com muita perícia na arte de dar as ordens. É preciso mandar sem humilhar, controlar sem intimidar, ser querido e também ser temido ao mesmo tempo, saber contornar as situações explosivas, ter condescendência e tolerância com os mais agitados, mas agindo com serenidade e firmeza.

Em uma viagem longa, uma vez decido quem manda e quem obedece não se fala mais no assunto. A partir daquele momento a tripulação tem que se comportar como a esposa perfeita de uma história medieval. É livre e tem vida própria até encontrar com quem case. Uma vez casada, não tem mais vontade própria, a não ser quando concorda com o marido.

 

Jorge Nasseh é especialista em construção e composites e costuma viajar os quarto cantos do mundo em busca de novidades no meio náutico

 

 

 

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