Próxima rival do Brasil na Copa, Croácia é um dos lugares mais lindos para navegar
Mar translúcido agrada em cheio quem quer conhecer um país de maneira diferente: os charters em flotilha
Cerca de 6.000 quilômetros de beira-mar e perto de 1.000 ilhas são alguns dos atrativos da Croácia, país que enfrenta o Brasil nesta sexta-feira (9), pelas quartas de final da Copa do Mundo do Catar.
Você leu certo: o destino concentra quase 1.000 ilhas — muito mais do que Angra dos Reis, dona da maior concentração de ilhas do litoral brasileiro, com 365 ilhas. Só isso já bastaria para despertar a atenção de qualquer pessoa que goste de navegar.
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Mas, melhor ainda, é a qualidade do mar que banha tudo isso — um mar translúcido, cristalino e com um impressionante tom verde-esmeralda, que está entre os mais bonitos do mundo.
Por tudo isso (uma costa generosa, ilhas em profusão e um mar com cor de Photoshop), não é de admirar que a Croácia tenha hoje um dos litorais mais desejados da Europa.
Até porque é o melhor lugar do mundo para praticar um tipo de turismo que agrada em cheio quem quer conhecer um país de maneira diferente, interativa e que tem tudo a ver com um cenário dessa magnitude: os charters em flotilha — grupos de pessoas navegando juntas, a bordo de veleiros alugados, mas cada um no seu barco.
O sistema, que difere da simples locação de veleiros porque a navegação acontece em regime de flotilha, mas não de comboio (ou seja, com diversos barcos avançando na mesma direção, mas não juntos, para não tirar o prazer de navegar individualmente), atrai, sobretudo, quem não se sente seguro em aventurar-se em águas desconhecidas, ou busca companhia nas travessias.
Perfeito, portanto, para quem quer unir dois prazeres numa só viagem: o de navegar com segurança e num dos litorais mais espetaculares da Europa. Nisso, a Croácia é imbatível.
Outra vantagem de embarcar em uma viagem como essa pelo litoral da Croácia é que são tantas ilhas e baías que as velejadas de um ponto a outro não duram mais do que um par de horas — geralmente, bem menos que isso. Não dá nem tempo de enjoar, com o benefício extra de que a paisagem é de babar.
Das quase 1.000 ilhas que há no litoral da Croácia, apenas 47 são habitadas — e isso em plena Europa, o continente mais desenvolvido do planeta. E muitas não passam de charmosíssimos cocurutos preenchidos com casinhas impecáveis, que mais parecem montagens.
É o caso da minúscula e histórica Trogir, uma ex-fortaleza medieval transformada em ilha-cidade (e com um castelo tão perfeito que parece cenográfico), que ocupa pouco mais do que seria o espaço de uma grande praça numa metrópole moderna — tanto que não há espaço para automóveis nas suas ruelas.
Em compensação, sobram barcos e grandes iates atracados ao redor desta espécie de Paraty croata, que é uma das joias mais preciosas da costa da Croácia. Mas não a única.
Há, também, a ilha de Hvar (não estranhe os nomes difíceis de pronunciar, porque uma das características do idioma croata é a supressão das vogais entre consoantes), repleta de montanhas, perfumados campos de lavanda (dizer que a ilha inteira cheira a roupa de bebê não é nenhum exagero) e muitos bares e beach clubs.
No verão, entre julho e agosto, Hvar vira uma espécie de Ibiza croata — destino obrigatório para quem gosta de diversão e baladas à beira-mar. E ainda fica diante de uma das praias mais bonitas da região, a de Jerolim, numa ilhota bem em frente.
Mas, obrigatório mesmo é conhecer a praia número 1 da Croácia, que também já foi eleita a mais bonita de todo o Mar Adriático: Zlatni Rat — algo como “Chifre Dourado”, em português, porque o seu formato lembra uma ponta bem fina de areia avançando mar adentro.
Quer dizer: pedrinhas, em vez de areia, como em 90% das praias croatas — o que exige certa destreza ao caminhar e a proteção de sapatinhos de borracha, à venda em qualquer lugar. Nna Croácia, em vez de tirar o calçado ao chegar à praia, é preciso calçá-lo.
A diferença em relação às outras praias da Croácia é que, em Zlatni Rat, as pedrinhas são brancas, o que potencializa ainda mais a cor do mar, um espetacular degradê entre o verde e o azul. Zlatni Rat fica no charmoso povoado de Bol, cujo pequeno porto lembra os das ilhas gregas, na ilha de Brac, que, por sua vez, está a uma hora de barco do continente — tudo lá é muito perto quando o caminho é feito pelo mar.
Perto de Bol, mas já em outra ilha, a de Vis, uma das menos exploradas do litoral croata (porque, no passado, foi usada como refúgio do ex-líder supremo da extinta Iugoslávia, da qual a Croácia fazia parte, o lendário Marechal Tito), fica outra praia cinematográfica: a de Stiniva, praticamente escondida dentro de uma garganta.
E um pouco mais adiante, na também vizinha ilha de Bisevo, a quase mágica Modra Spilja (“Gruta Azul”, em croata), onde, por conta da luz, o mar parece acender debaixo dos barcos.
Nada, porém, se compara à incrível experiência de sair do mar e penetrar, com um barco, no mais famoso rio da Croácia, o impronunciável Krk (lembra-se das vogais que foram abolidas nos nomes croatas?), que permite navegar até o Parque Nacional de Krka (melhor também não tentar pronunciar), 70 quilômetros continente adentro.
O Krk é um bonito curso de água também muito verde, que, a caminho do mar, escorre dentro de cânions que mais parecem fiordes noruegueses. Só a paisagem já valeria a investida, mas a natureza achou que era pouco e fincou uma série de cachoeiras no tal parque de nome impossível, ao qual você pode chegar de barco.
E, não satisfeita, criou piscinas naturais diante das cachoeiras, para você apreciar as quedas d’água imerso na própria água do rio. É o que acontece em Krka. Se você acha que não faz sentido ir à Europa para ver cachoeira, algo que temos aos montes no Brasil, prepare-se para mudar de opinião ao visitar Krka.
A base para a grande maioria dos charters em flotilha pelo litoral da Croácia é a cidade de Split, a segunda maior do país, e que também fica à beira-mar.
É lá que estão as maiores empresas que organizam esse tipo de cruzeiro coletivo, geralmente de uma ou duas semanas de duração, mas apenas entre os meses de maio e outubro, quando a temperatura é quente — no verão, bem quente — em toda a Croácia.
Os veleiros variam entre 30 e 42 pés, bem como o tamanho da flotilha. Cada um comanda o seu próprio barco, mas há um veleiro líder, que vai junto, com um skipper, um mecânico e uma hostess, para guiar, orientar e ajudar no que for preciso.
Nos charters em flotilha, não há um roteiro rígido, cada um determina o próprio ritmo, “escapadinhas” e paradas não previstas são incentivadas, mas os locais de pernoites precisam ser obedecidos, porque não é permitido navegar à noite nesse tipo de cruzeiro.
Essa é a única regra, além de ter de participar das reuniões diárias que o comandante da flotilha faz com todos os participantes, para explicar o roteiro do dia seguinte e dar dicas gerais de paradas e passeios.
A rigor, o único empecilho nas ancoragens é o idioma croata, que não se parece com nada que você já tenha ouvido — “Croácia”, por exemplo, é “Hrvatska”, em croata. Mas, felizmente, simpatia é uma língua universal e, nisso, os croatas são poliglotas. Especialmente com brasileiros, que são sempre recebidos com entusiasmo, por conta do futebol (basta lembrar que a Croácia foi vice-campeã na última Copa do Mundo, em 2018).
A simpatia do povo croata, pouco mais de quatro milhões de pessoas, é um dos pontos altos de qualquer viagem para este lindo país, banhado pelo incrível verde do Adriático, o mar mais translúcido da Europa. Mas a beleza de algumas das suas cidades históricas não fica nada atrás.
A começar pela mais famosa de todas, a linda Dubrovnik, que é a cereja do bolo da Croácia. E que também fica na beira do mar.
Dubrovnik, que soma mais de 1.500 anos de História e brilha feito mármore (porque foi construída com esse material), vive tão cheia de turistas, que, nos dias mais críticos (quando, por exemplo, atracam mais de dois navios de cruzeiro ao mesmo tempo), os portões da cidade antiga precisam ser fechados para que quem estiver lá dentro consiga, ao menos, caminhar.
É praticamente impossível curtir Dubrovnik com a mesma tranquilidade do restante do litoral croata. Mas é igualmente verdade que não existe cidade mais bonita em toda a Croácia.
Dubrovnik também serve como ponto de partida para visitar outras ilhas do litoral croata, como Korcula, que tem uma cidade murada que parece saída dos contos de fadas, e Mljet, com praias ainda virgens e eternamente vazias.
Ao redor de Spit também há muitas ilhas e praias que merecem ser visitadas, mas, relaxe: mesmo a bordo de um barco, não dará tempo de ver tudo o que o interessantíssimo litoral da Croácia tem a oferecer. Para isso seria preciso, no mínimo, um ou dois meses inteiros do calendário.
Mesmo assim, uma ou duas semanas a bordo de um veleiro navegando suavemente entre algumas das quase mil ilhas da Croácia já deixará boas lembranças desse país, cujo litoral é uma espécie de Angra dos Reis da Europa.
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