Biólogo desenvolve técnica de reflorestamento de corais no mar do Caribe

Por: Redação -
18/08/2021

A técnica batizada de “berçário de corais”, semelhante ao reflorestamento, foi desenvolvida por um biólogo na Jamaica que procurava por um meio de salvar o mar do Caribe. Ao descobrir que as águas locais só tem 1/6 da cobertura de corais restante, o profissional não pensou duas vezes antes de “arregaçar as mangas”.

A situação alarmante foi comprovada pelos cientistas do Global Coral Reef Monitoring Network. Eles examinaram 90 locais diferentes pelos mares caribenhos, junto com as algas, corais, ouriços, moluscos e, claro, peixes. O resultado foi confirmado: um cenário caótico.

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Frente a um problema do tipo e sem quaisquer previsões de iniciativa pública, o biólogo marinho Andrew Ross desenvolveu um projeto de recuperação na Jamaica, exatamente como se estivesse reflorestando o solo marinho. Ele conta que o processo é frequentemente chamado de jardinagem de corais, e é parecido com a silvicultura, ou seja, a restauração de habitats florestais.

bercario de corais

A empresa de Ross, a Seascape Caribbean, é uma corporação ativa no trabalho de proteção aos corais, o que facilitou muito a iniciativa do biólogo. A empresa colhe pequenas quantidades de material vivo dos recifes selvagens e os leva para viveiros, onde eles crescem e se propagam, gerando novos corais.

Nos berçários, os corais encontram um ambiente mais seguro e rápido para se propagar, já que estão longe de alguns de seus principais inimigos naturais: algas, sedimentos, lesmas e vermes predadores.

Após este processo (que leva em média de 10 a 12 meses), os corais são replantados no solo do oceano, onde conseguem restaurar o ecossistema. Geralmente os viveiros são montados próximos aos locais onde será feito o replantio dos novos corais.

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bercario de corais

Essa preocupação com os corais caribenhos é resultado de uma prática que se mantém há décadas, todas fruto da ação humana. Foram anos de pesca predatória sem nenhum tipo de regulamentação, esgoto sendo jogado no oceano, além de dejetos e lixo despejados no mar. Além disso, o Furacão Allen também foi outro grande golpe sofrido pela Jamaica em 1980, o pior a atingir a região nos últimos 100 anos. O fenômeno acabou com os recifes de corais da região.

Como se já não fosse suficiente, a acidificação das águas dos oceanos — proveniente do aquecimento global — é um agravante de peso neste caso. Apesar de prejudicar toda a vida marinha, a destruição dos corais representa uma ameaça ainda maior, já que eles desempenham o papel de ecossistema marinho mais importante. Cerca de 1/4 de todas as espécies de peixes dependem deles para sobreviver.

Com a diminuição dos corais, muitos peixes típicos do local também sumiram das praias jamaicanas. Um grande exemplo é o do peixe papagaio: sem ele, há um crescimento desordenado de algas, que sufocam e matam os corais. É a chamada dinâmica de populações, que, por um desequilíbrio, tem acabado com a vida marinha do Caribe.

bercario de corais
Peixe Papagaio

Quase como um reconforto, o mercado turístico já tem percebido que, se não contribuir com a divulgação de um turismo sustentável, ele poderá perder milhões de dólares em um futuro bem próximo. E foi com esse pensamento que o Goldeneye Hotel e Resort, na praia de St. Mary, se tornou um dos maiores investidores dos berçários de corais, em parceria com a Seascape Caribbean.

Uma das atrações criadas pelo hotel foi a visita ao projeto, inclusive, em que os visitantes podem participar da iniciativa, plantar um pedaço de coral e depois acompanhar através de fotos, enviadas por e-mail, o crescimento da nova vida.

Confira abaixo o vídeo da Seascape Caribbean, mostrando o trabalho realizado com os berçários na Jamaica:

Por Naíza Ximenes, sob supervisão da jornalista Maristella Pereira.

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