Teste Triton 300 Sport: Robusta e com desempenho diferenciado, o modelo surpreende

A embarcação navegou bem com apenas um motor de centro-rabeta a gasolina de 300 hp, mesmo com o mar não tão calmo assim

Por: Redação -
03/04/2023

Lançada durante o último Rio Boat Show, a Triton 300 Sport oferece a qualidade já conhecida das lanchas produzidas pela Triton Yachts. A nova opção no segmento das 30 pés atende quem se amarra em lanchas de pegada esportiva, mas sem abrir mão de confortos dignos de um barco de cruzeiro.

O cockpit tem capacidade para levar até 10 pessoas e uma cabine com pernoite para quatro pessoas. A Triton 300 Sport possui um casco com proa lançada, perfil de borda livre baixa, V acentuado de 18 graus na popa e desempenho compatível à de uma lancha quase esportiva.

 

 

Repare em suas linhas esguias, bonitas e harmônicas. Mas não é só a beleza que faz dessa lancha de 9,40 metros de comprimento (30,8 pés) uma boa opção.

 

O desempenho (ela vai da marcha lenta aos 20 nós em 5,4 segundos com apenas um motor de 300 hp) e o conforto, tanto no cockpit como cabine (embora aqui ela tenha um pé-direito baixo, por se tratar de uma lancha de perfil esportivo — e isso não pode ser esquecido), também chamam atenção.

No cockpit, a distribuição dos sofás e demais equipamentos foi feita com o cuidado que a tarefa merece, o que resultou no equilíbrio de peso a bordo. As pessoas ficam sentadas de frente uma para as outras, porque o cockpit está bem integrado.

Com todo mundo em seu lugar, o piloto não precisa usar flaps para manter o equilíbrio de peso, tornando o comando mais fácil em curvas e velocidades elevadas. Entre os itens de conforto, há porta copos, equipamento de som Bluetooth no painel e uma grande cristaleira.

Os detalhes de acabamento dos sofás, com costura aparente, ressaltam o estilo esportivo do barco e combinam com a pintura especial (item opcional).

Embaixo da mesa de madeira teca há um grande paiol, onde ficam o tanque de 230 litros de gasolina, que estava com 60% da capacidade, o encanamento e a bomba de água. Tudo conectado por abraçadeiras duplas e invertidas, de altíssimo padrão.

 

Para uma embarcação de 30 pés, um tanque de 300 litros seria minimamente desejável, permitindo assim um aumento interessante da autonomia, mais adequado ao perfil de quem já está nessa faixa de tamanho de embarcação.

A bombordo fica o bocal de abastecimento do tanque de água doce. A capacidade é de 100 litros. Mas, um tanque de 150 litros seria mais adequado para uma 30 pés com pernoite para quatro pessoas, mesmo raciocínio de uso do combustível.

 

Já a cabine oferece pernoite de dois casais: um com sofá em V com mesa no centro, conversível em cama de casal na proa, e outro em uma cama transversal (medindo 1,90 m x 1,20 m) debaixo do cockpit, no centro do casco.

Durante o teste, uma das peças que fecham o espaço da cama de proa não estava bem encaixada, o que provocou uma pequena vibração durante a navegação. Então, é preciso cuidado na hora de converter o sofá em cama de casal para que tudo fique bem fixado.

 

Com 1,53 metro de altura, há necessidade de ter que baixar a cabeça para se acomodar na cabine. Porém, a porta de entrada (avançando em direção ao para-brisa) é alta, permitindo que uma pessoa de até 1,75 m entre sem dificuldade, e os degraus são bem largos.

A decoração e o acabamento são caprichados e tornam o ambiente mais aconchegante. Tem, também, uma cozinha pequena com forno micro-ondas e espaço para uma caixa de gelo.

 

Falta uma janela (ou vigia) ao lado da cama lateral (item tradicional nos barcos da própria Triton), indispensável para a entrada de luz natural e para se ter uma visão do mar. Sem ela, as pessoas ficam dependendo da iluminação de LED.

No banheiro, a altura — apenas 1,36 metro — permite banho apenas sentado. Em compensação, tem certos confortos, como vaso sanitário elétrico de série, vigia que oferece iluminação e ventilação naturais, pia, chuveirinho e iluminação de LED.

 

O espaço economizado no interior é compensado pelo amplo convés, que tem uma boa plataforma de popa ampla (1,25 m de comprimento por 2,25 m de largura), um solário na proa (e a opção de um segundo na popa, neste caso com o deslocamento do móvel gourmet para um dos bordos), para-brisa envolvente, espaço gourmet e acomodações para até 12 pessoas sentadas no equilibrado cockpit, sendo duas no banco de pilotagem, a boreste.

Quatro pessoas podem ir no sofá em J atrás do posto de comando, onde há uma mesa de centro removível. Duas no sofá de popa, três no sofá de bombordo e uma na chaise, ao lado do posto de comando. E ainda sobra espaço para a circulação central. Dessa forma, todo mundo fica protegido do sol e da chuva por uma capota de lona que se estende até área gourmet.

 

A sombra da capota só não alcança a plataforma de popa, na qual o móvel gourmet está equipado com pia, geleira com tampo de madeira que serve aparador para quem comanda o churrasco e churrasqueira a carvão de série.

Sobre o revestimento de EVA (teca artificial), da Kelson’s, dá para colocar uma ou duas cadeiras e curtir o sol. A escada para quem retorna do mar é lateral, uma boa solução. Contudo, seria melhor se tivesse quatro degraus, e não três, como na unidade testada por NÁUTICA.

 

Nessa área, a Triton 300 Sport oferece duas opções de layout. Na primeira, convencional, a cabeceira da plataforma de popa é ocupada pelo espaço gourmet. Na segunda, por um grande solário — nesse caso, o móvel gourmet se desloca para a lateral.

Entre o cockpit e a plataforma de popa há um degrau e uma portinhola, arranjo que deixa a lancha mais segura contra a invasão de marolas produzidas por barcos maiores em sua popa, estando a lancha ancorada ou nas desacelerações bruscas.

 

No posto de comando, o toque esportivo fica por conta do painel, com instrumentos de fácil leitura, e do volante italiano com acabamento de fibra de carbono. Tanto timão como o manete estão bem posicionados e há suporte para os pés do piloto.

O painel, com ótima inclinação (mesmo com o sol, não se sente reflexos) tem espaço para todos os instrumentos do motor e um eletrônico Raymarine Axiom com tela de 9 polegadas, mas há espaço para um maior.

 

Porém, o rádio VHF foi colocado em uma posição difícil de visualizar os canais e o ponto de fixação do “mic” deve ser deslocado para um lugar mais adequado, que não atrapalhe o volante nem desvie a atenção do piloto.

Por sua vez, o volante não é escamoteável, o que é bastante desejável num barco com tantos mimos e tom esportivo. Para o smartphone, há a uma indispensável entrada USB. Mas falta um porta-trecos para acomodar o aparelho e guardar outros objetos na parte superior do painel.

 

Chegar ao solário de casal, na proa, por uma abertura no meio do para-brisa, é facilitado pela colação de três degraus. Em contrapartida, não vale a pena subir de pé, sob o risco de cair, caso o barco balance um pouquinho com a passagem de uma marola.

A pegada no para-brisa é ótima para isso. Essa dica vale não apenas para essa lancha como para qualquer barco com esse tipo de passagem.

Triton 300 Sport tem duas opções de layout

Já na lá na frente, no bico de proa (ou púlpito) há um bem-vindo banco de madeira que aumenta o espaço social e a interação de na aquela área do barco. O solário mede 1,62 m x 1,23 m.

 

Por sua vez, a gaiuta tem formato trapezoidal e material inovadores. É meio fosca, meio opaca, e produz a entrada de uma luz bonita na cabine, algo inédito na categoria. No paiol de âncora, protegido por uma tampa de acrílico, falta uma trava para a corrente, importante para que você não precise improvisar um cabo. Nada que não seja fácil de solucionar.

Divulgação

A laminação do casco é forte e bem acabada, o que se traduz em segurança em águas agitadas. A Triton Yachts usa a laminação convencional, manual, pelo sistema hand lay-up, em vez da infusão a vácuo, reservada aos barcos maiores do estaleiro.

 

Outro ponto alto desta lancha é a possibilidade de usar apenas um motor de centro-rabeta (de 250 a 350 hp a gasolina; ou de 220 a 320 hp a diesel), além da opção de um (de 250 a 350 hp) ou de um par de motores de popa, de 150 a 225 hp.

 

Isso é muito interessante, porque a deixa mais leve e mais acessível também no custo. Também abre a possibilidade de exportação, já que o estaleiro também leva seus barcos para o exterior.

A porta de acesso ao motor fica no cockpit, sob o sofá de popa. Levantou a tampa (que é muito leve) e você está no coração do barco. O acesso é rápido e a área, grande, facilitando a manutenção.

 

É no desempenho que ela entrega o que se espera de uma lancha quase esportiva. Saindo pelo rio Juqueriquerê, em Caraguatatuba, num dia de ventos moderados e muito chatos (um leste/ sudeste com mais de 12 nós) e, consequentemente, mar bem picado, andamos com ela nas águas entre Caraguá, Ilhabela e São Sebastião, com as medições ficando reservadas para o protegido Canal de São Sebastião, no litoral norte paulista.

Fazendo jus ao estilo esportivo, o casco dessa lancha é bem equilibrado, apesar do V muito acentuado, de 18 graus na popa — índice adequado para uma embarcação desse tipo —, formando um bom conjunto com o motor Mercruiser 6.2 litros a gasolina de 300 hp e a rabeta de hélices contrarrotantes modelo Bravo 3. Quanto mais acentuado o V, maior o risco de instabilidade lateral.

 

Para começar, ela sobe rápido, responde de forma correta e acelera muito bem. Já em velocidade de cruzeiro, e depois em alta, navegou sem pancadas duras e fez as manobras com bastante agilidade e facilidade, cortando bem as ondulações.

Por conta do casco de V profundo, esportivo, se você chamar muito, ela também vai adernar mais — seguindo o mesmo princípio dos carros esportivos.

 

Com a diminuição da velocidade do vento, e o mar melhorando, a navegação vai ficando mais agradável. Com o gps marcado 23,5 nós, e o consumo em 37,5 litros, o motor está sobrando. A rabeta bravo três com hélices contrarrotantes dá mais força na saída, mais torque.

Aceleramos um pouco mais: 4000 rpm, 26,1 nós, 52 litros/hora. Sem aliviar o manete, a 4500 rpm: 30,2 nós, 65,1 litros/hora. Agora, 5100 rpm, leve trim, 34,6 nós, 99,4 litros/hora. Aceleramos mais fundo e: 36,9 nós, 101 litros/hora, a velocidade top.

 

Outro ponto positivo foi a aceleração: da marcha lenta aos 20 nós marcamos 5,4 segundos, outro ótimo resultado. Além disso, a direção é muito leve. Basta um toque, que ela responde. A sensibilidade no manete também é muito boa.

Por sua vez, a posição de pilotagem, sentado no assento rebatido, foi superconfortável durante todo o tempo, com ótima visão para todos os lados. Já na posição sentada o piloto fica bem mais baixo e a visão, menos ampla. O ideal é pilotar levantado mesmo.

 

A janela lateral, com frames altos, protege muito bem piloto. Aliás, a capota, com estrutura firme, forte e bem montada, não vibrou nem se mexeu, outro ponto superpositivo.

Em resumo, a Triton 300 Sport pegou um teste mais bravo do que se poderia esperar, com ventos muito chatos e mar picado, o que geralmente deixa a navegação desconfortável. Neste caso, em menor velocidade, para evitar pancadas fortes em um mar muito mexido e bem encarneirado, o perfil baixo do casco faz levantar mais sprays que o desejado.

 

Porém, assim que ela ganha velocidade, a coisa muda bem e a água para de borrifar no cockpit. No geral, ela se saiu muito bem, ultrapassando a casa dos 36 nós de máxima.

Vale relembrar que essa lancha também pode usar motorização de popa, incluindo uma parelha de 150 a 225 hp, que certamente cai muito bem. Embora, com o Mercruiser de 300 hp a gasolina, sobrou potência na velocidade final e na aceleração, o que é importante quando se vai colocar mais de 6 ou 7 pessoas a bordo.

 

Fundado em 1984, o estaleiro paranaense já colocou na água cerca de 2.000 barcos e de cuja linha de produção, em São José dos Pinhais, saem 18 modelos, de 23 a 52 pés.

Saiba tudo sobre a Triton 300 Sport

Pontos altos

  • Construção robusta e bem finalizada
  • Desempenho e aceleração muito bons
  •  Convés bem distribuído
  • Ótimas instalações de hidráulica e capotaria
  •  Pernoite para quatro pessoas

Pontos baixos

  • Tanques de água e combustível deveriam ser maiores
  • Falta trava na corrente da âncora
  • Posição do rádio VHF não é a ideal

Características técnicas

Comprimento: 9,40 m
Boca máxima: 2,70 m
Peso: 2.800 kg
Lotação diurna/noturna: 10/4 pessoas
Camarotes: 0 (duas camas abertas)
Banheiro: 1
Motorização: centro rabeta de 250 a 350 hp (gasolina) ou 220 a 320 hp (diesel); ou um popa (de 250 a 350 hp) ou dois motores de popa, de 150 a 225 hp.
Tanque de combustível: 230 litros
Água doce: 100 litros

Quanto custa a Triton 300 Sport

O preço da Triton 300 Sport é a partir de R$ 550 mil, com um motor centro-rabeta gasolina de 300 hp. Preço pesquisado em março/2023. Para saber mais sobre o modelo testado, acesse o site oficial da Triton Yachts.

 

Consultor técnico: Guilherme Kodja
Edição de texto: Gilberto Ungaretti
Edição de vídeo: Lucas Ribeiro
Fotos: Victor Oliveira e Divulgação

 

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