Baleia-jubarte bate recorde ao cruzar 3 oceanos em busca de sexo
Macho da espécie foi da costa oeste sul-americana a costa leste da África, percorrendo mais de 13 mil km
O comportamento de uma baleia-jubarte (Megaptera novaeangliae) em busca de sexo foi tão fora do comum que fez pesquisadores acreditarem de que se tratava de um erro. Não à toa: o animal cruzou três oceanos, navegou mais de 13 mil km e desafiou os costumes de sua espécie — quebrando até um recorde.
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Enquanto fazia sua jornada heróica por acasalamento, a baleia-jubarte do sexo masculino deixava no caminho um precioso material de pesquisa.
Sem perder tempo, pesquisadores da Southern Cross University, na Austrália, traçaram um estudo que resultou em um artigo publicado na revista Royal Society Open Science.
Considerando a distância de grande círculo (medida usada para apontar o menor percurso entre dois pontos na superfície da Terra) entre os dois avistamentos, essa foi a maior distância percorrida pela espécie de que se tem registro.
A cauda da baleia foi reconhecida pelos estudiosos através de fotos realizadas entre 2013 e 2022. As imagens identificaram essa jubarte nos anos de 2013 e 2017 no litoral da Colômbia, no Oceano Pacífico. Já em 2022, o animal foi flagrado no arquipélago de Zanzibar, no Oceano Índico, na Tanzânia.
Apesar de a rota exata da baleia entre esses pontos ser desconhecida, especialistas indicam que o animal “potencialmente visitou populações de jubarte no Atlântico”. Em toda caso, uma coisa é certa: a situação vai contra os padrões de migração consistentes da espécie.
Isso porque as jubartes costumam navegar em rotas no sentido norte-sul: quando estão em busca de alimento, são vistas entre as águas frias, perto dos polos; e, quando buscam acasalar, as baleias ficam próximas dos trópicos. O animal em questão, por sua vez, fez uma rota leste-oeste.
“Esta foi uma descoberta muito emocionante, o tipo de achado que nos faz acreditar primeiramente se tratar de algum erro”, disse Ted Cheeseman, coautor do projeto, ao Live Science.
Para Cheeseman, além da longa jornada percorrida pelo animal — quase o dobro da migração típica — , chama atenção também o fato de que, no percurso, a baleia teve contato com inúmeras outras populações de baleias-jubarte, “explorando mais longe do que qualquer outra”, o que é considerado raro entre a espécie.
Quando ele apareceu, foi tipo, ‘Oooh, estrangeiro sexy com um sotaque legal’?”– brincou Ted Cheeseman, em entrevista ao The Guardian
O que explica maratona da baleia em busca de sexo?
Ekaterina Kalashnikova, principal pesquisadora da iniciativa, destaca que a jornada da baleia-jubarte revela que suas migrações podem ser mais flexíveis do que se acreditava.
Conseguimos documentar um novo comportamento que fornece informações importantes sobre a ecologia [das baleias-jubarte]– conta
Os cientistas acreditam ainda que o macho percorreu a longa distância para aumentar suas chances de conseguir acasalar, movendo-se entre áreas onde as baleias costumam procriar. Mas mudanças climáticas, competição entre machos e alterações na disponibilidade de alimentos também podem ter influenciado a migração incomum.
Todas as imagens utilizadas pelos pesquisadores para a identificação do animal estão em um banco de dados sobre baleias chamado Happywhale, que é alimentado tanto por cientistas quanto pela sociedade.
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