Bangkok, a Veneza do Leste da Tailândia, planeja instalar 200 balsas em quatro anos
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Com mais de 200 balsas planejadas, Bangkok pode estar a caminho de se tornar a capital mundial das balsas elétricas. Em 2016, ao enfrentar problemas diários relacionados ao tráfego e poluição em Bangkok, o primeiro-ministro Prayult Chan-oh-cha decidiu instituir uma política de energia limpa e investir no transporte de barco. Para isso, ele passou a promover uma conectividade contínua de transporte urbano, ligando trens elétricos, ônibus e embarcações.
Desde então, a população tem visto o projeto Rede Verde progredir com a implantação de balsas e a substituição de motores das embarcações. O motor a diesel da embarcação que comportava até 40 passageiros foi trocado por motores Torgeedo Cruise de 10 kW, ou seja, uma bateria de íon-lítio. Essa troca ocorreu em novembro de 2018, sob a supervisão da Autoridade Metropolitana de Bangkok (BMA), a autoridade de trânsito da cidade.
No ano seguinte, motivadas pelos avanços sustentáveis, mais empresas decidiram se manifestar. A Energy Absolute, uma empresa privada de serviços públicos, anunciou os planos para construir e operar uma frota de balsas elétricas em fevereiro de 2019. Essa frota se conectaria com as partes do sistema de transporte fluvial, administradas pelo governo. A expectativa é de que, com os esforços de todas as corporações, sejam adicionados 40 a 60 barcos à frota de prestação de serviços. Além disso, os dois maiores operadores de barco de canal da cidade estudam a propulsão elétrica para que atendam as demandas de seus 135 barcos disponíveis para locomoção.
A Energy Absolute (EA), que possui o título de Tesla do Sudeste Asiático, investe tanto em energia limpa que tem construído uma rede voltada para sustentabilidade. Essa rede inclui uma fábrica de veículos elétricos, parques solares e eólicos, instalações de fabricação de baterias, a construção das novas balsas elétricas, e os carregadores que podem conectar todas elas.
As baterias da EA que alimentarão as balsas elétricas são de íon-lítio de 800 kW e custam em torno de 3 bilhões de dólares. Elas serão atendidas por uma rede de postes de carga rápida, podendo abastecê-las em cerca de 15 minutos. Os barcos, com capacidade para 200 passageiros cada um, são embarcações elétricas em liga de alumínio. Os catamarãs de 24 metros prometem um alcance de 80 km/h a 100 km/h — ou seja, de 50 a 62 milhas náuticas —, e navegam de duas a quatro horas sem recarregar. O valor do investimento das 24 embarcações é de 1 bilhão de bates.
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Bangkok fica na foz do rio Chao Praya, que possui 372 quilômetros de extensão e drena uma área que soma cerca de 1/3 de toda a Tailândia. A foz deste rio é formada por vários canais, ou braços do seu leito, e esses canais são chamados de “khlongs”, ou คลอง, em tailandês. Há tempos, os khlongs têm sido usados para transporte, comércio — com barracas em barcos flutuantes — e atrações turísticas. Ou seja, a utilização dos canais é parte da identidade de Bangkok. No passado, a cidade era conhecida como “Veneza do Oriente”, devido à tamanha atividade náutica. Atualmente, uma parte dos khlongs foi preenchida, mas ainda restam 1 682 deles em atividade, com um comprimento total de 2 604 quilômetros — 1 600 milhas.
Centenas de embarcações passam pelos khlongs diariamente, servindo todos os tipos de passageiros, desde táxis fluviais até cruzeiros. As docas em que a população entra e sai das embarcações são caóticas a ponto de serem comparadas a estações de metrô. Assim, essa quantidade de barcos gera muita poluição de gás e diesel, além dos ruídos e emissões de partículas tóxicas. A toxicidade chegou a um nível em que, em janeiro de 2019, as escolas da cidade precisaram suspender as aulas, e a maratona de 2020 da cidade quase foi cancelada.
Com o surgimento e impacto da Covid-19, alguns dos planos relacionados à eletrificação do transporte aquático foram adiados. Tanto a BMA quanto a Energy Absolute tinham como objetivo iniciar seus serviços no verão de 2020, mas pausaram suas programações nesse quesito. Isto não significa que interromperam as atividades por completo: em março, a BMA autorizou a compra de sete lanchas elétricas de 30 passageiros para o início das operações em dezembro. As embarcações serão gratuitas nos primeiros três meses, com a expectativa de que o preço final seja entre 5 e 10 bate por viagem.
Já no dia 21 de agosto, a Energy Absolute lançou o primeiro de seus catamarãs totalmente concluídos — o Mini Smart Ferry. Esse barco vai operar no rio principal, o Chao Praya, por ser mais adequado para a instalação dos sistemas de carregamento. Futuramente, de acordo com a EA, 24 balsas e 20 cruzadores elétricos estarão em serviço até o final de 2020, com outros 10 cruzadores programados para 2021.
O aspecto final da transição de Bangkok para balsas elétricas depende apenas de empresas privadas a partir deste momento. A maior delas é a Chao Praya Express Boat, que possui 70 barcos. Ela atende passageiros e turistas locais, e operará os catamarãs da Energy Absolute. Outra empresa similar é a Sansab, que possui 60 embarcações.
Todas essas empresas, juntas, analisarão a economia e têm esperança de que os preços das baterias diminuam consideravelmente nos próximos anos. A esperança é de que seja possível integrar um sistema de geração de eletricidade, construção de baterias e estações de carregamento. Mas, mesmo sem essas evoluções, Bangkok e Tailândia estão preparadas para um crescimento massivo em balsas elétricas, que podem transformar a “Veneza do Leste” na “Capital Mundial das Balsas Elétricas”.
Por Naíza Ximenes, sob supervisão da jornalista Maristella Pereira
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