Equipe feminina quebra recorde em tradicional regata offshore na Irlanda. Confira


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Round Ireland é a principal corrida offshore da Irlanda, realizada a cada dois anos. E foi nessa competição que Cat Hunt e Pamela Lee definiram o primeiro recorde duplo para uma equipe feminina. A dupla cruzou a linha de chegada logo após as 3h do sábado, 17 de outubro, com tempo provisório de três dias, 20 horas e 29 minutos. A intensa viagem começou no dia 13 de outubro e percorreu 761 milhas náuticas.
A dupla saiu do Wiclow Sailing Club para a linha de partida no farol de Kish e, de lá, começou o percurso. A rota seguida foi a clássica de cerca de 700 milhas náuticas, mantendo a Irlanda e todas as ilhas ou rochas a estibordo. Seguindo caminho, após contornar a rocha Fastnet, os velejadores ficaram expostos ao Oceano Atlântico e às suas severas condições climáticas, ao longo de toda a costa oeste. Uma vez em torno da porção norte da ilha, o desafio foi enfrentar as fortes marés ao redor de Ratlan, onde a velocidade da água pode frequentemente exceder a velocidade do barco na direção oposta. Já no trecho final, os participantes tiveram que navegar pelos ventos inconstantes e correntes das marés do Mar da Irlanda até a linha de chegada.

A embarcação que Cat e Pamela navegam é o Fígaro Beneteau III, Iarracht Maigeantra (Éire), e conta com o apoio do The Magenta Project (ou, em português, Projeto Magenta) — um coletivo criado para apoiar mulheres do mais alto nível da vela. A iniciativa de quebrar o recorde com uma tripulação inteira feminina vai além do título em si, já que tanto a Ocean Race quanto a Olympic colocam como requisito obrigatório a tripulação mista em algumas competições. Nas palavras de Cat e Pamela, a presença feminina não se dá somente por uma obrigatoriedade, mas por elas serem igualmente competentes.
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A ideia de competir pelo título surgiu na França, quando Pamela Lee, da Greystones, estava ajudando Kenny Rumball em seu primeiro La Solitaire du Figaro, o principal evento offshore da França, realizado em setembro deste ano. Uma semana depois, aquele barco partiu em direção a Marina Greystones, em Wicklow. Pamela contatou Catherine Hunt, uma jovem marinheira britânica experiente para se juntar à tentativa. Para se familiarizar com o barco e seus sistemas, a dupla começou a fazer velas curtas e uma série de instruções de treinamento durante esse período, o que resultou no que agora é um recorde mundial.
Pamela, a capitã da Irish RL Sailing Team, explica que “a corrida de shorthanded é uma grande disciplina porque exige que cada capitão seja habilidoso em todos os aspectos da navegação offshore — da navegação no timão ao ajuste de vela. O envolvimento feminino é fantástico, em particular, porque oferece oportunidades para aprender e assumir a liderança a bordo, o que muitas vezes é mais difícil para as mulheres em um barco onde os papéis são mais compartimentados”. O propósito de todo esse desafio é, acima de tudo, inspirar meninas na Irlanda e no Reino Unido a se dedicar à navegação de forma geral.
Cat, que ficou em 2º lugar na RORC Transatlantic Race 2019, também sustenta o mesmo pensamento: “Esperamos que nossa tentativa de recorde ajude a quebrar alguns dos estereótipos, relacionados à acessibilidade e dominação masculina, e gere entusiasmo – encorajando outras meninas a sair e tentar quebrar o recorde que estabelecemos. Há talento, entusiasmo e potencial entre as jovens marinheiras na Irlanda e no Reino Unido, mas muitas vezes há uma falta de consciência sobre os caminhos para a participação das mulheres”. Ela espera ser a próxima velejadora britânica a competir no Solitaire du Figaro, uma corrida à vela em solitário e por etapas na França.

Para quebrar o recorde da Round Ireland, o percurso deveria durar menos de quatro dias e seis horas — marco conquistado pela dupla Aodhan Fitzgerald e Yannick Lemonnier a bordo do Figaro II, em 2004. O recorde mundial de primeira circunavegação feminina em dupla da Irlanda foi realizado em três dias, 20 horas e 29 minutos. A rotina de comando consistia em uma rotação de duas horas de serviço entre as competidoras, salvo algumas manobras como mudança de vela, em que elas trabalharam em conjunto. O progresso pôde ser acompanhado na página do facebook do Projeto Magenta.
Por Naíza Ximenes, sob supervisão da jornalista Maristella Pereira
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