Estudo mergulha carcaça de vaca no mar para observar comportamento de animais

Imagens indicaram detalhes sobre tubarões-dorminhocos do Pacífico registrados a 1.629 metros de profundidade

Por: Nicole Leslie -
22/07/2025
Foto: ​​Ocean-Land-Atmosphere Research 2025 / Reprodução

Por mais inusitado que pareça, uma carcaça de vaca foi lançada no fundo do Mar do Sul da China para um experimento científico. O objetivo era observar como a fauna local reagiria ao material, e o resultado revelou um comportamento até então inédito de tubarões-dorminhocos-do-Pacífico (Somniosus pacificus).

A carcaça foi amarrada a 1.629 metros de profundidade e monitorada por uma câmera subaquática. Durante o experimento, os pesquisadores registraram oito tubarões-dorminhocos se alimentando do material, comportamento até então pouco documentado em regiões fora das águas frias e profundas do hemisfério norte.

 

As imagens mostraram os tubarões atacando a carcaça e se posicionando em fila durante a alimentação. Além disso, outro padrão curioso foi observado: os tubarões maiores investiam direto e agressivamente, enquanto os menores se aproximavam com cautela, em movimentos circulares antes de morderem o alimento.

Tubarão dorminhoco de porte pequeno perto da carcaça de vaca. Foto: ​​Ocean-Land-Atmosphere Research 2025 / Reprodução

Os vídeos revelaram que enquanto um tubarão se alimentava, outros aguardavam por perto, em uma espécie de revezamento. O comportamento foi comparado pelos cientistas ao que já foi observado em grandes carcaças de baleias flutuantes, onde também há uma aparente hierarquia de alimentação entre os tubarões.

 

Essa dinâmica pode indicar que a prioridade alimentar entre os tubarões segue uma lógica de intensidade competitiva. Mesmo nas profundezas, a ordem e o comportamento “educado” durante a alimentação podem refletir estratégias adaptativas ligadas à sobrevivência desses predadores.

Tubarão dorminhodo de grande porte se alimentando da carcaça de vaca. Foto: ​​Ocean-Land-Atmosphere Research 2025 / Reprodução

Durante a análise, também foram observados pequenos parasitas brancos aderidos ao dorso dos tubarões. No entanto, os cientistas não conseguiram identificar as espécies com precisão por falta de imagens comparativas, e levantaram hipóteses sobre sua origem — que podem ser da superfície ou nativos de águas profundas.

 

Além dos tubarões e parasitas, as imagens revelaram outros habitantes das profundezas, como um peixe-caracol (família Liparidae), isópodes gigantes do gênero Bathynomus e anfípodes coloridos pertencentes à família Hirondelleidae.


O estudo ressalta que os tubarões-dorminhocos-do-Pacífico eram, até então, documentados principalmente no Pacífico Norte. A aparição nas Ilhas Salomão e Palau já era considerada um avanço, mas o registro no Mar da China Meridional é o mais ao sul já feito.

 

Essa nova localização indica uma possível expansão para o sudoeste no alcance da espécie. A descoberta amplia a compreensão sobre a distribuição geográfica desse animal e levanta novas questões sobre os fatores ambientais e ecológicos que motivam esse deslocamento.

 

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