Marca de roupa transforma garrafas plásticas em roupas de banho

Por: Redação -
15/10/2020

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A marca de roupas Mazu Resortwear, fundada por Adam Raby em Hong Kong, usa garrafas plásticas como matéria prima para fabricar roupas de banho. A última coleção de shorts lançada pela marca é feita de PET, uma forma de poliéster que pode ser extraída de 90% de plástico reciclado. Cada short feito de PET usa o equivalente a 12 garrafas de plástico — resíduos que poderiam facilmente ter parado no oceano. A Mazu Resortwear foi fundada em 2014, e levou em torno de cinco anos para desenvolver a técnica de produção sustentável do material.

Adam Raby, fundador e CEO da marca, explicou à Asia-Pacific Boating que sua missão de ajudar os oceanos é tão pessoal quanto profissional, e conta que “sustentabilidade e o oceano são coisas pelas quais sempre me apaixonei. É tão difícil hoje em dia, especialmente em Hong Kong, não ter plástico. Todos nós passamos por muito plástico, é vergonhoso”.

O proprietário conta, ainda, que seu amor pelo oceano está ligado ao passado náutico. Seu avô era da Marinha e seu pai é membro de longa data do Royal Hong Kong Yacht Club. “Meu pai tinha um pequeno barco de corrida Sonata e, quando se aposentou, comprou um J/Boat de 40 pés”, explica Raby. “Recentemente, comecei a pesquisar alguns barcos híbridos. Um dia eu adoraria pegar um pequeno barco ecológico — algo que você pode levar para Tai Long Wan em Sai Kung por um dia, ou mesmo durante a noite”.

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Ao fundar a Mazu Resortwear, o CEO pensou não só na proposta, mas até na referência que seu nome poderia atribuir. Mazu é o nome da deusa chinesa do mar, e faz alusão tanto à rica história marítima de Hong Kong quanto à ancestralidade chinesa da família Raby, da mesma forma que as estampas distintas e lúdicas celebram a herança marinha local. A vontade de reaproveitar o plástico em seus projetos também não é recente, mas ele confessa que teve dificuldade para encontrar um material reciclado que atendesse a todas as suas necessidades. “

Roupas de banho recicladas não eram muito importantes quando comecei”, diz ele. “Eu estava caçando tecidos, pegando amostras e aprendendo sobre eles. Cada tecido é feito de diferentes porcentagens de coisas; poderia ser algodão, uma mistura de algodão e seda – cada tecido tem um conjunto diferente de qualidades. Alguns são mais macios, mas retêm mais água, então demora mais para secar”. Com os avanços tecnológicos na reciclagem, essa problemática foi facilmente resolvida e, com a crescente viabilidade econômica, as aplicação da nova tecnologia pôde ser utilizada a ponto de ser facilmente comercializada.

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O tecido ideal, para Raby, precisava atender algumas especificações. Além de ser macio, durável, leve e confortável, também precisaria suportar o calor excessivo e a umidade, que fazem parte do clima padrão de Hong Kong. E é por isso que, de acordo com a Mazu, a coleção precisou de um tempo tão extenso de produção. O PET é produzido a partir de garrafas plásticas, atualmente processadas em uma fábrica de reciclagem em Guangzhou, China. Na fábrica, as garrafas são limpas, os rótulos removidos e o plástico é colocado em uma máquina que pica o material em pequenos flocos, que são comprimidos em pellets. Essas pelotas de plástico são transformadas em um fio, que tecem o material utilizado no shorts.

Um estudo realizado pelo Fórum Econômico Mundial descobriu que 32% das 78 milhões de toneladas de embalagens plásticas produzidas anualmente em todo o mundo acabam indo para os oceanos. Isso é o equivalente a um caminhão de lixo cheio de plástico sendo despejado no mar a cada minuto. Se nada mudar, o número aumentará para quatro caminhões por minuto até 2050. Apenas 14% das embalagens plásticas globais são coletadas para reciclagem.

Com a pandemia de Covid-19, Raby diz que a dificuldade de divulgação da mensagem de sustentabilidade da marca se intensificou, mas não foi o suficiente para eliminar os bons presságios. Ele conta que “o aniversário de Mazu, a deusa, é sempre no 23º dia do terceiro mês lunar, no qual a empresa realiza uma venda relâmpago anual”. No ano de 2021, surpreendentemente, o aniversário de Mazu e de Adam Raby caem no mesmo dia — ocasião suficiente para manter os trabalhos de retirada de plástico dos oceanos de vento em popa.

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Por Naíza Ximenes, sob supervisão da jornalista Maristella Pereira

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