Schaefer 400 Fly: casco navegador, bons equipamentos de série e preço justo
Não é exagero afirmar que o estaleiro catarinense Schaefer Yachts, do empresário e projetista Márcio Schaefer, é um dos responsáveis pela revolução de qualidade que a indústria náutica nacional vem passando. De suas três unidades de fabricação, projetos e montagem no entorno de Florianópolis saem barcos de bom padrão de acabamento, laminação de ponta (com larga escala do processo de infusão nos modelos acima de 40 pés) e linhas harmônicas.
A Schaefer 400 Fly veio para preencher uma lacuna aberta na linha de lanchas do estaleiro com a descontinuidade de produção da Phantom 385. Em relação à sua antecessora, a nova e elegante 40 pés com flybridge ganhou motorização de centro-rabeta (a Phantom 385 usava motores de centro com linha de eixo) e muitas melhorias no acabamento e no padrão de construção. Porém, continuou com a mesma configuração interna de sua antecessora, com apenas um banheiro para servir os dois camarotes, que acomodam quatro pessoas, sendo um casal na proa e dois solteiros (ou mais um casal, já que as camas individuais podem ser convertidas em uma king-size) no outro camarote.
Em relação às acomodações, o grande destaque desta lancha é a cozinha que ocupa todo o lado de bombordo do salão, completa e com bons equipamentos. Trata-se de uma lancha nacional com padrão de acabamento comparável a algumas importadas e preço na casa dos R$ 2,2 milhões, já pronta para navegar. Nesse segmento, ela não tem concorrentes diretos no mercado.
COMO ELA É
Como toda lancha com duplo comando na faixa dos 40 pés, a Schaefer 400 Fly tem superestrutura e flybridge compactos, compatíveis com o porte do casco. Na parte mais alta da lancha, além do banco individual para o piloto, há um sofá para três ou quatro pessoas a boreste e um solário individual na parte de ré do convés superior. Já o posto de comando superior tem pouco espaço tanto para a instrumentação dos motores quanto para os equipamentos eletrônicos de navegação. Falta também um suporte apropriado para os pés do piloto, essencial nos cruzeiros mais longos.
As mesmas deficiências praticamente se repetem no posto de comando inferior: falta apoio para os pés do piloto e espaço para a instrumentação dos motores. Além disso, a visibilidade não agrada. Em compensação, a área para os eletrônicos é boa, já que o painel comporta dois monitores de até 9 polegadas cada. Além disso, a altura no comando interno tem 1,93 m e até uma luminária vermelha fixada no teto, bem acima do piloto, item que facilita a navegação noturna sem ofuscar a visão — embora o melhor lugar para timonear à noite seja mesmo o flybridge.
Entre os pontos altos, destaca-se a invejável iluminação natural no salão, graças às grandes janelas laterais de vidro. A cozinha também merece destaque, com uma grande bancada a bombordo, fogão elétrico de duas bocas, micro-ondas, geladeira, lixeira, gaveteiro para talheres e louças e espaço para algumas panelas e mantimentos.
Na entrada do salão, ao lado da cozinha, a bombordo, fica o quadro de disjuntores, o controle do sistema de som e uma pequena cristaleira. A boreste, um sofá para quatro adultos com folga e uma mesa de centro completam as acomodações. Na praça de popa, há três sofás para até nove pessoas e uma mesa de centro. Já na popa, além da plataforma submersível de bom tamanho, há o clássico móvel gourmet no centro, com passagem pelos dois bordos.
Entre os destaques, a cozinha integrada com a sala e os muitos sofás na praça de popa
Em relação às acomodações, a Schaefer 400 Fly tem o camarote principal na proa, com 1,92 m de altura e cama de casal com 1,90 m x 1,40 m, servido por armários e vigias nos dois bordos, além de uma gaiuta. O gerador e ar-condicionado são itens de série. O outro camarote, com 1,89 de altura, tem duas camas de solteiro, respectivamente com 1,78 m x 0,64 m e 0,77 x 0,76 m, que podem ser convertidas em uma de casal.
O banheiro, bem iluminado, é compatível com o porte da lancha e vem com box fechado para banho. Para completar o quadro de elogios, o compartimento dos motores tem bom acesso pela praça de popa, com espaço de sobra para manutenção tanto dos propulsores como do gerador, dos equipamentos elétricos e hidráulicos, uma solução muito bem bolada.
COMO NAVEGA
Como olhar não mata vontade, pusemos a Schaefer 400 Fly para navegar. Dada a partida, vem a certeza: passar algum tempo no comando é pura diversão. O barco é ágil e seguro. Uma das suas boas características é a capacidade do casco de cortar ondas de maneira macia, mesmo na pior situação, que é quando encaramos as vagas de proa.
Comprovamos isso navegando fora da barra da Baía da Guanabara, dois dias depois de uma ressaca ter agitado um pouco as águas de um dos lugares mais movimentados da costa brasileira. Com dois motores de centro-rabeta a diesel Volvo D4 de 300 hp cada, passamos suavemente pelas ondas de 80 centímetros de altura mantendo a rotação em 2 600 giros, a quase 18 nós. Na situação inversa, a favor do sentido de propagação das ondas, passamos pelas vagas a 22 nós com a mesma tranquilidade.
O desempenho é bom, mesmo com motores compactos, que ainda ocupam pouco espaço
Muitas lanchas com cascos maiores não têm esta capacidade, desejável em todo barco construído para navegar em mar aberto. Por outro lado, não gostamos tanto das manobras nas velocidades de cruzeiro entre 18 e 27 nós. Em curvas mais fechadas, não radicais, a lancha aderna de maneira desconfortável, principalmente para quem estiver no flybridge.
Este comportamento merece um reestudo por parte da equipe de projetistas do estaleiro, no sentido de abaixar o máximo possível o centro de gravidade do barco, aliviando o peso da superestrutura e concentrando mais peso nas partes baixas do casco — ou mesmo anexando estabilizadores laterais. Não passamos por nenhuma situação perigosa nas várias fases do nosso teste, quando a lancha foi colocada em situações mais severas que as de costume. Porém, a condução ficaria mais agradável se o barco não tivesse inclinado tanto nas curvas, lembrando que uma manobra mais brusca pode ser necessária em nossas águas, tão carregadas de entulhos.
Em relação aos motores, gostamos do desempenho dos dois compactos Volvos a diesel, de quatro cilindros e 3,7 litros, acoplados a rabetas com hélices contrarrotantes. Esse conjunto apresentou agilidade nas manobras, economia no consumo e boa aceleração, com a marca de 10,4 segundos no teste de velocidade até os 20 nós.
Características técnicas
Comprimento máximo: 12,15 m
•Comprimento do casco: 10,80 m
•Boca: 3,80 m
•Calado com propulsão: 1,05 m
•Borda-livre na proa: 1,44 m
•Borda-livre na popa: 1,27 m
•Ângulo do v na popa: 18 graus
•Altura da cabine na entrada: 1,96 m
•Altura mínima do banheiro: 1,93 m
•Combustível: 700 litros
•Água: 300 litros
•Peso com motor: 10 000 kg
•Capacidade (diurno/noturno): 13/4 pessoas
•Motorização: Centro-rabeta
•Potência: 2 x 300 a diesel
Quanto custa
A partir de R$ 2,2 milhões, com dois motores a diesel Volvo D4 de 300 hp cada, mais gerador, ar-condicionado, plataforma de popa submersível, guincho elétrico para âncora e pronta para navegar.
Quem faz
Schaefer Yachts, de Santa Catarina, é um dos maiores estaleiros brasileiros, com o início das atividades em 1992. Em 26 anos, passou a marca de 3 500 lanchas laminadas, com 10 modelos na atual linha de produção, de 30 a 83 pés. Para saber mais, ligue para tel. 48/2106-7451 ou acesse www.schaeferyachts.com.br.
Este teste foi publicado pela Revista Náutica na edição 358, em junho 2018.
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