Teste Kalmar Cat 33: um barco à prova de ondas

Estabilidade, cascos cortadores de ondas, ótimo espaço no cockpit e versatilidade são os pontos fortes do catamarã; conheça

Por: Redação -
17/09/2024
Foto: Victor Santos / Revista Náutica

Pense em um barco curinga. Se você quiser pescar, ele pesca. Se cismar de mergulhar, ele te leva para os melhores points. Se quiser sair sozinho, tudo bem. E se preferir levar toda família e alguns amigos para um passeio diurno, sem problema: ele leva a mulher, as crianças, a sogra e os pets.

Estamos falando do Cat 33, primeiro catamarã de fibra de vidro do estaleiro catarinense Kalmar — reconhecido no Brasil inteiro pelo seu trabalho artesanal na fabricação de embarcações de madeira —, que reúne muitos predicados, a começar pela versatilidade.

 

 

Para isso, oferece muito espaço externo, como convém a um barco voltado prioritariamente aos passeios diurnos. Tem também uma cabine para pernoites curtos ou descansos durante os cruzeiros. Além disso, vem equipado com vários agulheiros (ou porta-caniços) para as varas de pescar e dois bancos rebatíveis à ré da praça de popa, para auxiliar na briga com os peixes.

Foto: Victor Santos / Revista Náutica

Junto com o apelo multiuso, a navegabilidade. Equipado com dois motores de popa de 300 hp cada a gasolina, esse multicasco navega rápido, caturra muito pouco, não espirra água para dentro e passa a sensação de segurança e poder, mesmo em mar com maiores vagas.

 

Mas, antes de revelar o desempenho no mar, é necessário descrever como o barco é por dentro. Gosta de espaço ao ar livre ao navegar? Então você irá gostar deste catamarã.

Como é o Cat 33

O convés de proa do Cat 33 é um verdadeiro latifúndio, com acomodações para nove pessoas sentadas, sem apertos, em um sofá em “U” cujos bordos podem ser usados como chaises, com encostos de cabeça. O lugar é tão protegido, com amuradas e pega-mãos bem altos, que dá até para navegar sem tirar as pessoas de lá.

Foto: Victor Santos / Revista Náutica

No centro, há um agulheiro para a montagem de uma mesa para as refeições. Já a área operacional, mais à frente, apesar do guincho de âncora e da corrente, pode ser usada como plataforma de mergulho ou mesmo como solário.

Foto: Victor Santos / Revista Náutica

A parte de baixo dos sofás abriga ótimos paióis. A novidade é que, sob os assentos de tecido náutico, o projetista incluiu uma tampa sobressalente de fibra de vidro, que aumenta a resistência do conjunto.

Foto: Victor Santos / Revista Náutica
Foto: Victor Santos / Revista Náutica

A passagem da meia-nau para a proa é livre e desimpedida, pelo centro do cockpit. Para isso, o barco tem dois para-brisas de vidro plano, cada um em um bordo, em vez de uma grande peça com abertura central. O vidro do lado do posto de comando conta com limpador e esguicho, essencial quando ocorrem respingos de água salgada. A estrutura de lateral, de inox, suporta a capota rígida.

Foto: Victor Santos / Revista Náutica

Apesar de ser um catamarã de proa aberta, o Kalmar Cat 33 conta com uma pequena cabine a bombordo, conforto que faz muita diferença quando se tem muitas pessoas a bordo ou para um pernoite; e com um banheiro completinho sob o posto de comando a boreste, com vaso, pia, espelho e ducha de mão; sobre o vaso sanitário, foi colocada uma tábua/assento dobrável de madeira, uma mão na roda na hora de tomar banho.

Foto: Victor Santos / Revista Náutica
Foto: Victor Santos / Revista Náutica

Não é uma cabine com “C” maiúsculo, contudo, já permite que uma pessoa ou até um casal durma a bordo num beliche, embora, na prática, acabe sendo mais usada para cochilos durante os passeios diurnos e para guardar objetos de uso pessoal, já que conta com um bom armário.

 

A vigia tem abertura para ventilação, mas o ideal é que houvesse uma segunda “escotilha”, para facilitar a circulação do ar. O painel elétrico, com os disjuntores básicos e controle do inversor, ficam dentro dessa cabine. Para alimentar a partida dos motores, inversor e serviço, o banco de três baterias de 220Ah dá conta do recado.

Foto: Victor Santos / Revista Náutica

No posto de comando, os manetes de aceleração dos motores são do tipo DTS (Digital Throttle & Shift), que proporcionam uma resposta suave e instantânea. O volante, de inox com cinco raios, sem cobertura, é bem tradicional.

Foto: Victor Santos / Revista Náutica

O rádio VHS, bem posicionado, permite uma rápida leitura do display, o que é importante. No painel, há um monitor multifunção da Raymarine, com tela de 12 polegadas. O porta-copos conta com nada menos do que cinco suportes.

Foto: Victor Santos / Revista Náutica

O banco do piloto tem assento rebatível. A posição de pilotagem, com o comandante sentado, é confortável, com boa visibilidade para qualquer direção, mas falta um apoio para os pés. Já na posição em pé, a estrutura do para-brisa pode atrapalhar um pouco a visão do piloto, dependendo da sua estatura, obrigando-o a se agachar ou ficar na ponta dos pés, para ver por cima.

Foto: Victor Santos / Revista Náutica

As pessoas que fogem de ambientes apertados vão adorar esse catamarã, que tem 3,42 metros de boca. Espaçoso, o cockpit divide-se em dois ambientes. No primeiro, à meia-nau, há um sofá em “L”, a bombordo, servido por outro porta-copos com cinco encaixes.

Foto: Victor Santos / Revista Náutica

Atrás do banco do piloto foi instalada uma pia com água pressurizada, três armários (um deles pode dar lugar a uma pequena geladeira) e um nicho na lateral para a colocação de um cooktop ou de um fogão portátil. Ao lado, destaca-se um grande geleira.

Foto: Victor Santos / Revista Náutica

Na praça de popa, que tem nada menos que sete metros quadrados de área livre, há dois sofás (para até três pessoas cada) voltados para a popa e dois bancos individuais rebatíveis à ré, para auxiliar nas pescarias. Uma passagem na popa ajuda no embarque dos peixes — ou o acesso ao mar.

Foto: Victor Santos / Revista Náutica

Ainda dentro da proposta de ser um barco multiuso, o Cat 33 tem quatro porta-caniços e (sob o piso de EVA imitando teca) dois grandes paióis que podem ser usados para guardar as tralhas ou como caixas de peixes. Sob as amuradas laterais ficam as entradas de água. São dois tanques de 83 litros cada.

 

Por sua vez, o bocal de abastecimento de combustível fica numa posição bem esquisita: sob o piso, protegido por uma portinhola; o ideal é que estivesse no costado, evitando a entrada da mangueira do posto de combustível no barco, sob o risco de ocorrerem respingos de gasolina no convés.

Foto: Victor Santos / Revista Náutica
Foto: Victor Santos / Revista Náutica

São dois tanques de 340 litros cada, que garantem uma boa autonomia. Ainda na praça de popa, chama atenção a estrutura de inox que sustenta a capota rígida e que atua também como um pega-mão muito seguro.

 

Apesar da motorização de popa, o barco tem uma pequena plataforma, com uma escadinha de quatro degraus com trilhos de mãos parecidos com os de escadas de piscinas, com um bonito design.

Navegação do Cat 33

De acordo com o estaleiro, o casco do Cat 33 é construído de forma reforçada, para garantir conforto e segurança aos navegantes, sem deixar de ser rápido — mesmo em mares mais agitados. Seguramente, o casco é a parte mais importante de um barco, seja ele catamarã ou monocasco.

Foto: Victor Santos / Revista Náutica

De maneira geral, os multicascos cortam melhor as ondas, têm mais espaço e quase não balançam. No caso do Cat 33, testado por NÁUTICA em Paraty, os cascos duplos agradaram em cheio, por cortarem bem as ondas, manobrarem com certa facilidade (embora com um raio de giro e um arrasto em curva um pouco maiores que o de um monocasco) e apresentarem um balanço menor.

 

Para testar o Kalmar Cat 33, navegamos na Baía de Paraty, um dos lugares mais bonitos do litoral brasileiro, num dia de mar calmo, com ondas de menos de meio metro e ventos na casa dos 5 nós. Ao começar a acelerar, a gente sente uma tendência pequena de subida da proa, sem obrigar o piloto a ficar em pé no posto de comando.

Foto: Victor Santos / Revista Náutica

Nas manobras, fazendo curvas a 24 nós, o barco não aderna; aliás, até aderna um pouco, para o lado de fora da curva, no sentido oposto do que faz um monocasco. Como são dois cascos, ocorre um pouco de arrasto na curva, o que a gente compensa dando um pouquinho mais de motor.

Foto: Victor Santos / Revista Náutica

O seu raio de giro também é um pouco maior. Mas se por um lado ele perde em agilidade, por outro ganha em estabilidade. Os cascos duplos de um catamarã proporcionam uma estabilidade inicial excepcional. Também se comportaram de forma exemplar quando cruzamos, com curvas fechadas, as nossas próprias marolas e a esteira de embarcações maiores.

Foto: Victor Santos / Revista Náutica

Já nas medições de performance, com o barco sem as capotas laterais, com menos arrasto aerodinâmico, atingimos 38 nós de velocidade máxima, com o consumo de 180 litros/hora, uma ótima marca. Já com as capotas, a 5000 rpm, chegamos a 36,5 nós, com 24,5 nós a 3500 rpm na velocidade de cruzeiro. Na aceleração, foi da marcha lenta a 20 nós em 6,8 segundos.

 

Em resumo, para quem procura uma experiência de navegação suave, estável e com muita segurança, esse catamarã é uma óptima opção.

Saiba tudo sobre o Cat 33

Pontos altos

  • Navegação suave e segura;
  • Ótimo espaço no cockpit;
  • Estabilidade muito boa;
  • Possibilidade de pernoite;
  • Vocação para ser um barco multiuso.

Pontos baixos

  • Posição dos bocais dos tanques de combustível;
  • Ventilação da cabine e banheiro;
  • No posto de comando, falta apoio para os pés.

Características técnicas

  • Comprimento: 10 metros;
  • Boca: 3,42 metros;
  • Capacidade (dia): 10 pessoas;
  • Capacidade (noite): 2 pessoas;
  • Combustível: 680 litros (2 x 340 litros);
  • Água: 166 litros (2 x 83 litros);
  • Motorização: popa;
  • Potência: 2 x motores de popa de 300 hp cada.

 

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