Conheça o homem que há décadas resgata barcos naufragados em nossas águas

01/07/2019

Ele é um profissional a quem nenhum dono de barco espera um dia precisar recorrer. Pudera, sua missão (quase sempre complicada) é trazer à tona barcos acidentados ou naufragados em nossas águas. Sim, Raphael Emygdio Pereira Neto arrisca a vida mergulhando até encontrar, para depois resgatar, barcos que repousam nas mais diversas profundidades.

Já ouviu falar no nome dele? Provavelmente, não. Mas em suas proezas, certamente sim, embora quase sempre sem os devidos créditos. Por exemplo: há alguns anos, na Praia de Perequê, no Guarujá, foi Raphael quem retirou das pedras costeiras a lancha de 50 pés do piloto Felipe Massa. Embora não tenha afundado por completo, a lancha fazia água por causa de um rombo no casco. Por conta da fama do então piloto da Ferrari, a história ganhou as manchetes dos jornais e sites de notícias, mas ninguém descreveu a delicada logística montada no resgate da embarcação, chamada Fiorano.

Na tarefa, a equipe de Raphael — dono da companhia paulista de salvatagem Costa Norte Dive, Serviços Subaquáticos — teve de usar três embarcações e mais dois botes de apoio, até afastar a lancha das pedras e rebocá-la, sem novos danos. A manobra exigiu a ação de dois mergulhadores (e 24 cilindros de ar comprimido), quatro ajudantes de superfície e cinco funcionários na retaguarda. Sem contar o emprego de 53 lift bags — balões de elevação e flutuação, seus principais aliados nessas missões quase impossíveis.

60% dos acidentes registrados em nossas águas envolvem lanchas; 30%, barcos de pesca

Outras proezas de sua intrépida equipe e seus incríveis balões de elevação foram a salvatagem de uma lancha 60 pés em Florianópolis e o resgate de uma de 83 pés naufragada na embocadura do rio Caravelas, no sul da Bahia. “Neste caso, apenas o flybridge estava fora da água”, recorda. Depois da salvatagem, a 83 pés foi rebocada até Angra dos Reis — 650 milhas náuticas adiante —, em uma operação que consumiu cinco dias e cinco noites, fora os três dias para salvar a lancha. “Nesse trabalho, agradeço a ajuda local do senhor Tião da Balsa, personagem local de Caravelas”, acrescenta Raphael.

Sua empresa tem 250 lift bags, importados dos Estados Unidos. Com eles, retira da água barcos naufragados, em média, a mais de 10 metros. “Mas já fomos buscar uma lancha de pesca (arrastão de camarão) de 35 pés que repousava a cerca de 20 metros abaixo do nível do mar, ao sul da Ilha das Couves, em São Paulo”, conta Raphael, um paulistano radicado em Ubatuba, no litoral norte de São Paulo, desde meados dos anos 1970.

A equipe já resgatou uma lancha de pesca de 35 pés que repousava a cerca de 20 metros abaixo do nível do mar

O segredo do sucesso dessas operações é saber distribuir os lift bags, de capacidades diferentes, de maneira que o barco naufragado volte à tona bem equilibrado. Para facilitar as manobras subaquáticas, as máscaras de mergulho são do tipo full face, que permite a comunicação dos mergulhadores entre si e com a base. “É importante frisar que atuamos estritamente dentro das normas legais e mantém excelente relacionamento com todos os órgãos envolvidos nesse tipo de ocorrência”, ressalta Raphael.

Pelas estatísticas da Costa Norte Dive, 60% dos acidentes registrados em nossas águas envolvem lanchas; 30%, barcos de pesca; e o restante, embarcações diversas. A principal causa de sinistros no Brasil é a colisão com costeiras, parcéis e lajes. “Ocorre especialmente na região de Angra dos Reis, onde há mais lanchas e mais pedras”, diz Raphael.

O segundo motivo de acidentes é o incêndio. Acontece, em geral, com aqueles barcos mais antigos, que têm instalações elétricas precárias. “Com exceção dos piores casos de incêndio — quando ocorre perda total e o barco é içado apenas para a seguradora avaliar as razões do sinistro —, toda embarcação é recuperável”, garante Raphael. Palavra de quem já resgatou cerca de 300 embarcações do fundo do mar.

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