Pai e filho passam horas construindo barcos a controle remoto: “É a nossa paixão”
O inverno na Baviera, no sul da Alemanha, é rigoroso. A sensação térmica pode ser de até 25 graus negativos. Na rua, não há muito o que fazer, mas na casa da família Müller, o pai, Markus, de 52 anos, e o filho, Benjamin, 25, se divertem construindo maquetes de iates, guiadas à controle remoto, que beiram a perfeição.
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O amor por iates, e pela construção de suas miniaturas, surgiu a partir de viagens que a família fazia para o Mar Mediterrâneo, sobretudo para a Itália. “Essas viagens representam a única possibilidade de observar iates originais. É por isso que reconstruímos iates, para que também possamos observá-los sem precisar dirigir 450 quilômetros”, disse Benjamin à reportagem de NÁUTICA.
“Para nós, era interessante ver como o casco deslizava pela água. Pensamos na modelagem, no design e no que os designers estavam pensando quando criaram esses barcos”, afirma Benjamin sobre as idas à Veneza, especialmente.
Passadas essas viagens, quando retornavam para a Alemanha a construção desses modelos servia como uma terapia. “O processo de construção é feito, principalmente, durante o inverno, de noite, após o trabalho ou nos finais de semana, quando o tempo está ruim”, detalha.
Tais construções são todas feitas à mão. O primeiro passo é construir o casco. “Primeiro construímos um molde negativo em formato de um V, feito de madeira”, explica. Depois, o casco é laminado com esteiras de fibra de vidro e resina epóxi. Quando terminado, os sistemas de controle remoto são instalados. Logo após, a seção superior e o cockpit do iate são construídos.
Geralmente, alguns modelos maiores podem acarretar em 800 horas de trabalho divididas em seis longos meses. Na maioria das vezes, apenas o pai, Markus, é o artesão dos iates, mas, de vez em quando, também é ajudado pelo filho.
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Antes de ser devidamente pintado e iluminado, a carcaça do barco é lançada para um teste nos belos lagos da Alta Baviera. “Se o teste for positivo, mais detalhes serão construídos para dar “vida” ao modelo. Depois disso, tudo é lixado e preparado para a pintura”, conta Benjamin e ainda explica que a pintura é feita em uma oficina especializada.
Uma vez que o modelo é pintado, o resto da elétrica, como a iluminação exterior e interior, é instalada. Voilà: seis meses depois, o processo de construção está concluído.
O maior modelo é uma réplica de um Palmer Johnson 170 na escala 1:21. Normalmente, os modelos são construídos na escala 1:20. No entanto, esse modelo teria ficado grande demais para a oficina instalada no porão da casa da família Müller. Ao todo, essa miniatura tem um comprimento de 2,48 metros
Anteriormente, Markus e Benjamin se inspiravam em iates reais dos principais estaleiros espalhados pela Europa. Agora, essa inspiração vem de dentro.
“Os barcos dos estaleiros não se diferem mais e todos parecem iguais. Portanto, já começamos a projetar nossos próprios iates, o que também foi um grande desafio”, pontua Benjamin.
Nenhum dos mais de 30 modelos produzidos pela dupla de pai e filho foi, ou será, comercializado. “Tudo é um hobby, e não um negócio”, explicam. Além disso, eles enfatizam que as miniaturas seriam vendidas por um preço elevado e isso tiraria o encanto dessa produção.
Quando perguntados se gostariam de possuir um iate de verdade são assertivos: respondem que não. “Os iates reais são pouco utilizados. Têm tempos de inatividade e são muito caros. Não vale a pena”. Afinal, quem mais poderia dizer que possui 30 iates, assim como o pai e filho apaixonados por nautimodelismo da Alta Baviera.
Por Gustavo Baldassare sob supervisão da jornalista Maristella Pereira
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