Estudo aponta que espécie de baleia é capaz de imitar a voz humana
Noc, a beluga criada em cativeiro desde os 2 anos de idade, é o primeiro cetáceo que modificou a mecânica vocal para produzir sons semelhantes aos da fala humana.
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Tudo começou em um programa de treinamento nos Estados Unidos com mamíferos marinhos, nos anos 60, que tinha como objetivo ensinar os animais a recuperar torpedos e detectar minas marinhas em épocas de guerra. A Marinha dos Estados Unidos quis investir em animais com sonares embutidos, para realizar esse trabalho nas águas do Ártico — águas de baixa temperatura e visibilidade reduzida.
Durante os anos seguintes, seis baleias brancas (ou belugas) foram capturadas para este fim. Entre elas, estava Noc, com apenas 2 anos de idade. Essa baleia passou praticamente a vida toda em cativeiro, acompanhada de treinadores humanos no Navy’s Space and Naval Warfare Systems Center, na California. Além de toda a interação, o escritório de seu treinador ainda ficava próximo ao tanque, fazendo com que as baleias vivessem em contato constante com a voz humana.
O cientista Sam Ridgway comenta, inclusive, que ele e os colegas sempre ouviam sons similares aos de conversas humanas próximas ao local do tanque, apesar de incompreensíveis, mas nunca consideraram a possibilidade das belugas estarem emitindo-os. Ao longo das seções de treinamento, os mergulhadores sempre conversavam com os superiores através de um aparelho chamado “wet phone”. A percepção de Sam mudou quando dois deles emergiram subitamente, perguntando quem havia dado a ordem para que o trabalho parasse, sem que ninguém falasse nada.
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Ridgway desconfiou das baleias e passou a gravar as vocalizações, transformando Noc no primeiro animal do gênero a ter sua voz gravada na internet. Essa descoberta desencadeou um estudo, feito por um grupo de cientistas americanos na Fundação Nacional de Mamíferos Marítimos dos Estados Unidos, em San Diego, Califórnia, que confirmou a capacidade das belugas em imitar a voz humana.
O estudo foi publicado pela revista “Current Biology” há alguns anos, e, nele, os cientistas explicam que a baleia precisa modificar sua mecânica vocal para reproduzir sons parecidos com a fala. De acordo com a publicação, os esforços partem da necessidade do mamífero em estabelecer contato. Em outras palavras, Noc precisou modificar o ritmo de emissão sonora e reproduzir os sons em frequências mais baixas que as típicas das baleias. Esse fenômeno é duplamente surpreendente, porque, além de tudo, as baleias se comunicam com ruídos por meio de seu duto nasal, e não da laringe, como os seres humanos. Ou seja, além de tudo, ainda foi necessário variar a pressão no trato nasal e realizar ajustes musculares — o que não parece ser uma tarefa fácil.
Noc viveu na fundação durante 30 anos até falecer, mas sua voz ainda pode ser ouvida nas gravações feitas pelos pesquisadores. Confira algumas das gravações no vídeo abaixo.
Por Naíza Ximenes, sob supervisão da jornalista Maristella Pereira
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