Carga de navio naufragado há 2 mil anos é encontrada quase intacta na Itália
Descoberta pode ajudar a entender rota do Mediterrâneo e papel da ilha de Lipari no comércio daquela época
Arqueólogos descobriram a carga quase intacta de um navio que naufragou há cerca de 2 mil anos na Itália. O material, encontrado na província de Siracusa, na costa da Sicília, pode dar pistas sobre as rotas de comércio da época e ajudar a entender o papel da ilha de Lipari na distribuição de um composto para tingir tecidos.
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De acordo com a Superintendência do Mar da Itália, pesquisadores encontraram cerca de 40 ânforas — tipo de recipiente usado para transportar mercadorias — quase perfeitamente alinhadas no navio naufragado há 2 mil anos.
A área da descoberta está a cerca de 5 km da costa, a uma profundidade de 70 metros, no fundo do mar da província de Siracusa.
O local foi encontrado após o uso de técnicas de fotogrametria 3D — forma de escaneamento que permite criar modelos tridimensionais de objetos a partir de fotos. O material foi achado em bom estado de preservação.
A descoberta ainda sugere que o navio naufragado há 2 mil anos esteja enterrado no local com o restante da carga. Segundo os estudos, estima-se que a embarcação tenha submergido entre o final do século 1 a.C. e início da Era Augusta — que começou no ano 27 a.C, quando o imperador Augusto fundou o Império Romano.
As ânforas encontradas são do tipo Richborough 527, conhecidas por serem resistentes. Elas têm esse nome em homenagem ao sítio arqueológico Richborough, na Inglaterra — onde foram encontradas pela primeira vez.
O navio naufragado há 2 mil anos pôde ser agora localizado por conta de um avistamento feito por dois pescadores, em janeiro de 2022. À época, os homens da cidade de Avola constataram a presença de itens no fundo do mar, no Oasi Faunistica di Vendicari — uma reserva natural próxima das cidades de Noto e Pachino.
Qual a importância da descoberta?
A descoberta do naufrágio do navio de 2 mil anos pode revelar detalhes sobre a rota do Mediterrâneo, um dos mais importantes trajetos comerciais na época. Isso porque, em 1990, outras ânforas também foram achadas na praia italiana de Portinenti, na ilha de Lipari.
Estima-se as ânforas achadas em Lipari carregavam alúmen, um mineral extraído na ilha e que era usado em processos de tingimento de tecidos.
Quais são os próximos passos?
Agora, as pesquisas devem determinar se as ânforas encontradas em Siracusa são do mesmo tipo daquelas descobertas em Lipari.
Se essa correlação for confirmada, poderemos adquirir novas informações sobre as antigas rotas comerciais onde o alúmen extraído de Lipari era comercializado no Mediterrâneo antigo– diz a nota da Superintendência do Mar da Itália
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