Descoberta histórica: pesquisadores encontram navio de 1.400 anos antes de Cristo no Mar Mediterrâneo
Naufrágio foi encontrado em águas profundas com centenas de artefatos da Idade do Bronze, a cerca de 90 km da costa norte de Israel


Quanto da história cabe no fundo do mar? A cada novo resto de naufrágio encontrado, essa resposta fica ainda mais incerta — e o mais recente deles chega para firmar essa teoria. Isso porque trata-se de um navio mercante datado de 1.400 a.C, tido como o mais antigo já descoberto na história. Como se não bastasse, a embarcação foi encontrada com artefatos intactos da Idade do Bronze.
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A descoberta foi anunciada na última quinta-feira (20), pela Autoridade de Antiguidades de Israel. A instituição conseguiu dar a idade estimada do naufrágio a partir de uma análise preliminar de dois potes de barro encontrados na embarcação, conhecidos como ânforas cananéias.


O navio, com tamanho estimado entre 39 e 46 pés, foi encontrado no Mar Mediterrâneo, a cerca de 90 quilômetros da costa do norte de Israel e a uma profundidade aproximada de um quilômetro e meio. Ao que tudo indica, o barco afundou carregado com centenas de potes de armazenamento, que permaneceram praticamente intactos no porão.
“Seu corpo e conteúdo não foram modificados por mãos humanas, nem afetados por ondas e correntes que impactam naufrágios em águas mais rasas” afirmou Jacob Sharvit, diretor de arqueologia marítima da Autoridade de Antiguidades de Israel e líder da expedição de reconhecimento.


A descoberta do naufrágio do navio mercante traz elementos raros da Idade do Bronze, uma vez que, até então, somente dois outros foram descobertos no Mediterrâneo, ambos perto da costa turca — sendo o mais recente de 1982.
Como a embarcação foi encontrada
Apesar da descoberta ter sido anunciada apenas na última semana, o naufrágio do navio mercante já era conhecido desde 2023, resultado de uma pesquisa conduzida pela Energean, uma empresa sediada em Londres que procura desenvolver campos de gás natural.
A embarcação foi avistada graças ao trabalho de um veículo subaquático operado remotamente (ROV) que, amarrado a uma embarcação de superfície por um cabo de aço, conseguiu registrar o que parecia ser uma pilha de jarros no fundo do mar.


A Energean, então, encaminhou as imagens para a Autoridade de Antiguidades de Israel, que identificou os jarros como potes de armazenamento do final da Idade do Bronze. Naquela época, esses recipientes guardavam itens como mel, azeite e resina da árvore Pistacia atlantica — usada como conservante de vinho e, no Egito, como incenso e como verniz em equipamentos funerários da era do Novo Império.
Com o interesse da Autoridade pelo achado, a Energean construiu dois apêndices mecânicos para o ROV, capazes de extrair artefatos da pilha com risco mínimo de danos a todo o conjunto — e assim foi feito.
O navio está preservado a uma profundidade tão grande que o tempo congelou desde o momento do desastre– disse Jacob Sharvit
Revelações sobre a navegação antes de Cristo
O naufrágio do navio mercante e seus destroços sugerem que os comerciantes da Idade do Bronze viajavam para muito mais longe dos portos do que revelaram dois naufrágios escavados no sul da Turquia, encontrados em águas mais rasas.
“A descoberta deste barco muda agora toda a nossa compreensão das antigas habilidades de navegação dos marinheiros”, disse Sharvit.
É o primeiro a ser encontrado a uma distância tão grande, sem linha de visão para qualquer massa de terra. Deste ponto geográfico, apenas o horizonte é visível ao redor– destaca o diretor
Sharvit ainda sugere que, na falta de bússolas, astrolábios ou sextantes, os marinheiros do século 14 a.C. provavelmente dependiam da navegação celestial, observando ângulos do sol e posições das estrelas.
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